VITÓRIA DA DIREITA: UM BREXIT PARA MANTER A CITY LONDRINA
COMO CENTRO MUNDIAL DE LAVAGEM DE DINHEIRO
Com festas nas ruas a Grã-Bretanha deixou a União Europeia
ontem, em 31 janeiro, mas não há sinais
de que os bancos e rentistas internacionais deixem a City de Londres, uma das
principais “praças” de lavagem de dinheiro em todo o mundo. Após o referendo para
deliberar sobre a permanência na UE David Cameron renunciou e foi substituído
por outro neoliberal Theresa May, quando seus esforços para aprovar um acordo
no Brexit falharam, ela foi substituída por Boris Johnson, desde o início um
entusiástico defensor da saída de do Bloco Europeu. Em junho de 2019, durante a
campanha para a liderança do Partido Conservador, o neofascista Boris Johnson
gabou-se de quanto havia feito pela City de Londres, e que nada mudaria para os
rentistas com o Brexit. Johnson renegociou um novo acordo com a UE, mas o
futuro da City fará parte das negociações sobre comércio, a realizarem-se ainda
este ano. Os bancos poderão continuar a prestar serviços durante o período de
transição, a começar em 1 de fevereiro, mas devem perder os seus "direitos
de passaporte", que lhes permitiam oferecer serviços aos clientes nos 27
países da UE. Uma solução possível é que os bancos do Reino Unido precisem
criar uma subsidiária num estado membro da UE e então, nesse país, solicitar
uma "licença de passaporte". Há alguns anos atrás, em 2016, o
jornalista italiano Roberto Saviano, que passou a maior parte de sua carreira
investigando a máfia italiana, afirmou que a Grã-Bretanha era o país mais
corrupto do mundo, com todo cabedal de dados recolhidos por ele em sua
pesquisa. Em uma recente coletiva a mídia europeia Saviano declarou: "Se
eu perguntasse qual é o lugar mais corrupto do mundo, você poderia dizer-me que
é o Afeganistão, talvez a Grécia, a Nigéria, o sul da Itália e eu vou
dizer-lhe: é o Reino Unido. Não é a burocracia, não é a polícia, não é a
política, mas o que é corrupto é o capital financeiro: 90% dos proprietários de
capital em Londres têm sua sede no exterior". Existe uma estimativa que
cerca de 100 bilhões de libras de dinheiro “sujo” (oriundo do tráfico e desvio
de impostos) eram lavados no mercado imobiliário de Londres todos os anos. Um
dos principais operadores da lavagem financeira na Grã-Bretanha é o banco HSBC,
portando a pior reputação no mercado de capitais, a empresa estava envolvida em
18 dos 25 principais escândalos de corrupção listados pelo órgão de
fiscalização Transparency International no ano passado. No país imperialista
que ainda ostenta a “monarquia real”, as instituições políticas e financeiras
estão estreitamente entrelaçadas, existem vários exemplos de ex-parlamentares e
ministros que foram trabalhar para bancos e ex-banqueiros a entrarem na
política ou em cargos influentes. Não por coincidência o Reino Unido tentou
bloquear uma proposta da UE para apertar o controle à lavagem de dinheiro, ou
seja, a oligarquia financeira londrina e seus agentes políticos neofascistas
migraram para o Brexit no sentido de ganhar mais liberdade no trato de seus
bilionários negócios mafiosos...