segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

QUEIMA DO “ARQUIVO ADRIANO”: BOLSONARO FAZ COM RUI COSTA O QUE A BURGUESIA FEZ COM LULA, INGRATIDÃO PELOS FAVORES RECEBIDOS...


A execução sumária do miliciano carioca Adriano, morto a queima roupa por uma grande operação da Polícia Militar baiana, se confirma a cada fato novo revelado nos últimos dias. Nós do Blog da LBI fomos o primeiro veículo da imprensa a noticiar o assassinato do ex-capitão do BOPE pelas forças de segurança do governador petista Rui Costa, enquanto toda a mídia “progressista” ainda tentava “vender” a versão que Adriano teria sido morto pela polícia do Rio de Janeiro em uma clara manobra de “queima de arquivo”. Hoje os fatos demonstram cabalmente que a “queima do arquivo vivo” foi um ato planejado, deliberado e executado. A polêmica instalada reside sobre a responsabilidade da ação criminosa que calou definitivamente o miliciano, quem mandou matar Adriano? Se todos nós sabemos que foi a PM baiana quem acionou os gatilhos a menos de meio metro de distância, fica a pergunta a quem interessava a “queima do arquivo vivo”? E porque a PM comandada pelo PT operou este “serviço sujo”?

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No curso das investigações (oficiais e paralelas) foi comprovada que a morte de Adriano poderia ter sido evitada, o advogado do miliciano declarou a mídia que o cerco da PM com cerca de 70 homens não buscava a captura com vida, mas sim a obtenção de um cadáver, já que o ex-capitão estava pronto para se entregar. O corpo de Adriano foi necropsiado na Bahia e trasladado para o Rio, onde chegou na noite de 11 de fevereiro. A viúva do miliciano, Júlia Emília Mello, pediu a realização de uma perícia particular no corpo, mas a Justiça negou, por outro lado o governo da Bahia tem obstruído a imprensa de aferir as condições da casa no sítio rural onde Adriano foi executado, chegando até a ameaçar jornalistas.

Depois de quase uma semana de silêncio, o clã Bolsonaro resolveu falar sobre a morte do amigo e colaborador. O presidente neofascista tentou “botar no colo” do governador Rui Costa a responsabilidade sobre a “queima de arquivo”, qualificando o ex-capitão do Bope como um “herói”, condecorado por seu filho Flávio a seu pedido. Em resposta o governador petista defendeu a ação da PM baiana, afirmando que não protege “miliciano e bandido”. A troca de farpas entre Bolsonaro e Rui está claramente voltada a encobrir o “acordo” antes celebrado com absoluta discrição. Rui Costa é um neoliberal declarado nas fileiras da esquerda reformista, segue a linha de continuidade de um governo de colaboração de classes instalado em 2006, onde teve participação inicial como tecnocrata do “ajuste financeiro”. No momento Rui Costa em seu segundo mandato como governador tem estreitado relações políticas com o governo central, implementando na Bahia as (contra)reformas pautadas pelo rentista/ministro Guedes, além de “copiar” o modelo de repressão policial aos movimentos sociais. Tudo nos leva a crer que Rui atendeu a um pedido do establishment e “lavou as mãos” para que sua PM executasse Adriano, evitando criar turbulência para o regime golpista do Planalto. Essa é inclusive a estratégia política determinante do PT (incluindo o conjunto da Frente Popular), “desgastar” o governo Bolsonaro, porém evitando uma desestabilização maior do regime bonapartista. A conduta de Rui longe de ser um “ponto fora da curva”, representa a expressão da plataforma central do PT. O cadáver Adriano serve prioritariamente aos interesses do clã Bolsonaro, diretamente envolvido no assassinato de Marielle e Anderson, mas também pode ser útil aos planos eleitorais de Rui Costa, que busca sua indicação no PT para a disputa presidencial em 2022. A imagem de um “governador da esquerda responsável”, neoliberal convicto e parceiro da política de recrudescimento do regime, é tudo o que a burguesia almeja para o PT quando a Frente Popular retornar ao Palácio do Planalto.