MAIS TROTSKISMO E NENHUM REVISIONISMO NA ABORDAGEM SOBRE O
MOTIM POLICIAL NO CEARÁ: COMPARAR A PM COM O EXÉRCITO É O MESMO QUE AFIRMAR QUE NAZISMO E STALINISMO SÃO A MESMA COISA. PSTU UTILIZA “CONFUSÃO TEÓRICA” PARA
JUSTIFICAR CAPITULAÇÃO AO FASCISMO...
Uma importante polêmica cruza a esquerda brasileira em seu
conjunto e em particular as correntes que se reivindicam do legado programático
do Bolchevique Leon Trotsky, estamos falando é claro do motim policial militar (ou
uma legítima greve de funcionários públicos da área de segurança para alguns
setores da esquerda) que acontece no estado do Ceará. Sem mais delongas, o fato
do senador Cid Gomes ter tentado arremeter um trator contra um grupo de
policiais amotinados em um quartel na cidade de Sobral, ganhou repercussão em
todos os sentidos, nacional e regional, políticos e militares, polarizando o
debate do “Que Fazer?” no seio das organizações Trotskistas. Dando o ponta pé
inicial no campo dos policiais militares, o PSTU não vacilou ao reproduzir sua
tradicional posição de apoio incondicional às chamadas “greves policiais”,
neste caso concreto da PM cearense. Porém ao reafirmar uma posição histórica do
Morenismo, em considerar policiais como trabalhadores estatais do setor de
segurança pública, o PSTU não contava que a delicada conjuntura nacional fosse
gerar no ativismo uma reação extremamente contrária a sua apologia
“programática” da paralisação policial. Ao contrário das “greves” anteriores da
polícia militar que contavam com uma certa simpatia da vanguarda e que
começaram a ocorrer com mais força justamente no Ceará há cerca de 20 anos
atrás no governo Tasso&Gomes, o atual motim granjeou uma forte repulsa nas
bases militantes da esquerda. Não é para menos, o país atravessa uma duríssima
ofensiva neofascista, originando um golpe institucional contra o governo da
Frente Popular e posteriormente um golpe eleitoral que pariu este governo
Bolsonaro. Nesta etapa golpista ganharam destaque dois pilares fundamentais de
sustentação do atual regime de exceção: a toga e a farda. Neste sentido o
debate sobre caráter “sociológico” da PM, se são trabalhadores fardados ou não,
ganhou uma dimensão histórica concreta, mais ou menos quando foram equipadas no
período da Ditadura para serem à tropa de repressão contra a guerrilha urbana
subordinada aos oficiais militares e delegados do DOPS. Foi no ano de 1946 em
que a “instituição Polícia Militar” é padronizada na Constituição após a queda
do “Estado Novo”. O general Dutra então
presidente do Brasil, delibera que todas as unidades federativas passariam a
adotar o termo, exceto o Rio Grande do Sul que até hoje utiliza o nome Brigada
Militar. Durante Ditadura a PM foi reorganizada institucionalmente sofrendo
diversas mudanças, por isso muitos atribuem sua criação a essa época, o que de
certa forma é uma verdade, a PM passa a ser organizada por uma única hierarquia
e sob intervenção do comando militar das FFAA, quando passa a ser então
dirigida por oficiais do Exército e transformada em instrumento quase que
exclusivo de combate aos opositores de esquerda do regime militar nos estados e
municípios brasileiros.
Não é propriamente uma “novidade teórica” a tentativa do
Morenismo amalgamar caracterizações para tentar legitimar seu abandono do
genuíno Trotskismo. Quando da derrubada contrarrevolucionária da antiga URSS,
diziam que não defenderiam o Estado Operário burocratizado porque para eles
“stalinismo e fascismo teriam a mesma origem”. Nesta ótica da LIT/PSTU a
ofensiva reacionária do imperialismo para acabar com a URSS seria
“progressista”, esta mesma lógica revisionista vem sendo aplicada pelo
Morenismo em situações que tem alguma similaridade, como a defesa que fizeram
da OTAN para derrubar o “ditador Kadafi”, ou mais recentemente o suporte
político emprestado a Obama e "Bibi" Netanyahu para atacarem o
“totalitário Assad”. Também figuram nesta “lista honrosa” de traições aos
princípios do proletariado feita pela LIT/PSTU, a apologia da intervenção
”democrática” da OEA na Venezuela e o impeachment da presidenta Dilma no
Brasil. Mas realmente a degeneração ideológica do Morenismo avança a passos
largos no mesmo compasso da ofensiva neofascista contra as massas. Agora saíram
em defesa de motim policial assassino no Ceará, que vem deixando um rastro
sinistro de mortes no seio da juventude pobre e negra nas periferias das
cidades do Ceará. Tudo em nome de se “opor” ao governo neoliberal de Camilo
&Gomes, que conivente com a matança da juventude reivindicou ao presidente
fascista Bolsonaro uma intervenção militar no estado.
É óbvio que os Marxistas Leninistas não têm que se perfilar
em um dos campos da disputa “policial e eleitoral” entre a oligarquia Gomes e
Bolsonaro. O governador petista ao longo de mais de 5 anos de sua gestão vem
impulsionando uma intensa política de repressão policial contra os movimentos
sociais e a população pobre do estado, reproduzindo assim uma “filosofia de
trabalho” do seu “padrinho político” Ciro Gomes que controla a máquina pública
do Ceará há mais de trinta anos... Portanto o atual litígio entre os milicianos
encapuzados e os Gomes, que resultou inclusive nos tiros levados pelo senador
Cid, são pontuais e eleitoreiros, em torno da disputa das prefeituras de Fortaleza
e Sobral. Justificar o apoio às milícias incrustadas no interior da PM, que
exigem melhores salários e condições “excelentes de trabalho”, como uma
“política revolucionária” é um verdadeiro escárnio à teoria programática do
Trotskismo. Os Marxistas nunca apoiarão motins policiais para “equipar melhor”
o aparato de repressão do Estado Burguês (para quem não se lembra foi o próprio
Cid Gomes quando governador que comprou milhares de viaturas de luxo, Hilux,
para a PM e a polícia civil) e tampouco servirão de base eleitoral paras as
bravatas de uma oligarquia de direita como os Gomes. O trabalho Leninista de
conspiração e organização clandestina de células no interior das FFAA em favor
da revolução socialista, não tem semelhança alguma com a cretinice bastarda do
Morenismo em seguir uma “greve” policial para aumentar os soldos de uma tropa
racista de assassinos profissionais que se considera uma “elite bolsonarista”.