Após receber o "voto de confiança" da burguesia grega, Papandreu articula governo de coalizão com a direita. Estalinismo mostrou mais uma vez sua impotência revolucionária
Na noite desta sexta-feira, 4, o Primeiro-Ministro Yorgos Papandreu, obteve o “voto de confiança” do Parlamento grego, depois de recuar em sua proposta de referendo sobre a "ajuda" da União Européia. A votação foi extremamente apertada, 153 a 144 e a vitória do Pasok foi produto de um acordo entre a própria base governista e pequenos partidos de direta em troca da formação de um governo de coalizão, cujo objetivo é empurrar goela abaixo dos trabalhadores gregos o “plano de ajustes” imposto pelo imperialismo e os banqueiros. O “novo executivo” terá muito provavelmente, na perspectiva política do Pasok, Papandreu na cabeça, com um ministério ainda mais conservador, o que indica que o regime caminha a passos largos rumo à direitização.
Até agora, o contexto de crise profunda não fez com que o proletariado assumisse seu papel de protagonista na luta contra o regime burguês lacaio em função da ausência de uma direção revolucionária. Como afirmamos desde o início da crise grega, em oposição do que apreogoava o conjunto do revisionismo delirando que a revolução está "batento às portas" da Grécia, quem está “capitalizando” a debacle do Pasok é o partido da direita tradicional, a “Nova Democracia” que vem sistematicamente votando contra o governo “socialista” numa tentativa de se cacifar para as eleições legislativas próximas, adiadas mais uma vez com o "voto de confiança" em Papandreu. O Pasok deverá ser derrotado pela direita que implementará com ainda mais dureza novas medidas de salvação do capital às custas do sacrifício da classe operária como ocorreu em Portugal e irá se repetir na Espanha com a volta do PP ao governo.
O estalinista Partido Comunista grego, o KKE, longe de direcionar os inúmeros protestos de massas contra o regime burguês vigente e pela derrubada revolucionária do governo, orienta-os a pressionar o Parlamento controlado pelo... Pasok! Esta é uma política suicida que leva a ascensão da direita no circo eleitoral, uma vez que ambos, KKE e ND, querem eleições. O mote da intervenção dos “comunistas” é de completa integração ao regime político: “demissão do governo, eleições já!... Precisamos de eleições já... A classe operária e as camadas populares devem impô-las e acolhê-las por mobilizações de massa em todo o país” (Comunicado do KKE, 2/11). Em outras palavras, o lobby parlamentar é um caminho de derrotas e desmoralização da classe operária. Esta política limita-se a convocar pífias greves de 24 ou 48 horas, apesar da enorme disposição de luta dos trabalhadores, em nome da preservação do establishment.
Deste modo, fica abstraída a ácida lição para os genuínos trotskistas de que as várias mobilizações e greves gerais na Grécia foram derrotadas pela ausência de um norte estratégico revolucionário das direções do movimento de massas e, em particular o estalinismo, as quais têm como horizonte a limitada conquista de cadeiras no Parlamento burguês. Mais uma vez os “catastrofistas” morderam a língua ao afirmarem que basta uma crise econômica se aprofundar para o capitalismo vir abaixo. Na Grécia, ou em qualquer parte do mundo capitalista, se não houver uma vanguarda genuinamente comunista no comando das massas não haverá avanço rumo a uma saída proletária para a crise, ou seja, a revolução socialista.