Morte do cinegrafista da Band: Efeito “colateral” da espetacularização da guerra entre “mocinhos” e “bandidos” montada pela mídia “murdochiana” nas favelas cariocas
Em uma operação na qual a PM carioca invadiu a Favela Antares, zona oeste do Rio, o cinegrafista da Rede Bandeirantes, Gelson Domingos, foi morto com tiro de fuzil no último dia 6 enquanto fazia tomadas de imagens do confronto entre o BOPE e traficantes. Aqui, mais uma vez, a se destacar na mídia “murdochiana” é a “espetacularização” da sociedade como produto de uma relação de promiscuidade entre Estado burguês (polícia) e empresas privadas (redes de televisão). A primeira busca “publicidade” simpática a seus atos de violência contra a população pobre; a segunda o lucro fácil e “espetacular” na briga pela audiência valendo-se da belicosidade policial, justificando a mesma perante à opinião pública.
Sabe-se que a Globo, por exemplo, “compra” a exclusividade de suas reportagens no “Fantástico” acerca das investigações da Polícia Federal, através das quais os Marinhos divulgam depoimentos, documentos e afins supostamente sob segredo de justiça. Em troca, a Globo oferece reportagens simpáticas à atuação da polícia, “privilégio” que provoca uma corrida entre as demais emissoras pelo “furo de reportagem” em programas policiais “especializados” em sangue e morte que envolvem a população pobre.
No entanto, a relação entre mídia e polícia é bem mais abrangente do que se imagina, está acima das chamadas “chefias de redação”. Esconde por detrás toda uma operação midiática que hoje envolve todo o planeta: a ofensiva frontal do imperialismo sobres os povos e a sua justificação ideológica. Para ilustrar esta tendência, basta reportarmos a invasão do Complexo do Alemão no final do ano passado e a ulterior implantação das UPPs em que a cobertura das grandes redes televisivas do país cumpriram um claro objetivo tático militar, a de tornar uma ocupação militar algo necessária, eficiente e simpática à população.
Para o marxismo revolucionário, ao contrário do que é posto, a ocupação tem um preciso conteúdo de classe: serve para oprimir e aterrorizar a população local (policiais estupram, roubam, chantageiam moradores etc.). Assim age no âmbito internacional o imperialismo para acobertar sua política genocida sobre países invadidos como o Iraque, Afeganistão, Líbia, dando vazão para que ações deste tipo adquiram um conteúdo universal de belicosidade militar e ideológica, logo assimilados por governos de plantão como o de Dilma Rousseff e Cabral.
Assim, a morte do cinegrafista para a mídia “murdochiana” é apenas mais um “efeito colateral” e um elemento de “audiência” com a divulgação do vídeo em que o jornalista é atingido pelo projétil porque sequer tinha um colete a provas de balas adequado para tiros de fuzil, justamente a principal armas usada nestas ações. A Globo neste mesmo viés deu uma declaração que beira à estupidez, afirmando que trata-se de um “atentado à liberdade de imprensa”. O governo Sérgio Cabral, a PM, a Band, todos querem se eximir de culpa, mas está clara a promiscuidade política entre as redes de TV e o Estado burguês na promoção dos atos de “heroísmo” da polícia. Somente a classe operária e sua vanguarda, o partido revolucionário, podem destruir o braço armado da burguesia que é a polícia, as FFAA e o Estado burguês.