quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TPOR acorda tardiamente e agora diz defender militarmente o Irã contra o imperialismo

Em tom de surpresa, a TPOR alerta aos mais desavisados que “Agora, o imperialismo se volta contra o Irã” (Sítio TPOR, 13/11). Parece que os seguidores do falecido Guillermo Lora no Brasil descobriram somente “agora” que a intervenção militar da OTAN na Líbia era a antessala da agressão imperialista contra o Irã! Estão confusos e atordoados os poristas! Também pudera, apoiaram as mobilizações pró-imperialistas na Líbia vendendo-as como uma “revolução democrática” e depois tiveram que dar um giro de 180 graus, quando foram obrigados a reconhecer que os tais “revolucionários” não passavam de agentes da OTAN no combate por terra ao regime nacionalista de Kadaffi. Como seguiu a maior parte do tempo o farsante script do conjunto do revisionismo, apoiando a contrarrevolução em nome do combate à “ditadura sanguinária” na Líbia e foi desmoralizada em sua “frente única” com os mercenários a serviço da CIA, “agora” a TPOR parece ter acordado de seu transe delirante e sai tardiamente “em defesa do Irã contra as ameaças de guerra das potências e de Israel” (Idem).

Não é demais lembrar que pouco antes de começarem as “manifestações” reacionárias em Benghazi, na Líbia, patrocinadas por forças pró-imperialistas ligadas às transnacionais instaladas na cidade portuária e apoiadas pela TPOR que logo declarou “apoio à revolta popular. Pelo fim do regime reacionário! Abaixo a ditadura de Kadaffi!” (sítio TPOR, 23/02), houve pequenas marchas de protesto no Irã contra o regime dos aiatolás. Estas “manifestações” também foram apresentadas por todo arco revisionista, incluindo os poristas, como levantes populares que faziam parte da “revolução árabe” iniciada na Tunísia e no Egito. Imediatamente, estes pseudotrotskistas denunciaram o regime “ditatorial” comandado por Ahmadinejad pela suposta brutal repressão aos “protestos”, quando na verdade estas provocações não passavam de atos midiáticos promovidos pela oposição de direita pró-imperialista que não tinha a mínima base social. Logo se revelou que se tratava de mais uma orquestração do Pentágono com o apoio da mídia internacional para debilitar o regime nacionalista iraniano, no lastro da mal-chamada “rebelião verde” cinicamente apoiada por Obama e as potências europeias em nome da “democracia” após as eleições presidenciais vencidas por Ahmadinejad em 2009, que o acusaram de fraude na tentativa de criar um crise política de grave proporções!

Sem fazer qualquer autocrítica pública de sua postura vergonhosa na Líbia, “agora” a TPOR novamente muda de posição no Irã e nos diz que “Os trabalhadores e a juventude do mundo devem lutar ao lado do Irã com a bandeira da autodeterminação dos povos e contra qualquer tipo de intervenção imperialista. Não se trata de defender ou apoiar a política do governo burguês iraniano” (Sítio TPOR, 13/11). Recordemos que na Líbia a mesma TPOR dizia em seu manifesto do dia 1 de março que “A intervenção do imperialismo não põe em risco o regime de Kadafi, mas sim à revolução”. Por que seria diferente no Irã? Justamente porque o imperialismo não conseguiu solapar as bases do regime xiita patrocinando uma “revolução democrática” contra a “ditadura dos aiatolás” apoiada na oposição burguesa reformista pró-imperialista. Por esta razão, o Pentágono está preparando sem nenhum disfarce “humanitário” ou “democrático” um ataque militar ao país via enclave de Israel. Se a Casa Branca tivesse conseguido reproduzir no Irã as tais “manifestações populares” como as que orquestrou na Líbia, não temos dúvidas que a TPOR e todo arco revisionista estaria a saudar entusiasticamente a “revolução” no país.

O ziguezague da TPOR demonstra que esta corrente perdeu completamente o eixo programático de luta anti-imperialista e navega na direção para onde sopram os ventos da opinião pública burguesa, copiando acriticamente as posições farsescas e oportunistas do morenismo que tanto criticou no passado. Esperamos que a militância da TPOR tenha abstraído as lições da aberta traição de sua direção ao programa revolucionário na Líbia, que vão contra as posições históricas defendidas pelo próprio Guillermo Lora e que “agora” estabeleçam de fato no Irã uma “frente única” com a nação oprimida e não a escandalosa aliança com os agentes da contrarrevolução “democrática”, como a TPOR estabeleceu na Líbia!