segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Saem Papandreu e Berlusconi, entra o “deus mercado” agora na forma de tecnocratas de plantão para debelar a crise capitalista

Na última sexta-feira, dia 11, assumiu como Primeiro-Ministro da Grécia, o tecnocrata Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), uma credencial que por si só demonstra seu compromisso de aplicar a fundo o plano de ajuste exigido pelo imperialismo. Na Itália, no último domingo, o “deus mercado” também encontrou uma solução semelhante e se livrou do “bunga bunga” Berlusconi. O escolhido para substituir o decadente “Cavaliere” foi o tecnocrata Mario Monti, ex-membro da Comissão Europeia para Assuntos Financeiros. A oposição de “esquerda” permaneceu calada e desta forma reverencia o verdadeiro dono do circo democrático, os “barões de Wall Street”.

Papademos estará à cabeça de um governo de coalizão conformado entre o Pasok e o tradicional partido da direita grega, a “Nova Democracia”, até então fora do gabinete. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, deu o tom do acordo: “Celebro a nomeação do primeiro-ministro Lucas Papademos, que conheço bem e com quem poderemos retomar os trabalhos para analisar o pagamento da sexta parcela e prosseguir com as relações entre o Fundo e a Grécia”.

A saída de Papandreu se deu mesmo após este conquistar o “voto de confiança” no Parlamento. Ele renunciou porque a UE exigiu que a oposição conservadora integrasse o novo governo, já que as pesquisas de opinião indicavam que a “Nova Democracia” ganharia as eleições legislativas caso estas fossem convocadas. Desta forma, sem a necessidade de eleições, escolheu-se um homem de confiança das duas grandes potências imperialistas europeias, França e da Alemanha, para gerir seus negócios a frente do governo grego em uma coalizão onde o Pasok perde força e os partidos de direita têm maioria. 75% dos entrevistados apoiam o novo governo segundo as pesquisas, confirmando plenamente nossos prognósticos de que pela ausência de uma direção revolucionária e, particularmente diante da impotência política do KKE estalinista, a crise econômica grega abria caminho para o fortalecimento das tendências políticas e sociais mais reacionárias, fascistizantes e xenófobas no país!

A UE já declarou que a liberação do próximo lote de “ajuda” a Grécia só será feito quando forem tomadas decisões que comprovem a determinação do novo governo em impor novas derrotas aos trabalhadores. Longe de abrir caminho para o socialismo e a revolução, como apregoavam desde o stalinismo até o revisionismo do trotskismo, a dramática tragédia grega está assentando as bases para a barbárie social sob o tacão da direita tradicional, que vai assumindo as rédeas do governo até então nas mãos do Pasok.

A demagogia de Papandreu, que ventilou a possibilidade de convocar um referendo sobre as medidas de ajuste exigidas pela UE, custou-lhe a cabeça. Depois de perder apoio dentro do próprio Pasok, os capitalistas “elegeram” para seu lugar um economista envolvido diretamente com a adesão da Grécia à Zona do Euro em 2001, um ex-funcionário do FED norte-americano.