quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Iêmen: Outra “revolução” sob acordo da transição e benção da Casa Branca

Foi assinado nesta quarta (23) na Arábia Saudita o documento de acordo da “revolução”, leia-se transição, no Iêmen. Imaginar que uma “revolução” pode ser “assinada” entre governo e oposição, só mesmo na mente de idiotas ou charlatões do marxismo, como a esquerda revisionista do tipo PSTU, PCO, PTS etc... O fato é que o atual presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, no comando de um regime títere das potências imperialistas há 33 anos, acaba de assinar um acordo com os líderes da oposição “democrática” onde se compromete a deixar o poder e de “quebra” abandonar o país rumo aos EUA. Pelo acordo assinado nesta quarta-feira em Riad, o governo foi transferido ao seu vice, Abdrabuh Mansur Hadi, considerado um nome de consenso entre todas as facções políticas do país. Ele será o responsável de iniciar uma “transição democrática” sob a “supervisão” direta do governo Obama. Pelo acordo, Saleh e sua família também ganharam imunidade de 90 dias, na condição de permanecer como presidente “honorário” do país.

O Iêmen estava sacudido por um levante popular há cerca de dez meses. No curso da crise política do regime vigente, o presidente Saleh foi alvo de um ataque militar das forças de oposição, o que o  obrigou a se refugiar na vizinha Arábia Saudita. Mesmo isolado politicamente, Saleh retornou ao Iêmen, sob a proteção da temida guarda republicana, para coordenar o pacto de transição com os setores da oposição considerada “moderada”, o que exclui as forças da Al Qaeda, contrária ao acordo. Já os Estados Unidos comemoraram o acordo, afirmando que este é um “passo significativo”. “Os Estados Unidos aplaudem o governo iemenita e a oposição por chegar a um acordo para uma transição pacífica e organizada do poder”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. O acordo marca “um passo significativo para o povo iemenita”.

A essência política da chamada “Primavera Árabe” que varre vários países da região é exatamente a pressão popular contra os carcomidos governos autocráticos, dirigida para o estabelecimento de novos regimes democratizantes. No bojo deste processo de transição, que nada tem a ver com uma revolução proletária (armamento popular e construção de conselhos operários), o imperialismo ianque introduz seus interesses, intervindo em cada país com uma plataforma política diferenciada. Nos regimes servis em decomposição os EUA tratam de defender as bandeiras democráticas e a instauração de novas instituições republicanas (Egito, Tunísia, Iêmen), nos regimes adversários (Líbia, Síria) fomentou a insurreição armada e a pressão direta da OTAN. A classe operária deve manter-se totalmente independente das manobras políticas do imperialismo, levantando seu próprio programa histórico para disputar a direção das massas com todas as variantes burguesas. Para esta tarefa é indispensável a construção de um genuíno partido revolucionário leninista, sob as bases do Programa de Transição da IV Internacional.