segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


Diante da covardia de Ianukovitch, neofascistas tomam Kiev e ameaçam colocar o país em guerra civil. Revisionistas da LIT/ PSTU se
perfilam mais uma vez no campo
do nazi-imperialismo.

O presidente da Ucrânia, Viktor Ianukovitch, diante da pressão das turbas neofascistas que ocuparam a praça Maidan, abandonou covardemente a capital Kiev, deixando que os parlamentares do partido Pátria (ultranacionalista) empossassem um novo governo pela via de um golpe de estado. A Rada (parlamento) nomeou Oleksandr Turtchinov, um extremista de direita, como novo presidente interino do país, até a realização de eleições gerais no final de maio. A ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko, líder da oposição pró-imperialista, foi libertada da prisão pelo novo governo, onde cumpria pena por corrupção. Os EUA e a União Europeia já reconheceram de pronto a legitimidade do novo governo golpista e ameaçaram a Rússia a não intervir na situação ucraniana sob pena de retaliações econômicas e militares. Diante das concessões políticas cada vez mais vergonhosas de Ianukovitch em relação às demandas da oposição conservadora, os bandos neofascistas que infestam Kiev tomaram conta da situação, impondo a fuga do presidente. Um deputado do Partido das Regiões, de Yanukovitch, que afirmou a sua oposição ao novo governo da coligação direitista foi retirado da Rada e levado para a Praça algemado, com um cartaz onde se lia a palavra “Traidor!”. Monumentos em Kiev que prestavam homenagem aos heroicos combatentes que derrotaram as forças nazistas na Segunda Guerra Mundial foram todos destruídos, na mesma vaga reacionária que anteriormente já tinha atacado as estátuas dos lideres soviéticos. O dirigente de outro partido ultranacionalista pediu a expulsão dos “comunistas, dos judeus e da escumalha russa”. Por outro lado, regiões do país que sofrem forte influência histórica da Rússia, prometem reagir à ofensiva neofascista e já anunciaram que não reconhecem o novo governo golpista, que quer banir da Ucrânia o idioma russo e cortar as relações econômicas e militares com a antiga “pátria socialista”. Uma guerra civil está se delineando no conturbado cenário nacional ucraniano, onde ao mesmo tempo em que se organizam e se fortalecem os bandos nazistas, todos financiados pelos EUA, é patente a ausência de um partido revolucionário de massas que se coloque na vanguarda social do enfrentamento de classe com os ultranacionalistas “amantes de Washington”.

No teatro das operações geopolíticas da região, considerando que a Ucrânia joga um papel estratégico para toda a Europa, o país ainda é considerado o “celeiro” do velho continente, o governo russo se mostra cauteloso com a possibilidade de uma intervenção direta no conflito. O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, considerou que “a legitimidade de uma série de órgãos de poder na Ucrânia levanta sérias dúvidas”, segundo declarou a AFP: “Se considerar que as pessoas que passeiam em Kiev com máscaras negras e Kalashnikovs são o governo, então será difícil de trabalhar com um governo assim”. Foi a primeira resposta política muito tímida ao afastamento no sábado de Ianukovitch com quem o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou em dezembro um acordo de cooperação econômica que canalizaria para os cofres ucranianos 15 bilhões de Dólares e que está agora seriamente em dúvida (a ligação comercial da Ucrânia com a UE tanto defendida pelos nazifascistas poderá arrastar o país para uma bancarrota, similar a vivida hoje pela Grécia e Espanha). Acontece que tanto Putin como o ex-presidente ucraniano, que se revelou completamente incapaz de enfrentar a reação interna com medidas operárias e progressistas, são herdeiros diretos do processo restauracionista que liquidou os estados “socialistas” do Leste Europeu. Como Marxistas Revolucionários sabemos muito bem que a Rússia de hoje pouco tem a ver com o antigo Estado Operário Soviético, que apesar da burocratização Estalinista “carregava” imensas conquistas históricas para o proletariado. Porém, mesmo absolutamente conscientes da natureza de classe do governo Putin, ou do próprio partido das Regiões (o PR ainda conta com mais de um milhão de militantes) não nos omitiremos de convocar a classe operária ucraniana para conformar uma poderosa Frente Única Antifascista, baseada no método da ação direta para derrotar a reação interna e o imperialismo.

O Partido Comunista da Ucrânia, que observou muito passivamente o desenrolar dos acontecimentos que hoje ameaçam inclusive a integridade física de todos os seus militantes, diante da covarde fuga de Ianukovitch, emitiu ontem (23/02) o seguinte comunicado: “Caros camaradas comunistas! Dirijo-me a vós em um dos momentos mais dramáticos da história do nosso país. Durante os trágicos acontecimentos dos últimos três meses foi derramado sangue, morreram pessoas. Foi ameaçada a integridade territorial da Ucrânia e a sua própria existência como Estado unificado, independente, soberano... Nas circunstâncias que se criaram, a nossa tarefa mais importante é manter a estrutura e os quadros do partido, estar vigilantes, não sucumbir às provocações. É importante aproveitar todas as oportunidades para esclarecer os trabalhadores sobre a natureza do golpe ocorrido e o perigo das suas consequências para os cidadãos comuns — uma acentuada deterioração da economia, o aumento do desemprego e dos atrasos no pagamento dos salários e pensões, o aumento dos preços e tarifas, uma criminalidade desenfreada, um ainda maior empobrecimento do povo.A direção do Partido e o nosso grupo parlamentar na Rada Suprema da Ucrânia farão todo o possível nestas dificílimas condições para defender os interesses dos trabalhadores, salvaguardar o Partido, preservar a integridade da Ucrânia.” Como facilmente pode-se aferir na mensagem política do PCU não há nenhum chamado a uma ação enérgica do proletariado para aplastar o golpe neofascista, mais além das justas preocupações com a vida de seus militantes em uma etapa onde a ofensiva imperialista sobre o país só tem paralelo na história recente da Europa com a agressão militar da OTAN a Iugoslávia. O PCU padece do mesmo “vírus” dos partidos comunistas que sucumbiram completamente no pântano do reformismo burguês, por isso é impotente para levantar um programa revolucionário, e sequer faz menção à necessidade de se construir um novo poder no país, baseado na unidade socialista dos povos irmãos da Rússia e Ucrânia.

Como já tem sido uma “tradição” nefasta dos Morenistas nestas últimas décadas, a LIT/PSTU perfilou-se mais uma vez no campo do imperialismo e do fascismo na crise política e social que atravessa a Ucrânia. Mal se recomporam da apologia que fizeram da intervenção militar da OTAN que destruiu a Líbia, batizada por estes canalhas Morenistas como “revolução”, novamente consideram as forças abertamente reacionárias e pró-imperialistas na Ucrânia como um “levante popular” (SIC!). Vejamos o que afirma o PSTU em seu artigo mais recente sobre a questão: “Em primeiro lugar, é preciso desmistificar que o levante na Ucrânia se trata de um golpe da direita, tal como anunciado pelo governo Víctor Yanukovych, e como quer ‘acreditar’ a esquerda stalinista.” (Sítio eletrônico do PSTU, 24/02). Se para estes “ratos” da LIT o Partido Pátria (ultranacionalista) do novo presidente empossado pela Rada, Turchinov, e também da ex-primeira ministra fascista Yulia Tymoshenko não pode ser considerado de “direita”, então é melhor “diplomar” logo os governos Obama, Cameron e Merkel como autenticamente “populares”... Nós da LBI ao contrário destes pústulas que enlameiam o legado de Trotsky, afirmamos que o novo governo ucraniano é produto de um golpe de direita, de caráter abertamente fascista e que ameaça a classe operária, da mesma forma quando Hitler assumiu o poder na Alemanha pela mãos do Reichstag controlado pelos parlamentares nazistas. Se faz necessário a denúncia política destes impostores (pró-imperialistas) da LIT/PSTU como uma organização que não tem o menor “fio de ligação” com o programa histórico da IV Internacional e com o genuíno Trotsquismo. Com dirigentes bolcheviques do quilate de Lenin e do “velho” León, aprendemos desde muito cedo que o fascismo deve ser combatido pelo proletariado com o método da ação direta nas ruas, e é exatamente esta a tarefa política que hoje se coloca na Ucrânia.