Diante da covardia de
Ianukovitch, neofascistas tomam Kiev e ameaçam colocar o país em guerra civil.
Revisionistas da LIT/ PSTU se
perfilam mais uma vez no campo
do nazi-imperialismo.
perfilam mais uma vez no campo
do nazi-imperialismo.
O presidente da Ucrânia,
Viktor Ianukovitch, diante da pressão das turbas neofascistas que ocuparam a
praça Maidan, abandonou covardemente a capital Kiev, deixando que os
parlamentares do partido Pátria (ultranacionalista) empossassem um novo governo
pela via de um golpe de estado. A Rada (parlamento) nomeou Oleksandr
Turtchinov, um extremista de direita, como novo presidente interino do país,
até a realização de eleições gerais no final de maio. A ex-primeira ministra
Yulia Tymoshenko, líder da oposição pró-imperialista, foi libertada da prisão
pelo novo governo, onde cumpria pena por corrupção. Os EUA e a União Europeia
já reconheceram de pronto a legitimidade do novo governo golpista e ameaçaram a
Rússia a não intervir na situação ucraniana sob pena de retaliações econômicas
e militares. Diante das concessões políticas cada vez mais vergonhosas de
Ianukovitch em relação às demandas da oposição conservadora, os bandos
neofascistas que infestam Kiev tomaram conta da situação, impondo a fuga do
presidente. Um deputado do Partido das Regiões, de Yanukovitch, que afirmou a
sua oposição ao novo governo da coligação direitista foi retirado da Rada e
levado para a Praça algemado, com um cartaz onde se lia a palavra “Traidor!”.
Monumentos em Kiev que prestavam homenagem aos heroicos combatentes que
derrotaram as forças nazistas na Segunda Guerra Mundial foram todos destruídos,
na mesma vaga reacionária que anteriormente já tinha atacado as estátuas dos
lideres soviéticos. O dirigente de outro partido ultranacionalista pediu a
expulsão dos “comunistas, dos judeus e da escumalha russa”. Por outro lado,
regiões do país que sofrem forte influência histórica da Rússia, prometem
reagir à ofensiva neofascista e já anunciaram que não reconhecem o novo governo
golpista, que quer banir da Ucrânia o idioma russo e cortar as relações
econômicas e militares com a antiga “pátria socialista”. Uma guerra civil está
se delineando no conturbado cenário nacional ucraniano, onde ao mesmo tempo em
que se organizam e se fortalecem os bandos nazistas, todos financiados pelos
EUA, é patente a ausência de um partido revolucionário de massas que se coloque
na vanguarda social do enfrentamento de classe com os ultranacionalistas “amantes
de Washington”.
No teatro das operações
geopolíticas da região, considerando que a Ucrânia joga um papel estratégico
para toda a Europa, o país ainda é considerado o “celeiro” do velho continente,
o governo russo se mostra cauteloso com a possibilidade de uma intervenção
direta no conflito. O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, considerou que “a
legitimidade de uma série de órgãos de poder na Ucrânia levanta sérias dúvidas”,
segundo declarou a AFP: “Se considerar que as pessoas que passeiam em Kiev com
máscaras negras e Kalashnikovs são o governo, então será difícil de trabalhar
com um governo assim”. Foi a primeira resposta política muito tímida ao
afastamento no sábado de Ianukovitch com quem o Presidente russo, Vladimir
Putin, assinou em dezembro um acordo de cooperação econômica que canalizaria
para os cofres ucranianos 15 bilhões de Dólares e que está agora seriamente em
dúvida (a ligação comercial da Ucrânia com a UE tanto defendida pelos
nazifascistas poderá arrastar o país para uma bancarrota, similar a vivida hoje
pela Grécia e Espanha). Acontece que tanto Putin como o ex-presidente
ucraniano, que se revelou completamente incapaz de enfrentar a reação interna
com medidas operárias e progressistas, são herdeiros diretos do processo
restauracionista que liquidou os estados “socialistas” do Leste Europeu. Como
Marxistas Revolucionários sabemos muito bem que a Rússia de hoje pouco tem a
ver com o antigo Estado Operário Soviético, que apesar da burocratização
Estalinista “carregava” imensas conquistas históricas para o proletariado.
Porém, mesmo absolutamente conscientes da natureza de classe do governo Putin,
ou do próprio partido das Regiões (o PR ainda conta com mais de um milhão de
militantes) não nos omitiremos de convocar a classe operária ucraniana para
conformar uma poderosa Frente Única Antifascista, baseada no método da ação
direta para derrotar a reação interna e o imperialismo.
O Partido Comunista da
Ucrânia, que observou muito passivamente o desenrolar dos acontecimentos que
hoje ameaçam inclusive a integridade física de todos os seus militantes, diante
da covarde fuga de Ianukovitch, emitiu ontem (23/02) o seguinte comunicado: “Caros
camaradas comunistas! Dirijo-me a vós em um dos momentos mais dramáticos da
história do nosso país. Durante os trágicos acontecimentos dos últimos três
meses foi derramado sangue, morreram pessoas. Foi ameaçada a integridade
territorial da Ucrânia e a sua própria existência como Estado unificado,
independente, soberano... Nas circunstâncias que se criaram, a nossa tarefa
mais importante é manter a estrutura e os quadros do partido, estar vigilantes,
não sucumbir às provocações. É importante aproveitar todas as oportunidades
para esclarecer os trabalhadores sobre a natureza do golpe ocorrido e o perigo
das suas consequências para os cidadãos comuns — uma acentuada deterioração da
economia, o aumento do desemprego e dos atrasos no pagamento dos salários e
pensões, o aumento dos preços e tarifas, uma criminalidade desenfreada, um
ainda maior empobrecimento do povo.A direção do Partido e o nosso grupo
parlamentar na Rada Suprema da Ucrânia farão todo o possível nestas dificílimas
condições para defender os interesses dos trabalhadores, salvaguardar o
Partido, preservar a integridade da Ucrânia.” Como facilmente pode-se aferir na
mensagem política do PCU não há nenhum chamado a uma ação enérgica do
proletariado para aplastar o golpe neofascista, mais além das justas
preocupações com a vida de seus militantes em uma etapa onde a ofensiva
imperialista sobre o país só tem paralelo na história recente da Europa com a
agressão militar da OTAN a Iugoslávia. O PCU padece do mesmo “vírus” dos
partidos comunistas que sucumbiram completamente no pântano do reformismo
burguês, por isso é impotente para levantar um programa revolucionário, e
sequer faz menção à necessidade de se construir um novo poder no país, baseado
na unidade socialista dos povos irmãos da Rússia e Ucrânia.