terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


Regime militar Egito: Os ventos da “Primavera Árabe” sopram ainda mais reacionários com o “novo” gabinete de Ibrahim Mahlab

A cada dia a intricada conjuntura política no Egito vem dando um verdadeiro “tapa na cara” dos apologistas da chamada “Primavera Árabe”, principalmente naqueles no seio da esquerda revisionista do trotsquismo, hoje inteiramente atuando no campo do imperialismo (como fazem os morenistas da LIT/PSTU). Os ventos da primavera “sopram” precisamente no sentido contrário ao que nos querem fazer engolir a canalha revisionista. Nesta terça-feira, 25/02  Ibrahim Mahlab foi nomeado Primeiro Ministro do Egito com a renúncia do gabinete anterior de Hazem el-Beblawi, posto no cargo logo após o sangrento golpe militar que derrubou o " irmão" Mohamed Mursi em julho do ano passado. Porém, apesar da imensa crise por que passa o país, não se trata de um novo rumo tomado pelos golpistas, ao contrário, Mahlab foi um dos mais importantes colaboradores de do regime e do partido de Hosni Mubarak (foi senador pelo Partido Nacional Democrata) e um dos empresários mais ricos do Egito. Sua tarefa é levar adiante com mão de ferro o governo golpista até as fraudulentas eleições presidenciais que deverão ocorrer em abril deste ano, além é claro de dar sequência à política “antiterror” adotada pelos militares contra os partidários e seguidores de Mursi, aprimorando a repressão através de novos banhos de sangue sobre a população. O novo ministro afirmou em entrevista que “terei como prioridade a preparação do ambiente adequado para o cumprimento do roteiro proposto pelo exército após a destituição do presidente Mohamed Mursi em julho de 2013” (EFE, 25/2). Na realidade, a “renúncia” do gabinete encabeçado por Hazem segue um rígido calendário estabelecido pela alta cúpula reacionária do Exército desde a Casa Branca após o golpe de julho, com o objetivo de que seu futuro candidato, o marechal Abdel Fatah al-Sisi, seja eleito nas próximas eleições que ocorrerão em meio a profunda crise social e política do país.

A figura sinistra do Marechal Sisi corresponde a uma estratégia do imperialismo para controlar não só o antigo país dos faraós como também apertar o torniquete contra o povo palestino e sírio,  consequentemente em todo o Oriente Médio. O chefe máximo das FFAA foi o responsável por fechar a passagem entre o Egito e a cidade palestina de Rafah logo após o golpe – único ponto de contato dos palestinos de Gaza com o mundo – e mandou destruir vários túneis da rede subterrânea que liga seu país à faixa litorânea palestina. Esses túneis levam aos palestinos aquilo a que Israel não lhes permite, o acesso, como variedade de alimentos, eletrodomésticos, gás e combustível. O combustível é essencial não apenas para abastecer veículos, mas para gerar energia elétrica. Não só o controle férreo da infraestrutura do povo palestino está em jogo, mas também o ataque às bases do Hamas na Faixa de Gaza que dariam apoio à Irmandade Muçulmana, fortalecer os laços com o regime nazi-sionista de Israel aprofundar ainda com maior força o alinhamento político e militar do Egito contra a Síria e o Irã, já que colaboram diretamente com os planos da OTAN!

Ao contrário do que afirmam os revisionistas do trotsquismo (LIT/PSTU, LER, PO etc.), no quadro atual as massas egípcias estão numa situação bem pior do que estavam sob o regime da Irmandade Muçulmana, quando tinham a possibilidade de enfrentar um governo neoliberal frágil, agora estão totalmente reféns da alta cúpula militar tal como na era Mubarak. Por isso, os marxistas revolucionários não nos cansamos de afirmar que a estranha aliança entre militares e um setor das “massas” em apoio ao golpe militar é reflexo direto da etapa mundial de contrarrevolução. Em outras palavras, todo o processo em curso representa uma transição ordenada pelo imperialismo batizada pelo próprio Pentágono de “Primavera Árabe” que passou pela retirada de cena de seu senil e desgastado títere Mubarak colocando em seu lugar “alternativas” minimamente confiáveis a seus interesses através da manipulação do movimento de massas.

Mahlab já avisou a que veio e a que tarefa foi incumbido pela Casa Branca: “Vamos trabalhar juntos para restaurar a segurança no Egito e esmagar o terrorismo em todos os cantos do país” (Terra Notícias, 25/2), ou seja, a Irmandade Muçulmana, e reforçou a sua política repressiva afirmando que “seu governo vai trabalhar para estabelecer um ambiente seguro para a eleição presidencial, para a qual o franco favorito é o chefe do Exército, marechal Abdel Fattah al-Sisi” (R7 Notícias, 25/2). Enfim, todo o operativo de “transição” no Egito foi preparado para impor uma ditadura cívico-militar a fim de consolidar um governo integralmente alinhado e submisso às ordens da Casa Branca.

Em diversas partes do mundo o imperialismo ianque vem insuflando “opositores” a regimes que se tornam obstáculos a seus interesses, como o recente golpe fascista na Ucrânia, a ofensiva aberta contra o governo Maduro na Venezuela, ou Correa no Equador, as provocações contra a Coreia do Norte e o Estado operário cubano com a finalidade de desestabilizar e destruir regimes políticos estabelecidos, como o ocorrido na Líbia, Síria... No Egito os golpistas preparam uma saída ainda mais à direita para a crise do regime político parido da mal chamada “Primavera Árabe”. A ausência do partido Comunista Leninista e de um programa revolucionário lamentavelmente poderá fazer com que o suposto “movimento de massas” gire à direita, pois sem o protagonismo histórico do proletariado a conjuntura de crise capitalista pode facilmente convergir com os interesses reacionários das classes dominantes. A única forma de se avançar rumo à revolução é o proletariado impor suas demandas de classe mais sentidas. Para tanto, os genuínos trotsquistas, com completa independência política, estão nas trincheiras de luta dos irmãos que combatem os serviçais da Casa Branca chamando a derrubada do “novo governo” pela via da ação direta, convocando atos e manifestações em frente única democrática com a Irmandade Muçulmana, e os setores populares que se opõem ao regime imposto pelo golpe militar. Não há outra saída progressista que não seja a entrada em cena do proletariado egípcio!