Regime militar Egito: Os ventos da “Primavera Árabe” sopram ainda mais reacionários com o “novo” gabinete de Ibrahim Mahlab
A cada dia a intricada
conjuntura política no Egito vem dando um verdadeiro “tapa na cara” dos
apologistas da chamada “Primavera Árabe”, principalmente naqueles no seio da
esquerda revisionista do trotsquismo, hoje inteiramente atuando no campo do
imperialismo (como fazem os morenistas da LIT/PSTU). Os ventos da primavera
“sopram” precisamente no sentido contrário ao que nos querem fazer engolir a
canalha revisionista. Nesta terça-feira, 25/02
Ibrahim Mahlab foi nomeado Primeiro Ministro do Egito com a renúncia do
gabinete anterior de Hazem el-Beblawi, posto no cargo logo após o sangrento
golpe militar que derrubou o " irmão" Mohamed Mursi em julho do ano
passado. Porém, apesar da imensa crise por que passa o país, não se trata de um
novo rumo tomado pelos golpistas, ao contrário, Mahlab foi um dos mais
importantes colaboradores de do regime e do partido de Hosni Mubarak (foi
senador pelo Partido Nacional Democrata) e um dos empresários mais ricos do
Egito. Sua tarefa é levar adiante com mão de ferro o governo golpista até as
fraudulentas eleições presidenciais que deverão ocorrer em abril deste ano,
além é claro de dar sequência à política “antiterror” adotada pelos militares
contra os partidários e seguidores de Mursi, aprimorando a repressão através de
novos banhos de sangue sobre a população. O novo ministro afirmou em entrevista
que “terei como prioridade a preparação do ambiente adequado para o cumprimento
do roteiro proposto pelo exército após a destituição do presidente Mohamed
Mursi em julho de 2013” (EFE, 25/2). Na realidade, a “renúncia” do gabinete
encabeçado por Hazem segue um rígido calendário estabelecido pela alta cúpula
reacionária do Exército desde a Casa Branca após o golpe de julho, com o
objetivo de que seu futuro candidato, o marechal Abdel Fatah al-Sisi, seja
eleito nas próximas eleições que ocorrerão em meio a profunda crise social e
política do país.
A figura sinistra do
Marechal Sisi corresponde a uma estratégia do imperialismo para controlar não
só o antigo país dos faraós como também apertar o torniquete contra o povo
palestino e sírio, consequentemente em
todo o Oriente Médio. O chefe máximo das FFAA foi o responsável por fechar a
passagem entre o Egito e a cidade palestina de Rafah logo após o golpe – único
ponto de contato dos palestinos de Gaza com o mundo – e mandou destruir vários
túneis da rede subterrânea que liga seu país à faixa litorânea palestina. Esses
túneis levam aos palestinos aquilo a que Israel não lhes permite, o acesso,
como variedade de alimentos, eletrodomésticos, gás e combustível. O combustível
é essencial não apenas para abastecer veículos, mas para gerar energia
elétrica. Não só o controle férreo da infraestrutura do povo palestino está em
jogo, mas também o ataque às bases do Hamas na Faixa de Gaza que dariam apoio à
Irmandade Muçulmana, fortalecer os laços com o regime nazi-sionista de Israel
aprofundar ainda com maior força o alinhamento político e militar do Egito
contra a Síria e o Irã, já que colaboram diretamente com os planos da OTAN!
Ao contrário do que
afirmam os revisionistas do trotsquismo (LIT/PSTU, LER, PO etc.), no quadro
atual as massas egípcias estão numa situação bem pior do que estavam sob o
regime da Irmandade Muçulmana, quando tinham a possibilidade de enfrentar um
governo neoliberal frágil, agora estão totalmente reféns da alta cúpula militar
tal como na era Mubarak. Por isso, os marxistas revolucionários não nos
cansamos de afirmar que a estranha aliança entre militares e um setor das
“massas” em apoio ao golpe militar é reflexo direto da etapa mundial de
contrarrevolução. Em outras palavras, todo o processo em curso representa uma
transição ordenada pelo imperialismo batizada pelo próprio Pentágono de
“Primavera Árabe” que passou pela retirada de cena de seu senil e desgastado
títere Mubarak colocando em seu lugar “alternativas” minimamente confiáveis a
seus interesses através da manipulação do movimento de massas.
Mahlab já avisou a que
veio e a que tarefa foi incumbido pela Casa Branca: “Vamos trabalhar juntos
para restaurar a segurança no Egito e esmagar o terrorismo em todos os cantos
do país” (Terra Notícias, 25/2), ou seja, a Irmandade Muçulmana, e reforçou a
sua política repressiva afirmando que “seu governo vai trabalhar para
estabelecer um ambiente seguro para a eleição presidencial, para a qual o
franco favorito é o chefe do Exército, marechal Abdel Fattah al-Sisi” (R7
Notícias, 25/2). Enfim, todo o operativo de “transição” no Egito foi preparado
para impor uma ditadura cívico-militar a fim de consolidar um governo integralmente
alinhado e submisso às ordens da Casa Branca.
Em diversas partes do
mundo o imperialismo ianque vem insuflando “opositores” a regimes que se tornam
obstáculos a seus interesses, como o recente golpe fascista na Ucrânia, a
ofensiva aberta contra o governo Maduro na Venezuela, ou Correa no Equador, as
provocações contra a Coreia do Norte e o Estado operário cubano com a
finalidade de desestabilizar e destruir regimes políticos estabelecidos, como o
ocorrido na Líbia, Síria... No Egito os golpistas preparam uma saída ainda mais
à direita para a crise do regime político parido da mal chamada “Primavera
Árabe”. A ausência do partido Comunista Leninista e de um programa
revolucionário lamentavelmente poderá fazer com que o suposto “movimento de
massas” gire à direita, pois sem o protagonismo histórico do proletariado a conjuntura
de crise capitalista pode facilmente convergir com os interesses reacionários
das classes dominantes. A única forma de se avançar rumo à revolução é o
proletariado impor suas demandas de classe mais sentidas. Para tanto, os
genuínos trotsquistas, com completa independência política, estão nas
trincheiras de luta dos irmãos que combatem os serviçais da Casa Branca
chamando a derrubada do “novo governo” pela via da ação direta, convocando atos
e manifestações em frente única democrática com a Irmandade Muçulmana, e os
setores populares que se opõem ao regime imposto pelo golpe militar. Não há
outra saída progressista que não seja a entrada em cena do proletariado
egípcio!