Ucrânia e Venezuela: as
flagrantes “coincidências” na estratégia golpista do imperialismo e a
necessidade de uma resposta revolucionária do proletariado mundial
Obama acaba de condenar
a “violência” na Venezuela e Ucrânia, acusando os respectivos governos de
atacarem o que chamou de “manifestações legítimas”, apesar de estarem sendo
encabeçadas por grupos fascistas armados. As palavras foram pronunciadas neste
dia 19/02 em entrevista ao final de uma cúpula de líderes do Acordo de Livre
Comércio da América do Norte (Nafta) e expressam de maneira uniforme a posição
de ofensiva do imperialismo a governos não alinhados servilmente a Casa Branca.
Com relação ao governo Maduro, o falcão negro ianque “amante da democracia”
afirmou que os Estados Unidos “condenam energicamente a situação na Venezuela e
legítima as reivindicações dos manifestantes. Junto com a Organização dos
Estados Americanos (OEA), apelamos ao governo da Venezuela para que liberte os
manifestantes detidos e inicie um diálogo verdadeiro”. Na mesma cerimônia,
referindo-se a Ucrânia, o presidente ianque declarou: “Condeno nos termos mais
fortes a violência na Ucrânia. Esperamos que o governo ucraniano se contenha e
não use violência para lidar com os manifestantes”. O Departamento de Estado
norte-americano anunciou sanções diplomáticas contra membros do governo
ucraniano e ameaçou tomar outras medidas junto com a UE caso o governo da
Ucrânia “passe dos limites”. Esta conduta dos EUA fazem parte da estratégia
mundial de eliminar as forças políticas que são um obstáculo a seus planos de
dominação mundial, ainda que sejam gestões burguesas. Essa tendência se
reforçará ainda mais na nova gestão republicana que sucederá Obama e se apoia
na fascistização da situação mundial, onde os governos de centro-esquerda ou
nacionalistas burgueses tem sido incapazes, por seu caráter de classe, a se
opor à cruzada reacionária do Pentágono e da OTAN que vem se recrudescendo
desde a vitória da contrarrevolução na URSS!
Nesta quinta-feira,
20/02, o governo venezuelano repudiou categoricamente as declarações do
presidente dos Estados Unidos. No documento, o governo da Venezuela pede
explicações sobre o financiamento ianque na defesa aos opositores que “fomentam
a violência na nação sul-americana”. O texto reafirma a posição venezuelana de
evitar a desestabilização do país. Em entrevista à imprensa no final de uma
reunião do Nafta, Obama pediu que Maduro “atenda as reclamações do povo em vez
de desviar a atenção expulsando diplomatas norte-americanos”. Ele criticou a
expulsão dos americanos Breean Marie Mc Cusker, Jeffrey Gordon Elsen e
Kristopher Lee Clark, que foram declarados persona non grata na Venezuela. O
comunicado venezuelano reponde a provocação ianque dizendo: “A declaração que
esperam os governos independentes e povos do mundo é aquela em que o governo
dos Estados Unidos explica por que o financia, promove e defende os líderes da
oposição que promovem a violência em nossa pátria e que esclarece com que
direito o subsecretário adjunto Alex Lee entregou uma mensagem do seu governo,
por meio da qual tenta condicionar e ameaçar o Estado venezuelano, pela sua
decisão de fazer a ordem e a justiça valer aos responsáveis pela violência dos
últimos dias. Finalmente, o governo venezuelano reitera que continuará
monitorando e tomando medidas para impedir que agentes norte-americanos busquem
implementar a violência e desestabilização, e para informar o mundo sobre a
natureza da política intervencionista das ações da administração Obama em nosso
país.”
Na Ucrânia, a posição
dos EUA foi idêntica a adotada na Venezuela. A ameaça de sanções foi feita
desde o começo dos protestos contra o governo alinhado a Rússia. Um áudio vazou
há duas semanas mostrando uma conversa entre a subsecretária do Departamento de
Estado dos EUA, Victoria Nuland, e o embaixador americano na Ucrânia, Geoffrey
Pyatt. Na conversa, os dois discutem a composição que preferem para o próximo
governo, e Nuland se irrita por a UE não ter decidido apoiar sanções contra o
governo ucraniano em caso de repressão às manifestações. Os EUA financiam
diversas ONGs na Ucrânia para promover a oposição ao governo, financia a
oposição e a estimula (por exemplo, com as ameaças de sanções). Agora Obama
aparece condenando a violência e dizendo que punirá o governo da Ucrânia. Toda
essa manobra foi planejada do começo ao fim para colocar um governo fantoche do
imperialismo na Ucrânia, que entre na UE de modo que o País possa ser
devidamente saqueado.
Na verdade essa política
neocolonialista se fortaleceu bastante com a queda de Kadaffi na Líbia há três
anos, por meio da fantasiosa “Primavera Árabe” apoiada pelo imperialismo e a
esquerda revisionista (PSTU, CST, PCO, EM), orientação que também está sendo
aplicada na Síria. Vejamos novamente as “coincidências”. Bandeiras dos
“rebeldes” sírios foram içadas no sábado passado por fascistas ucranianos na
Praça da Independência, centro da rebelião antigovernamental em Kiev,
juntamente com a bandeira da Ucrânia. Os protestos contra o governo do país
agora são acompanhados por bandeiras de “cunho islâmico”, da Coalizão Nacional
da Síria, içadas na praça Maidan, que se converteu em reduto dos “rebeldes” que
supostamente lutam por fazer com que seu país tome parte da União Europeia. A
bandeira dos bandos armados sírios foi vista ao lado da bandeira azul clara e
amarela da Ucrânia, e também foi içada por sujeitos que estão acampados na
praça Maidan, segundo um vídeo divulgado pela emissora de televisão Ruptly TV.
É precisamente sob essa bandeira que os extremistas do autodenominado Exército
Livre da Síria (ELS) e vários outros grupos terroristas islâmicos têm
aterrorizado e massacrado – inclusive degolando – o povo da Síria nos últimos
três anos.
Como já denunciamos, a
direita golpista e fascista está ávida para desferir um golpe letal contra
esses governos. Esta manobra pode assumir a feição de uma falsa “mobilização
democrática” tramada com a ajuda da CIA enquanto grupos abertamente fascistas
atacam as forças populares, como vemos nos franco-atiradores venezuelanos e
ucranianos. O apoio do imperialismo aos “insurretos” monárquicos na Líbia
“vendidos” ao mundo como “amantes da democracia” foi o modus operandi que a
Casa Branca vem usando novamente na Venezuela, como em 2002 e agora na Ucrânia
para colocar em marcha a contrarrevolução. Apoiar os supostos “rebeldes” nestes
países como faz a esquerda revisionista é o mesmo que se somar às orquestrações
dos golpistas que também se dizem “inimigos da ditadura”, já que tanto em todos
esses países essas forças políticas e sociais representam a contrarrevolução,
assumindo o objetivo de liquidar conquistas históricas do proletariado. Por
essa razão, não há espaço para disputar este suposto “movimento de massas” com
as direções burguesas made in CIA, como pateticamente defendem setores da
“esquerda”, em nome de “superá-las no calor da luta”.
Na Ucrânia, está
colocado rechaçar as investidas da UE, dos EUA e de seus agentes. Apesar de não
depositarmos qualquer confiança no governo burguês ucraniano de Viktor
Yanukovych e do ex-burocrata Putin-Medvedev, cuja conduta está voltada a
defender os interesses da nascente burguesia russa, as fricções com a Casa
Branca objetivamente representam um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN
na região. Nesse sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações
dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a
fazer na Ucrânia e na própria Rússia uma “transição democrática” conservadora
aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio. Opomos-nos pelo vértice à
política dos grupos revisionistas que depois de saudarem a farsesca “revolução
árabe” agora apoiam as manifestações da direita assim como festejaram no
passado as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais
“revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em
curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas
atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram
títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham
relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia. Agora, a Ucrânia é
novamente a bola da vez da reacionária ofensiva do imperialismo, que tomou grande
impulso com a derrubada do regime Kadaffi pela OTAN, tendo Yanukovych como o
“adversário” indesejado a ser removido do governo! Somente os genuínos
trotskistas que não se deixaram levar pelo canto de sereia “humanitário”
imperialista, que se mantêm firmes na luta para que os povos oprimidos assumam
o controle dos recursos energéticos do planeta, pela expulsão dos abutres
multinacionais e expropriação do conjunto das burguesias mafiosas, terão
autoridade suficiente perante as massas ucranianas, georgianas, ossetas e
russas para conduzir a luta estratégica por uma Federação de repúblicas
socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas revoluções bolcheviques!
Já na Venezuela, o
proletariado deve responder à reação fascista com uma demonstração de força em
defesa da ampliação das conquistas sociais da classe operária e de repúdio aos
golpistas, forjando no calor da batalha um programa genuinamente comunista de
completa ruptura com o nacionalismo burguês. Devemos convocar a vanguarda
classista para a ação direta, contemplando uma plataforma de ocupações de
fábricas, nacionalizações de grupos econômicos sob o controle dos trabalhadores
e socialização do latifúndio. A tarefa que se impõe nesta polarizada
conjuntura, acompanhando a evolução política das massas, é a construção do
partido operário revolucionário, única forma de combate consequente ao Estado
capitalista, cabendo à vanguarda do proletariado adotar uma política de
“estimular” as tendências de radicalização do setor popular e camponês do
nacionalismo burguês para que se choque com os limites impostos pelo próprio
Maduro e a direção do PSUV a frente do governo!