Anúncio do PIB 2013: Nem
a catástrofe e tampouco um pico de crescimento econômico, apenas o “morno” que
precede ao esgotamento do “modelo”
O IBGE acaba de anunciar
a variação anual do PIB para 2013, o resultado positivo de 2,3% foi comemorado
com muito entusiasmo pelo governo da Frente Popular que esperava um resultado
aquém do anunciado oficialmente. Em primeiro lugar e para o bem da verdade é
necessário que se diga que este governo vem “forçando a barra” no quesito
manipulação de pesquisas e dados econômicos, foi assim com o resultado da
Balança Comercial de 2013 e o lucro apresentado pela PETROBRAS. Em relação ao
PIB tudo indica que a direção do IBGE utilizou a mesma “metodologia” para dar
um “empurrãozinho” artificial no crescimento econômico do país em 2013. Mais
além das distorções encomendadas, um desempenho econômico de cerca de 2,5% está
bem distante da “explosão” de crescimento anunciada pelo PT como fator de
compensação ao estancamento ocorrido em 2012, uma evolução positiva de apenas
1%. Se observamos com um pouco mais de critério os dados apresentados pelo
IBGE, encontraremos um crescimento do PIB lastreado fundamentalmente nas exportações
de commodities agrominerais, de baixo valor agregado, enquanto o setor
industrial amarga um sucateamento crônico, com pífios índices de variação
positiva. A participação da industria no “bolo geral” do PIB em 2013 foi a
menor dos últimos onze anos, o que revela o franco retrocesso das forças
produtivas nacionais e o prenúncio do esgotamento do atual “modelo” econômico
baseado na “bolha” de crédito e consumo. Por sinal o próprio índice do “surpreendente”
crescimento PIB no ano passado só foi obtido graças as taxas de investimento
internacional no país, com um crescimento de 6,3%, configurando o melhor
desempenho desde 2010. Como “refém” do ciclo financeiro mundial, a economia
brasileira caminha rumo a uma crise a médio prazo, no compasso de recuperação
econômica norte-americana, que drenaria os fundos de investimentos mundiais
novamente para o solo dos grandes centros financeiros. Na ausência da criação
de verdadeiros projetos de desenvolvimento capitalista, baseados em um parque
industrial nacional, as “gerências” do PT apenas preparam o terreno para a
volta dos neoliberais mais “agressivos”, sedentos para recolocar o estado
brasileiro na trilha do último vagão do imperialismo ianque.
O chamado “mercado”, um
covil dos parasitas financeiros, não “comprou” o blefe do “pibão”, mesmo este
tendo ficado em 2013 proporcionalmente acima dos EUA, Inglaterra, África do Sul
e México, mas bem abaixo de crescimentos mais “consistentes” como o do Peru que
alcançou a marca de 5%. Acontece que a alavanca do PIB brasileiro ainda é
justamente o agronegócio, responsável por uma variação de 7% no ano passado,
este setor enfrenta hoje um “colapso” já que está quase totalmente voltado para
o mercado externo que vem retraindo drasticamente sua demanda comercial. O
Brasil em 2014 já apresenta um déficit histórico em sua conta de transações
correntes (que inclui saldo entre importações e exportações e outras operações
de entrada e saída de capitais), cerca de 12 bilhões de Dólares, o maior “rombo”
desde 1947 quando este dado econômico começou a ser aferido. Por isso mesmo as
hienas rentistas do “mercado” insistem em projetar um crescimento em 2014 de
apenas 1,5% para o PIB brasileiro.
Os “investidores”
internacionais chantageiam o governo Dilma no sentido da “liberalização” da
economia, afirmam que o PT tem uma tradição “centralizadora” no controle das
tarifas públicas e na taxa de juros, que segundo estes “senhores do capital” estão
muito defasadas. Como os “salvadores” do PIB em 2013, esta corja exige agora
maior arrocho fiscal por parte do governo e a realização imediata de uma
reforma tributária e previdenciária para retirar conquistas sociais do
proletariado brasileiro. Como a equipe econômica palaciana sabe muito bem que o
resultado do PIB em 2013 tem “pés de barro”, vem cedendo sistematicamente aos
rentistas, elevando a taxa SELIC (10,75 ao ano) e sinalizando um reajuste geral
das tarifas estatais em 2015, obviamente logo após a realização das eleições
presidenciais.
Mas enquanto o “colchão”
das reservas cambiais ainda tem muita “gordura” acumulada para queimar, o
governo Dilma pode comemorar o resultado do PIB como um verdadeiro presente
para “brincar o carnaval”. Com uma reeleição praticamente assegurada em 2014,
ainda que haja um segundo turno como uma salvaguarda para a burguesia, Dilma só
pensa na “pesada” quarta-feira de cinzas que ocorrerá em 2015. Neste futuro
breve cenário os níveis de “fadiga” de nossa economia não poderão ser mais
maquiados com a manipulação conjuntural de índices, simplesmente porque
refletirão o esgotamento estrutural de um “modelo” que submeteu o país nestes
últimos vinte anos ao atraso cientifico
e tecnológico, além do completo sucateamento do parque industrial nacional.
Quando a falsa euforia do consumo passar (a bolha internacional de crédito está
prestes a estourar, como ocorreu em 2008) virá um novo ciclo de retração
econômica capitalista mundial, castigando o “fazendão Brasil” com desemprego e
mais confisco salarial.