domingo, 2 de março de 2014


Neonazistas não passarão impunemente pela Crimeia, derrotar os entreguistas de Kiev nas ruas e na guerra!

A Ucrânia está às vésperas de uma guerra civil, os neofascistas que tomaram o poder na capital Kiev não esperavam a forte reação do proletariado do país, concentrado principalmente nas regiões industriais do Sul e leste. A população da Crimeia, onde fica localizada a maior base militar naval do Mar Negro, majoritariamente de origem russa não aceita como legítimo o governo golpista comandado pelo entreguista, Oleksander Turchinov, do Partido Pátria. Na histórica cidade de Sebastopol (cidade heroica), onde estão localizadas as principais instalações da frota naval russa no Mar Negro, a população forma milícias armadas que pretendem proclamar a independência total da Crimeia em relação ao governo de Kiev, que já pediu apoio da Casa Branca para atacar o sul do país. A mídia “murdochiana” atribui a resistência da Crimeia em aceitar as ordens do novo governo da coalizão pró-imperialista (PP e organizações neofascistas) como sendo um produto exclusivo das diferenças étnicas, “esquecem” que Sebastopol resistiu heroicamente de Outubro de 1941 até julho de 1942 à invasão nazista alemã de seu território. Agora quando as hordas fascistas realizam marchas em Kiev, destruindo os símbolos da resistência contra o nazismo e apoiadas pelo atual governo golpista, não nos surpreendemos com a corajosa reação da classe operária da Crimeia que afirma que não será dominada pelos neonazistas, desta vez incentivados  pelo imperialismo ianque. Diante da ameaça de uma agressão à população da Crimeia pelos golpistas de plantão, o governo Russo não se fez de rogado e convocou o parlamento (Duma) para aprovar o envio de uma força militar para sustentar a soberania da Crimeia em relação a Kiev. A península da Crimeia é uma região estratégica para os planos Putin estender a influência russa sobre o que denominou de “Eurásia”, a instalação de um enclave militar dos EUA e da UE nesta região desmoralizaria completamente o peso político de Moscou, que mesmo com o desaparecimento da URSS ainda se constitui como a segunda maior potência militar do planeta. Na base naval da Crimeia, “devolvida” a Ucrânia em 1954 por Khrushev, o governo russo mantém cerca de 25 mil marinheiros, incluindo até modernos submarinos nucleares. Por sinal foi neste mesmo porto de longa tradição militar que a tripulação do famoso encouraçado Potemkin se amotinou precisamente em Sebastopol, dando lugar ao começo da Revolução Russa em 1917.

O reacionário governo Turchinov, ancorado no que pensa ser uma “insurreição popular” de extrema-direita, que derrocou o vacilante Yanukovich do Partido das Regiões, convocou as forças armadas da Ucrânia para dar uma resposta enérgica ao que chamou de “ingerência russa” em seu território. Longe de ser um ato de “bravura nacional” de Turchinov, este antes assegurou-se que o “padrinho” da praça Maidan, Barack Obama, lhe daria total respaldo político e militar. Obama logo atendeu ao pedido dos golpistas e ameaçou explicitamente Putin de que a OTAN poderá entrar em uma guerra contra a Rússia. Ironicamente o chacal imperialista falou em defesa do respeito à “soberania de um país”, logo este monstro que tem as mãos sujas de sangue do povo líbio e que recentemente ameaçou atacar a soberania da Síria. Mas não demorou muito para que as bravatas de Turchinov caíssem por terra, logo pelas mãos do comandante em chefe da marinha ucraniana, o almirante Denis Berezovski, que anunciou sua absoluta fidelidade “ao povo e ao governo autônomo da Crimeia”.

Desgraçadamente muitas correntes revisionistas tem visto com extrema simpatia política o processo de ascensão do neofascismo na Ucrânia. Morenistas da LIT/PSTU afirmam que a queda do governo burguês restauracionista de Yanukovich foi produto de uma “revolução”, e que o Partido Pátria (PP) do atual presidente Turchinov e da ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko não seria de “direita mas apenas neoliberal”. Não seria demais lembrar a estes impostores da LIT que o partido de Hitler “Nacional Socialista” não era originalmente “100% fascista”, sua “evolução” para as posições da extrema-direita mais recalcitrante foi produto da própria dinâmica da luta de classes na Alemanha. Não por coincidência, o PP mantém em seu gabinete interino um dos “três grandes” partidos políticos que impulsionaram os protestos, o ultranacionalista Svoboda (neofascista), liderado por Oleh Tyahnybok, que clama pela “libertação” de seu país da “máfia judaico-moscovita”. Tentar separar o chamado “movimento Maidan” das iniciativas nazi que hoje aterrorizam a Ucrânia, configura uma enorme fraude política, utilizada largamente pelos revisionistas que também apoiam a “revolução made in CIA” que ameaça desestabilizar o governo nacionalista burguês da Venezuela.

Como Marxistas Revolucionários conhecemos muito bem a natureza de classe do atual governo russo, assim como das forças políticas que se alinhavam em torno do ex-presidente Viktor Yanukovich, ambos herdeiros políticos do processo da restauração capitalista da antiga URSS. Mas em um conflito político que ameaça transbordar da arena regional para o cenário mundial, e que o imperialismo ianque assume novamente o protagonismo militar, como ponta de lança para sedimentar seu ataque aos povos e conquistas operárias históricas, não poderíamos ficar “neutros” sob a falácia de que nenhum dos dois lados é representante das posições revolucionárias. Frente às ameaças da Casa Branca e seus acólitos europeus de retaliar a Rússia caso esta apoie militarmente a vontade soberana da população da Crimeia, nós Leninistas estaremos na primeira fileira da mesma trincheira de combate do governo Putin, lutando neste mesmo campo militar, porém com total independência política dos interesses das burguesias nacionais em uma possível guerra. A derrota do imperialismo, que em sua atual ofensiva neoliberal contra as nações oprimidas ressuscita como sócio o nazi-fascismo, continua sendo nosso primeiro objetivo estratégico, sendo desta maneira o melhor caminho para “fertilizar” novos Vietnãs e abrir o passo novamente para a revolução socialista mundial.