Uma importante lição da
vitória dos garis do Rio de janeiro: Superar suas direções pelegas e impor aos
patrões as reivindicações do povo explorado!
No último sábado, 8,
depois de oito dias de greve os garis da cidade do Rio de Janeiro, em meio a
uma dura batalha contra a direção da Comlurb, os pelegos do sindicato, o
prefeito Paes, a repressão policial, a Justiça burguesa e os ataques da Rede
Globo, obtiveram uma importante vitória em suas reivindicações como há muitos
anos nenhuma outra categoria de trabalhadores havia conseguido no país até
então. A quase totalidade dos sindicatos “chapa branca” postula “aumentos”
abaixo da inflação ou próximos a zero para não se indispor com a burguesia
nacional. Na contracorrente da conjuntura nacional, de recrudescimento do
regime político e de cruzada reacionária rumo à fascistização às vésperas da
realização da Copa do Mundo, os garis conseguiram que Eduardo Paes recuasse em
sua intransigência e aceitasse as reivindicações dos trabalhadores, um aumento
de 37%, vale-refeição de R$ 20, 40% de insalubridade e vários outros benefícios
cortados desde a gestão do carrasco César Maia. Mas como isto foi possível? Por
esta categoria ser uma das mais exploradas do setor público, com salários
miseráveis concentrou ao longo de muitos anos um profundo descontentamento não
só contra a prefeitura como também aos pelegos do sindicato que vivem a soldo
das gestões municipais há décadas. Como resultado desta “puteza” os
trabalhadores atropelaram a burocracia sindical vendida elegendo um comando de
greve em assembleia, o qual passou a estabelecer os rumos das mobilizações e
negociações, ou seja, quebrou o gesso que impedia o avanço da luta em defesa
das mais elementares necessidades dos trabalhadores, partindo para a ação
direta (passeatas, protestos, assembleias de base) sem qualquer interferência
“oficial” nas decisões dos explorados.
A greve detonada em pleno sábado de carnaval foi uma demonstração de como os trabalhadores devem enfrentar governantes de plantão e os capitalistas. Com os orçamentos da prefeitura todos destinados às obras da Copa do Mundo, os garis encontravam-se praticamente à míngua, com um salário de fome de R$ 802. Vinicius Roriz (presidente da Comlurb) e Eduardo Paes na verdade atuam como funcionários das grandes empreiteiras e dos “grandes projetos” capitalistas voltados para os megaeventos e nada fazem em benefício dos servidores públicos do Rio de Janeiro ou da própria população pobre. Paes chegou a afirmar que não havia greve e cinicamente procurou desqualificar os dirigentes: “A gente não tem uma greve na cidade, tem um motim que coage e intimida os garis que querem trabalhar. Imaginar que você tenha que colocar um carro da polícia para deixar o gari trabalhar. Isso mostra que isso não é coisa de gari. É um grupo de marginais coagindo quem quer trabalhar, num processo de guerrilha” (Estadão, 8/3), acusando o movimento de ser motivado por “um grupo de marginais”. Ou que “apenas 300 aderiram à greve”, como difundiu em escandalosa mentira a mídia “murdochiana”, pois o lixo acumulado por toda a cidade logo desmascarava esta tentativa baixa de desmoralizar criminalmente o movimento com o apoio da “famiglia” Marinho. Para intimidar os grevistas Paes colocou nas ruas caminhões de coleta de lixo e poucos fura-greve escoltados pela polícia e seguranças privados. Obviamente a provocação não deu certo...
De nada adiantaram as
manobras dos pelegos, as intimidações do prefeito de demitir 300 grevistas, nem
a decretação da “ilegalidade” da greve pela justiça burguesa. Os trabalhadores
mantiveram-se firmes em suas reivindicações, exemplo que deve ser seguido por
todas as categorias que se enfrentarem com o regime político fascistizante sob
a batuta de Dilma e dos governos estaduais. Somente quando os patrões sentirem
que seus lucros ou interesses imediatos estão sendo duramente afetados diante
da disposição de luta dos trabalhadores é que é possível conquistarmos uma
vitória expressiva em nossas mobilizações, mesmo que soframos todo tipo de
criminalização e a perseguição do aparato repressivo do Estado capitalista.
A única via para que os
lutadores saiam vitoriosos neste momento que a classe operária vem sofrendo uma
cruzada reacionária a toda prova, tal como o farsesco julgamento do “mensalão”,
a criminalização dos movimentos sociais, a lei “antiterror” que ameaça o
próprio direito de manifestação e organização política da esquerda e do
movimento de massas, é a adoção de um programa genuinamente revolucionário com
o objetivo de denunciar que para a democracia dos ricos tudo gira em torno de
qual fração burguesa irá se apoderar daquilo que o Estado capitalista lhe
oferece, onde a corrupção é a mola mestra deste regime decadente. O rompimento
da camisa de força da frente popular é um pré-requisito fundamental como
demonstraram na prática os companheiros garis da cidade do Rio de Janeiro. Para
tanto, é necessária a unidade operária, camponesa, estudantil que tenha como
eixo político a ação direta no campo e na cidade, se valendo dos métodos de
luta próprios dos trabalhadores para construir uma alternativa de poder dos
explorados que tenha a revolução proletária e socialismo como estratégia de
classe.