terça-feira, 11 de março de 2014


Uma importante lição da vitória dos garis do Rio de janeiro: Superar suas direções pelegas e impor aos patrões as reivindicações do povo explorado!

No último sábado, 8, depois de oito dias de greve os garis da cidade do Rio de Janeiro, em meio a uma dura batalha contra a direção da Comlurb, os pelegos do sindicato, o prefeito Paes, a repressão policial, a Justiça burguesa e os ataques da Rede Globo, obtiveram uma importante vitória em suas reivindicações como há muitos anos nenhuma outra categoria de trabalhadores havia conseguido no país até então. A quase totalidade dos sindicatos “chapa branca” postula “aumentos” abaixo da inflação ou próximos a zero para não se indispor com a burguesia nacional. Na contracorrente da conjuntura nacional, de recrudescimento do regime político e de cruzada reacionária rumo à fascistização às vésperas da realização da Copa do Mundo, os garis conseguiram que Eduardo Paes recuasse em sua intransigência e aceitasse as reivindicações dos trabalhadores, um aumento de 37%, vale-refeição de R$ 20, 40% de insalubridade e vários outros benefícios cortados desde a gestão do carrasco César Maia. Mas como isto foi possível? Por esta categoria ser uma das mais exploradas do setor público, com salários miseráveis concentrou ao longo de muitos anos um profundo descontentamento não só contra a prefeitura como também aos pelegos do sindicato que vivem a soldo das gestões municipais há décadas. Como resultado desta “puteza” os trabalhadores atropelaram a burocracia sindical vendida elegendo um comando de greve em assembleia, o qual passou a estabelecer os rumos das mobilizações e negociações, ou seja, quebrou o gesso que impedia o avanço da luta em defesa das mais elementares necessidades dos trabalhadores, partindo para a ação direta (passeatas, protestos, assembleias de base) sem qualquer interferência “oficial” nas decisões dos explorados.

A greve detonada em pleno sábado de carnaval foi uma demonstração de como os trabalhadores devem enfrentar governantes de plantão e os capitalistas. Com os orçamentos da prefeitura todos destinados às obras da Copa do Mundo, os garis encontravam-se praticamente à míngua, com um salário de fome de R$ 802. Vinicius Roriz (presidente da Comlurb) e Eduardo Paes na verdade atuam como funcionários das grandes empreiteiras e dos “grandes projetos” capitalistas voltados para os megaeventos e nada fazem em benefício dos servidores públicos do Rio de Janeiro ou da própria população pobre. Paes chegou a afirmar que não havia greve e cinicamente procurou desqualificar os dirigentes: “A gente não tem uma greve na cidade, tem um motim que coage e intimida os garis que querem trabalhar. Imaginar que você tenha que colocar um carro da polícia para deixar o gari trabalhar. Isso mostra que isso não é coisa de gari. É um grupo de marginais coagindo quem quer trabalhar, num processo de guerrilha” (Estadão, 8/3), acusando o movimento de ser motivado por “um grupo de marginais”. Ou que “apenas 300 aderiram à greve”, como difundiu em escandalosa mentira a mídia “murdochiana”, pois o lixo acumulado por toda a cidade logo desmascarava esta tentativa baixa de desmoralizar criminalmente o movimento com o apoio da “famiglia” Marinho. Para intimidar os grevistas Paes colocou nas ruas caminhões de coleta de lixo e poucos fura-greve escoltados pela polícia e seguranças privados. Obviamente a provocação não deu certo...

De nada adiantaram as manobras dos pelegos, as intimidações do prefeito de demitir 300 grevistas, nem a decretação da “ilegalidade” da greve pela justiça burguesa. Os trabalhadores mantiveram-se firmes em suas reivindicações, exemplo que deve ser seguido por todas as categorias que se enfrentarem com o regime político fascistizante sob a batuta de Dilma e dos governos estaduais. Somente quando os patrões sentirem que seus lucros ou interesses imediatos estão sendo duramente afetados diante da disposição de luta dos trabalhadores é que é possível conquistarmos uma vitória expressiva em nossas mobilizações, mesmo que soframos todo tipo de criminalização e a perseguição do aparato repressivo do Estado capitalista.

A única via para que os lutadores saiam vitoriosos neste momento que a classe operária vem sofrendo uma cruzada reacionária a toda prova, tal como o farsesco julgamento do “mensalão”, a criminalização dos movimentos sociais, a lei “antiterror” que ameaça o próprio direito de manifestação e organização política da esquerda e do movimento de massas, é a adoção de um programa genuinamente revolucionário com o objetivo de denunciar que para a democracia dos ricos tudo gira em torno de qual fração burguesa irá se apoderar daquilo que o Estado capitalista lhe oferece, onde a corrupção é a mola mestra deste regime decadente. O rompimento da camisa de força da frente popular é um pré-requisito fundamental como demonstraram na prática os companheiros garis da cidade do Rio de Janeiro. Para tanto, é necessária a unidade operária, camponesa, estudantil que tenha como eixo político a ação direta no campo e na cidade, se valendo dos métodos de luta próprios dos trabalhadores para construir uma alternativa de poder dos explorados que tenha a revolução proletária e socialismo como estratégia de classe.