terça-feira, 18 de março de 2014


Mais uma trabalhadora negra assassinada brutalmente pela PM de Cabral com as bênçãos de Dilma

Mais um crime covarde foi praticado impiedosamente pela fascista e odiosa Polícia Militar de Sergio “Caveirão” (PMDB) e seu comparsa, o Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e ex-agente da ditadura militar José Mariano Beltrame, contra mais uma trabalhadora negra e moradora de favela, fato que não é novidade haja vista o verdadeiro processo de extermínio que há décadas a juventude negra e pobre vem sofrendo no país. Na manhã do último dia 16, a vítima destes carrascos foi a trabalhadora Claudia da Silva Ferreira de 38 anos, mãe de quatro filhos, covardemente baleada por policiais militares quando saia de sua residência para comprar pão no Morro da Congonha, zona norte do estado, sendo em seguida colocada friamente no porta-malas do camburão de uma viatura, a qual saiu em direção ao Hospital Carlos Chagas na zona norte, quando em meio ao trajeto a porta da viatura se abriu e Claudia foi projetada para fora do veiculo, ficando pendurada pela roupa no para-choque, sendo arrastada no asfalto barbaramente por cerca de 250 metros. Transeuntes avisavam os policiais que a mulher estava sendo arrastada, fato ignorado pelos PMs que continuavam a guiar tranquilamente a viatura. Segundo a filha de Claudia, Thais Silva de 18 anos que presenciou a cena macabra: “Eles arrastaram a minha mãe como se fosse um saco e a jogaram para dentro do camburão como um animal”, denuncia. É desta forma que agem os cães de guarda da burguesia quando se trata de atacar a população pobre e explorada das favelas e periferias dos grandes centros urbanos.

De acordo com a versão da PM, como de praxe, Claudia foi baleada durante uma troca de tiros com bandidos, fato amplamente desmentido por moradores locais, que veementemente negaram tal afirmação em entrevistas a própria imprensa burguesa. Ainda de acordo com vizinhos de Claudia “a polícia chegou atirando, baleando a mulher e em seguida a colocou na viatura já desacordada”. A Secretaria de Saúde Pública do Estado do Rio de Janeiro afirmou que Claudia deu entrada já sem vida no Hospital Carlos Chagas, o que caracteriza homicídio por parte da polícia, que para “fazer uma média” com a opinião pública e devido às pressões dos moradores de Congonhas que na sequência organizaram uma série de protestos no bairro contra os verdugos a serviço do governo Cabral, que cinicamente mandou “prender administrativamente” dois subtenentes e um soldado, os quais não tiveram seus nomes divulgados e segundo seus comparsas mafiosos da corporação “Também foi instaurado um inquérito policial militar (IPM) para investigar o caso” (Estadão, 17/03). Este fato certamente ficará por isso mesmo, visto o salvo-conduto que estes bandidos de farda possuem para massacrar a população pobre. Impressionante também é o silêncio de figuras abjetas e asquerosas como a canalha do PIG, do porte dos Datenas, Rezendes e congêneres, que esperneiam de indignação quando a vidraça de um banco é quebrada numa manifestação e agora estão calados diante de tamanha barbaridade cometida pelos seus heróis fardados, o que torna estes porta-vozes da burguesia cúmplices deste crime contra nossa classe.

PM BRASILEIRA: UMA VERDADEIRA “MÁQUINA” DE MATAR

A Polícia Militar brasileira como cria direta da ditadura militar vem ao longo dos anos se tornando completamente incontrolável, sendo criticada – embora demagogicamente – até mesmo por um órgão imperialista como a ONU, que recentemente propôs a dissolução desta, como afirma matéria do jornal O Globo: “O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu nesta quarta-feira (30/05) ao Brasil maiores esforços para combater a atividade dos 'esquadrões da morte' e que trabalhe para suprimir a Polícia Militar, acusada de numerosas execuções extrajudiciais” (O Globo, 08/2012).

De acordo com matéria do Jornal do Brasil: “Em 2011, no Rio de Janeiro, 524 pessoas foram mortas pela Polícia Militar em todo o estado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, do governo fluminense. Em São Paulo, no mesmo período, foram 437 mortes, segundo a Secretaria de Segurança Pública paulista. Somadas, as estatísticas revelam que, nos dois estados mais populosos do país, 961 mortes foram cometidas por agentes do Estado em 2011 - um número 42,16% maior do que as vítimas da pena de morte em todos os países pesquisados pela Anistia Internacional” (Jornal do Brasil, 03/2012). A população negra se torna neste caso, a maior vítima em potencial desta política de extermínio com contornos “malthusianos” caracterizado por uma guerra de classe declarada pela burguesia e seu Estado contra o proletariado, principalmente à sua parcela mais oprimida e superexplorada que são justamente os trabalhadores negros, se desenvolvendo em um verdadeiro “holocausto urbano” como diz uma música do grupo Racionais MCs.

Segundo artigo do Negro Belchior em seu blog “A pesquisa Participação, Democracia e Racismo”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta quinta-feira apontou que, a cada três assassinatos no País, dois vitimam negros. Os dados foram apresentados pelo diretor Daniel Cerqueira, no lançamento da 4ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi). De acordo com a pesquisa, a possibilidade de o negro ser vítima de homicídio no Brasil é maior inclusive em grupos com escolaridade e características socioeconômicas semelhantes. A chance de um adolescente negro ser assassinado é 3,7 vezes maior em comparação com os brancos. E ainda mostra que negros são maiores vítimas de agressão por parte de polícia. A Pesquisa Nacional de Vitimização mostra que em 2009, 6,5% dos negros que sofreram uma agressão tiveram como agressores policiais ou seguranças privados (que muitas vezes são policiais trabalhando nos horários de folga), contra 3,7% dos brancos” (Negro Belchior, 10/2013). Dados que confirmam inapelavelmente o verdadeiro processo de genocídio em andamento no Brasil contra a população negra levado a cabo pela burguesia e sua polícia fascista, um monstro parido diretamente da ditadura militar financiada pela CIA e o governo imperialista ianque.

COMBATENDO O TRAFICO?

Para levar a diante esta política assassina contra os trabalhadores nos bairros pobres e favelas, a burguesia articula através do PIG uma verdadeira campanha de manipulação acerca do trafico de drogas. Esta política é resultado direto das ordens emanadas dos corredores da Casa Branca e sua doutrina de “tolerância zero”, baseada totalmente na criminalização da pobreza e higienização social, visando afastar a população pobre das regiões de interesse principalmente da especulação imobiliária, o que tem ocorrido de forma recorrente mais intensamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. De acordo com o portal de noticias Terra “Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, o preço do aluguel nas comunidades do Rio de Janeiro aumentou 6,8% a mais do que nos bairros nobres da cidade, sendo que o valor de um imóvel na zona sul cresceu em média 45% nos últimos dois anos segundo o Sindicato da Habitação (Secovi). Mas há casos específicos em que a valorização passou de 100%”. Ou seja, a tática da burguesia e do capital financeiro é implantar as UPPs a ferro e fogo através dos criminosos do BOPE, para depois impor um verdadeiro estado de sitio contra as comunidades tornando a vida dos trabalhadores insustentável expulsando-os para as regiões mais afastadas da cidade, muitas vezes para zonas de risco como morros, córregos, aterros sanitários etc.

Além da especulação imobiliária, outros que vem ganhando muito com as incursões assassinas dos facínoras fardados nos bairros proletários são a industria bélica e automobilística, beneficiadas pelos contratos hiperlucrativos com os gerentes da burguesia como Cabral no Rio. De acordo com o site Noticias Automotivas “O governo do Rio de Janeiro vai substituir parte da frota da Polícia Militar. Serão 1.181 unidades do Renault Logan e 321 exemplares do Chevrolet Blazer. No entanto, esta nova frota vai custar aos cofres públicos a “bagatela” de R$ 490 milhões no aluguel das novas viaturas por um período de 60 meses.

Esse dinheiro todo ficará nas mãos da empresa CS Brasil, que pertence à empresa Julio Simões, que já ganhou R$ 220 milhões em aluguéis com o governo do Rio, e segundo fontes, sem licitação. Já o setor de guerra ligados à repressão recebeu do governo carioca em 2008 por exemplo, a cifra de R$ 310 por habitante (Estadão), enquanto os investimentos em saúde no estado Fluminense em 2013 por exemplo ficou abaixo da média nacional: de acordo com estudos do IBGE, a média dos estados ficou em 11,29% nos gastos, enquanto Cabral “investiu” 7,2%, nos mostrando que está em curso o recrudescimento do regime burguês contra a massa operária para beneficiar diretamente os lucros do capital, mostrando que o discurso moralizante e histérico do PIG sobre o combate ao tráfico de drogas não passa de cortina de fumaça para esconder os verdadeiros interesses burgueses por trás das políticas de repressão aos bairros operários, como afirmou o traficante Nem preso em 2011, onde afirmou categoricamente a participação da polícia na repartição de parte do lucro do tráfico. Além disso, não é segredo que os verdadeiros beneficiados com o tráfico de drogas são justamente os grandes magnatas do capital como o banco Santander por exemplo, que recentemente esteve envolvido em denúncias de lavagem de dinheiro da droga, ou mesmo a CIA e o governo norte-americano que tem no dinheiro do tráfico um importante aliado no financiamento de golpes de estado pelo mundo.

CRIAR COMITÊS DE AUTODEFESA NÃO PARA DESMILITARIZAR, MAS PARA DESTRUIR A POLÍCIA!

Neste sentido, diante de uma situação de extermínio da população trabalhadora desde seu local de moradia pelas mãos do Estado burguês, não resta outra alternativa que não seja a resistência direta e sua autodefesa contra os facínoras fardados. Dessa forma, é imperativo a criação de Comitês de autodefesa pelos trabalhadores que estão sendo brutalizados pela PM como fizeram os Panteras Negras nos EUA nas décadas de 60 e 70, como forma de sobrevivência de todas as comunidades moradoras das favelas e periferias do país, bem como a articulação de uma frente única de luta de favelas. Dessa forma, ao contrário do que pregam os revisionistas do PSTU e PSOL que desejam desmilitarizar essa corporação, o movimento de resistência tem que se basear num dos princípios mais fundamentais da luta de classe elaborada por Marx e Engels que é a destruição violenta de todo aparato repressivo da burguesia. Fato este que não pode estar separado da luta pelo poder do proletariado, pondo fim definitivo através da revolução socialista a toda ordem burguesa apodrecida que necessita da guerra contra nossa classe para sobreviver. Desde já, prestamos toda nossa solidariedade a familia de Claudia, vítima da Polícia fascista de Cabral.