Encontro Nacional contra
a Copa e Marcha antifascista: Duas respostas limitadas da “esquerda” frente o
recrudescimento do regime político da democracia dos ricos
Neste sábado, dia 22 de
março, ocorreram em São Paulo duas importantes atividades políticas. A militância da LBI
participou pela manhã do “Encontro Nacional do Espaço de Unidade de Ação”
realizado no Sindicato dos Metroviários que discutiu a organização de protestos
durante a Copa do Mundo e à tarde da Marcha Antifascista que se concentrou na
Praça da Sé por volta das 15h saindo em passeata até a antiga sede do DOPS, na
Luz, região central da capital paulista. O “Encontro” contou com cerca de 1.500
pessoas. Agrupou fundamentalmente a burocracia sindical de “esquerda” que
orbita em torno da CSP-Conlutas, “CUT pode mais” e de setores do PSOL como o
MES de Luciana Genro. Luciana aproveitou o encontro para se cacifar
eleitoralmente como pré-candidata do PSOL e anunciar o ingresso de sua corrente
na CSP-Conlutas, justamente para controlar a aproximação sindical com os
setores cutistas no Rio Grande do Sul. Como prevíamos, a atividade foi uma
demonstração de força do PSTU. O partido utilizou o encontro para lançar a
candidatura de José Maria de Almeida e deliberar um calendário de atividade
para suas colaterais do movimento sindical e estudantil (ANEL). Nesse sentido,
não foi proposto nada de novo, apenas fortalecer o 1º de Maio na Sé e realizar
uma manifestação em São Paulo na abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho,
deixando de lado a luta direta do proletariado que vem sendo duramente atacado
pelo capital, como as demissões de quase mil trabalhadores na GM do Vale do
Paraíba em São Paulo no final de 2013, cujo sindicato dirigido pela CONLUTAS
sabotou efetivamente qualquer resistência da classe contra a multinacional
ianque, se resumindo a mendigar como de costume, uma intervenção da “gerentona”
Dilma e do Estado burguês a “favor” dos trabalhadores, promovendo uma criminosa
deseducação política entre os proletários como vimos denunciando. Já a Marcha
Antifascista agrupou cerca de 2000 pessoas e foi uma mobilização importante na
medida em que colocou a necessidade de se combater nas ruas a direita
reacionária tanto no Brasil como em nível mundial, como na Venezuela e Ucrânia.
Além da LBI, estiveram presentes na Marcha, o PCO, PCR, setores do PSOL, PCB,
PCdoB e militantes do PT, como o Senador Eduardo Suplicy, em aberta campanha eleitoral
pela sua reeleição. O PSTU e seus satélites políticos como a LER e o TPOR
boicotaram a manifestação contra o golpismo. Desgraçadamente, as duas atividades
foram marcadas por uma limitação evidente: a ausência de um programa
revolucionário tanto para fazer da denúncia da Copa do Mundo um ponto de apoio
para a luta direta dos trabalhadores por suas reivindicações imediatas e
históricas como para a necessidade de enfrentar o recrudescimento do regime
democratizante através dos próprios métodos da classe operária. Em resumo, o Encontro
Nacional contra a Copa e Marcha antifascista se constituíram em duas respostas
limitadas da “esquerda” frente o recrudescimento do regime político da
democracia dos ricos.
Pela manhã, o “Encontro”
agrupou importantes setores da vanguarda da luta sindical, como a liderança dos
Garis do Rio de Janeiro, operários da Comperj e da juventude que vem lutando
contra o aumento das passagens. Entretanto, como tem sido comum, os novos
lutadores logo foram “incorporados” ao aparato sindical ligado ao PSTU ou mesmo
ao PSOL que, longe de fazerem destas lutas um ponto de apoio para o combate ao
conjunto do regime político e do próprio circo eleitoral, acaba subordinando
este importante processo de ascenso que tem como centro as ruas e categorias
que estão em choque com as grandes centrais sindicais “chapa branca” a uma
política de construção da chamada “oposição de esquerda”. Nesse sentido, o
“espaço para unidade de ação” tomou iniciativas completamente integradas ao
calendário ordinário (político e sindical) dos agrupamentos que compõem este
espectro político. O chamado a que “Na Copa vai ter luta” programando
manifestações durante o mundial da FIFA na verdade busca colocar sob controle
destes setores, protestos que vinham tendo um caráter mais radicalizado e por
fora da política do PSTU e PSOL, aglutinados sobre o outro eixo político, o de
“Não vai ter Copa”. Apontando uma política de combate para os lutadores
presentes, a militância da LBI distribui milhares de manifestos ao “Encontro”
com o chamado a “Fortalecer o movimento ‘Não vai ter Copa’ através da luta
direta dos trabalhadores e da juventude rebelde contra a ofensiva patronal e a
repressão!”.
No período da tarde a
LBI participou da Marcha Antifascista. Sem dúvida esta foi uma atividade
bastante progressiva porque colocou nas ruas um amplo espectro político de
ativistas e correntes políticas que se postam formalmente contra o processo de
recrudescimento do regime político burguês. Não se tratou apenas de um protesto
para se contrapor à Marcha da Família convocada por setores marginais da
direita reacionária também para este dia 22 na Praça da República ou para
repudiar o golpe militar de 1964, mas como uma demonstração de luta contra os
ataques as liberdades democráticas em curso em plena democracia dos ricos. O
fato do Senador Eduardo Suplicy se fazer presente, sendo um dos principais
oradores do ato, demonstra os limites da própria Marcha, já que o PT é um dos
pilares do processo de perseguição aos lutadores em nosso país. O “golpe da
direita contra o governo Dilma” não está colocado neste momento justamente
porque a burguesia ainda considera a frente popular um elemento fundamental da
estabilidade do regime político. Entretanto, em um futuro próximo, com o
processo de agudização da luta de classes e de esgotamento do modelo de
“crescimento via consumo” alimentado pelo PT, as forças da reação tendem a agir
com mais intensidade, estimuladas pela própria covardia da frente popular, como
vimos no farsesco processo do chamado “mensalão”. Nesta atividade a militância
da LBI também se fez presente, se juntando à coluna de bandeiras vermelhas que
rechaçaram a provocação fascista. Ainda na concentração do ato na Praça da Sé,
uma provocadora direitista tentou hostilizar a militância presente com os
típicos ataques moralizantes da direita fascista sendo apoiada indiretamente
pela polícia, mas de imediato foi respondida pelos companheiros, sendo em
seguida retirada pela PM para protegê-la. Ficou acertado que uma nova
manifestação contra o fascismo ocorrerá no próximo dia 1 de abril no MASP.
Como defendemos nas duas
atividades, está colocado preparar uma resposta de classe ao recrudescimento da
repressão e criminalização aos lutadores, assim como romper o circo de
paralisia imposto pela burocracia sindical, seja a “chapa branca” ou a que se
apresenta de “esquerda”. Na luta contra a Copa e em oposição ao golpismo de
ontem e de hoje, desde as modestas forças da LBI chamamos os sindicatos
classistas, coletivos de luta e as organizações políticas comprometidas com a
defesa dos interesses de classe dos trabalhadores da cidade e do campo a se
somarem criticamente ao calendário de atividades deliberados nas duas
atividades, visando construir um fórum de luta que tome em suas mãos a tarefe
de barrar a ofensiva patronal e apontar uma perspectiva revolucionária para os
combates da classe operária e dos camponeses pobres, única forma de derrotar a
“lei antiterrorista” da mafiosa FIFA e os fascistas que agem ativamente diante
da complacência da frente popular comandada pelo PT.