8 de Março: Da Venezuela
à Ucrânia, mulheres operárias se postam na vanguarda da luta contra o
neofascismo!
Este 8 de março, Dia Internacional
da Mulher Trabalhadora, ocorre sob o signo de uma brutal ofensiva reacionária
contra os direitos e conquistas dos explorados em nível mundial. Os
imperialismos ianque e europeu buscam impor seu domínio sobre as nações que não
são alinhadas servilmente aos interesses dos grandes monopólios capitalistas e
seus gerentes de plantão como Obama e Merkel. A investida mais dramática tem
com centro a Ucrânia e a Venezuela, países localizados em continentes
distantes, mas que estão ligados por serem alvos da sanha de forças
reacionárias que reivindicam Mussolini, Hitler e Pinochet. Na luta contra o
neofascismo, vimos como linha de frente mulheres operárias e camponesas, jovens
trabalhadoras, que se colocam na barricada de combate contra a reação burguesa.
Na Venezuela, no final de fevereiro, milhares de mulheres saíram às ruas contra
os fascistas, na Crimeia e em várias regiões da Ucrânia, centenas de
companheiras estavam na linha de frente das milícias populares que impediram
que as hordas da direita derrubassem as estátuas de Lenin e dos soldados que
lutaram contra o nazismo na década de 40. Muitas saudaram inclusive a chegada
das tropas russas nestes dias! No marco desta luta, nós marxistas
revolucionários declaramos que devemos resgatar a vitória da resistência
soviética sobre o nazismo (1945) para impulsionar a luta dos povos oprimidos
pela derrota do imperialismo, já que foi na URSS que as mulheres mais avançaram
em seus direitos políticos e sociais! Às vésperas de comemorar os 70 anos da
derrota nazista, o proletariado internacional e os explorados de todo o mundo,
mais particularmente as mulheres trabalhadoras que sofrem diariamente a
opressão e a exploração do capitalismo devem tomar a firme resistência do povo
soviético como uma prova incontestável de que o imperialismo pode ser derrotado
nas ruas!
Foi a partir das
socialistas revolucionárias que a luta das mulheres contra o machismo
capitalista assumiu um caráter, coletivo, de classe e anticapitalista. As
operárias foram protagonistas de acontecimentos históricos como o oito de março
de 1917 (correspondente ao 23/02 no antigo calendário russo) em uma
manifestação contra a fome e a guerra que derrubou o governo czarista e deu
início à revolução russa, o mais importante e profundo processo de
transformação social desde o surgimento da propriedade privada. Desde a Comuna
de Paris, no século XIX, passando por todos os movimentos emancipatórios do
século XX e XXI, como a luta atual das mulheres palestinas se batendo contra o nazi-sionismo
israelense ou das guerrilheiras das FARC contra o imperialismo ianque, o gênero
mais oprimido da humanidade demonstrou que sua libertação está intimamente
ligada ao fim de toda opressão do homem pelo homem.
Desgraçadamente, o
retrocesso sofrido no movimento socialista com a traição da socialdemocracia
reformista à causa da revolução e a burocratização stalinista da URSS, que
solapou as conquistas revolucionárias contra o patriarcado e em favor dos
direitos ao divórcio e ao aborto, possibilitou que, muitas décadas depois de
criado pelos socialistas, a burguesia se apropriasse e degenerasse o dia e a
luta da mulher. Para cooptar a luta antimachismo, que ganhou força durante os
anos 1960 e 1970, em meio aos protestos contra a ocupação do Vietnã pelos EUA e
o maio francês, a ONU, através da UNESCO, estabelece oficialmente no Oito de Março
de 1977 como o início das celebrações de Dia Internacional da Mulher, dando
finalmente um sentido policlassista e divorciado da luta pelo socialismo para a
data. A restauração do capitalismo na URSS e nos outros Estados operários
burocratizados foi uma derrota histórica e de proporções globais para o
proletariado. Isto permitiu a reincorporação de riquezas naturais, meios de
produção e milhões de trabalhadores ao domínio imperialista, desvalorizando a
força de trabalho no planeta e possibilitando uma ofensiva ideológica
anticomunista que ficou conhecida como reação democrática. Reformistas e ONGs
converteram-se em agentes desta onda reacionária. Enquanto traficam o feminismo
burguês para dentro do movimento operário, acusam cretinamente os socialistas
de protelarem a defesa das mulheres para um momento pós-revolucionário. Foi
assim que para dividir a classe operária nas últimas décadas, a defesa da luta
de classes deu lugar à luta de gêneros. A cor vermelha reivindicada
historicamente pelas comunistas Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra
Kollontai, delegadas que criaram o Dia Internacional da Mulher Proletária em
1910, foi substituída pela cor lilás (que não por acaso corresponde à fusão do
vermelho dos socialistas com o azul, capitalista) para afastar até em sua
simbologia a luta pela emancipação da mulher da luta pelo socialismo. Em nome
do combate à exclusão e opressão recomendam a integração maior da mulher ao
mercado de trabalho. Contra a violência cada vez mais sofrida que cresce com a
exploração, reivindicam a criação de organismos coercitivos dentro do Estado
capitalista (delegacias de mulheres, lei “Maria da Penha”...).
Na América Latina, as
guerrilheiras colombianas são exemplo de heroísmo revolucionário no combate
contra a opressão social e de gênero inerentes ao capitalismo, compartilhando
ombro a ombro com seus companheiros de militância as mais diversas tarefas da
luta e do cotidiano; no outro lado do planeta, no Oriente Médio, suas irmãs da
Palestina, Líbano e Iraque também assumem o enfrentamento direto e armado para
derrotar o sionismo e o domínio do imperialismo na região. Não é raro ver cenas
de várias mulheres trabalhadoras palestinas, enfrentando nas ruas os tanques
genocidas de Israel, sendo voluntárias de barreiras humanas para proteger alvos
e casas contra os ataques assassinos do enclave nazi-sionista ou assumindo a
tarefa militante de vanguarda no papel de “mulheres-bomba” para responder por
meios militares não convencionais aos massacres perpetrados pelo terrorismo de
Estado patrocinado pela Casa Branca e sua base militar avançada no Oriente
Médio.
Com o mesmo espírito de
luta que move as guerrilheiras das FARC, as mulheres têm combatido nas fileiras
de todas as lutas contra a opressão das classes dominantes no planeta, desde as
mulheres revolucionárias de Paris na Revolução Francesa (1789) e na Comuna de
Paris (1871), o massacre da greve das operárias têxteis de Nova York (1857),
passando pela 2ª Conferência das Mulheres Socialistas que instituiu o Dia
Internacional da Mulher Proletária, em 1910, na data de 8 de março, até as que
foram o estopim da Revolução Russa no dia da mulher em 1917 com uma
manifestação contra a fome, a guerra e o czarismo. Como relata Trotsky, as
operárias têxteis, o setor mais oprimido da sociedade russa, passaram por cima
de suas direções socialdemocratas e inauguraram a Revolução de Fevereiro: “O 23
de fevereiro (8 de março no calendário ocidental) era o Dia Internacional da
Mulher. Os elementos socialdemocratas se propunham festejá-lo na forma
tradicional: com assembleias, discursos, manifestos, etc. Ninguém atinou que o
Dia da Mulher pudesse converter-se no primeiro dia da revolução. Nenhuma
organização fez um chamamento a greve para este dia. ...desprezando suas
instruções, se declararam em greve as operárias de algumas fábricas têxteis e
enviaram delegadas aos metalúrgicos pedindo que apoiassem o movimento... É
evidente, pois, que a Revolução de Fevereiro começou por baixo, vencendo a
resistência das próprias organizações revolucionarias; com a particularidade de
que esta espontânea iniciativa ficou a cargo da parte mais oprimida e coagida
do proletariado: as operárias do ramo têxtil” (tomo I da “História da Revolução
Russa”).
A luta das mulheres
venezuelanas, ucranianas, colombianas, palestinas, libanesas e iraquianas é uma
verdadeira bofetada no esforço que faz a burguesia e várias direções
nacionalistas ou teocráticas que dedicam todos os seus esforços para ocultar o
caráter operário e de luta contra a exploração capitalista do Dia Internacional
da Mulher, buscando deturpar o significado dessa data, marcada pela
solidariedade de classe à mulher oprimida e explorada em sua luta heroica
contra o capitalismo, transformando essa homenagem aos mártires do proletariado
internacional feminino numa mera data festiva com flores e palavras
demagógicas. As armas e o combate das mulheres revolucionárias, antifascistas e
anti-imperialistas no planeta nos devolvem e relembram vivamente o real
significado desta data para o proletariado mundial. Os marxistas
revolucionários reafirmamos o 8 de Março como um dia de luta da mulher
proletária contra a opressão e exploração capitalista. O feminismo
pequeno-burguês busca substituir o caráter de classe da opressão da mulher na
sociedade capitalista pela opressão do gênero feminino em geral, confundido a
luta da maioria das mulheres ao colocar um sinal de igual entre a mulher
burguesa e a operária. O melhor exemplo desta farsa é a negativa ao direito
universal ao aborto livre, gratuito, garantido pelo Estado às mulheres
trabalhadoras. A redução de verbas para a educação e à saúde pelo governo Dilma
faz com que as mulheres trabalhadoras não disponham de redes públicas de
creches de qualidade para seus filhos que, muitas vezes, ficam abandonados
durante as horas de trabalho de suas mães. Esta real-polític joga por terra os
festejos e leis demagogas instituídas pelos governos como da frente popular “em
homenagem” às mulheres. Enquanto a mulher burguesa tem à sua disposição, à sombra
da legislação hipócrita, clínicas sofisticadas, dotadas de ambientes adequados,
equipamentos técnicos modernos e profissionais qualificados, a mulher
trabalhadora, quando se vê obrigada a fazer aborto, recorre à dolorosa e
perigosa ajuda clandestina, carente de quaisquer condições mínimas de higiene,
aumentando as estatísticas de mortes e mutilações. O aborto livre, legal e
gratuito para as mulheres operárias deve estar ligado indissoluvelmente à
destruição e superação do capitalismo, a exemplo do que ocorreu na URSS, a
partir da revolução socialista de 1917, onde uma resolução possibilitou que o
aborto deixasse de ser um crime, tornando-se um direito da mulher a partir de
1920. Inversamente, as mulheres estiveram entre os setores do proletariado que
mais perderam com a contrarrevolução capitalista que destruiu a URSS e os
demais Estados operários a partir e 1989. Não só naqueles países como no
restante do globo, além de aumentar a superexploração da mão de obra feminina,
também vem sendo liquidadas uma série de conquistas sociais como o direito ao
aborto, a educação gratuita, creches, proteção a maternidade... por trás da
propaganda enganosa da “emancipação feminina” no mercado de trabalho.
Ao lado dos seus
companheiros de classe, as mulheres trabalhadoras também devem liderar no
Brasil a luta contra a frente popular, pela superação das ilusões
institucionais das massas e pela construção de uma alternativa de poder
revolucionário do proletariado. No combate à investida reacionária imperialista
e a capitulação vergonhosa à reação dos partidos reformistas, os
revolucionários reivindicam o fim da opressão das mulheres como parte
inseparável da luta revolucionária pelo estabelecimento de um governo operário
e camponês. Neste 8 de Março, a LBI além de fazer um justo tributo as mulheres
que lutam contra o neofascismo no planeta, faz um chamado por uma mobilização
nacional pela descriminalização do aborto e pelo direito universal sem qualquer
restrição a todas as mulheres que queiram fazê-lo, bem como a realização do aborto
com acesso gratuito e garantido pelo Estado nos hospitais da rede pública para
as mulheres trabalhadoras. O combate nas ruas da Venezuela, nas selvas da
Colômbia, no Oriente Médio, nas barricadas da Crimeia e no Brasil, deve ser uma
só: na trincheira de luta da mulher operária, contra o imperialismo, o fascismo
e seus governos capitalistas títeres!