Exaurido o farsesco
circo da Ação Penal 470 “famiglia” Marinho dispensa os “serviços” do seu herói JB
A organização mafiosa
Globo, comandada hoje pela trinca de herdeiros do finado “Capo” Roberto
Marinho, decidiu por um fim ao seu “noivado” com o atual presidente do STF,
Joaquim Barbosa, um efêmero “herói nacional” construído pela mídia com o
objetivo específico de defenestrar os antigos dirigentes da corrente política (interna)
do PT, “Articulação dos 113”. A corrente “Articulação”, hoje mais conhecida
como “Campo Majoritário”, surgiu em 1983 através de um “manifesto nacional”
assinado por 113 dirigentes do PT. Neste novo “bloco” partidário majoritário,
composto da fusão das lideranças do grupo sindical do entorno de Lula, membros
da chamada “igreja popular” e de antigos membros da “esquerda revolucionária”
Castrista, se concentrou as decisões políticas que o PT viria a adotar até a
eleição de Dilma Rousseff em 2010. Para a burguesia nacional era necessário, a
partir do novo governo petista, “quebrar” a hegemonia absoluta da “Articulação”
no interior do PT, abrindo caminho para outras tendências abertamente
neoliberais, mais identificadas programaticamente com a presidenta Dilma. Nesta
complexa “operação política” de decepar a cabeça da “Articulação” e ao mesmo
tempo preservar a liderança maior de Lula, a Ação Penal 470 caiu como uma
perfeita luva. O primeiro passo, para a burguesia, foi o de cooptar o relator
do processo no STF, que até então muitos dos “melhores” analistas políticos
supunham “que não ia dar em nada”. A indicação de Joaquim Barbosa para relatar
o processo do chamado “Mensalão” não poderia ser melhor, primeiro porque
tratava-se de um ministro “nomeado” pelo próprio Lula, e segundo era um “negro”
de origem social nas camadas mais pobres da população brasileira, que
protagonizara embates recentes com o ultrarreacionário Gilmar Mendes. Com o
cenário armado e os “atores” já contratados só faltava para a mídia “murdochiana”
acender os refletores e “gravar”, o que viria a acontecer no início de agosto
de 2012 não por coincidência um ano eleitoral...
O farsesco circo do
julgamento da AP 470 transcorreu de forma “espetaculosa”, abraçada pelas
organizações Globo como uma verdadeira trincheira de guerra contra tudo o que
poderia parecer com algum resquício de esquerda ou “socialista”. Logo a bandeira “negra” do
combate a corrupção estatal (é claro que somente da “era lulista”) foi
levantada “heroicamente” por Joaquim Barbosa, da mesma forma feita por Jânio
Quadros e Collor, ambos ex-presidentes que não chegaram a concluir seus
mandatos em virtude da “farsa” eleitoral que armaram para chegar ao Planalto.
Os Marinho abstraíram esta lição da história, mas JB não, e cobrou da Globo a
promessa feita a ele de que seria o próximo presidente da república. Afinal se a Globo “nomeou” para chefe da nação um “caçador de marajás” porque não elegeria o vestal togado. Mas exaurido o circo do “Mensalão”, com a completa desmoralização midiática
realizada contra as trajetórias de Dirceu, Delúbio e Genoino não havia porque “oferecer”
a conquista do Planalto a Barbosa, no máximo uma vice na chapa do tucano Aécio
e mesmo assim com a certeza de uma rotunda derrota que sequer alcançaria o
segundo turno, além de desconstruir por completo a imagem de “isenção” do
julgamento foreado no STF.
Rompidas as “promessas
do casamento”, que seria celebrado entre Joaquim e os Marinho na rampa do
Planalto em outubro de 2014 , o cheiro fétido de esgoto do falido “pacto” das
elites contra o PT (incluindo o conjunto da esquerda) já começa a contaminar as
redações da mídia corporativa. Primeiro foi JB que está processando
criminalmente um articulista de “primeira linha” de O Globo, Ricardo Noblat,
para logo depois desferir um ataque insano de ódio contra um jornalista da
sucursal de Brasília da revista Época, Diego Escosteguy. Nos bastidores do STF
comenta-se que JB promete ainda maiores retaliações contra os Marinho, que em
vão lhe ofereceram uma vaga para disputar o Senado pelo estado do Rio. Acontece
que o “imperador” fora de época, picado pela sedução do poder de presidir a
Corte de “justiça” maior da nação, não aceita de forma alguma uma mera cadeira
no “esculhambado” Congresso Nacional. Para JB parecia até pouco tempo atrás que
o “céu era o limite”, digo melhor uma “nova caneta dourada” para assinar
decretos no Palácio do Planalto. Como Eduardo Campos (ao que tudo indica ungido para ser o “elemento novo” no segundo turno da corrida presidencial) não cede seu “posto” de
cabeça de chapa nem para o “furacão Marina” e tampouco o “mineirinho do pó” abre
mão de sua vaga nem para seu padrinho FHC, Barbosa foi forçado a concluir que
as promessas de “poder” feitas pela Globo eram tão falsas como as suas “bandeiras”
em defesa da “ética e da probidade pública”. Agora o pseudo ”herói da moral
brasileira” só serve mesmo para os barões da mídia para manter arbitrariamente
preso em regime fechado o ex-guerrilheiro Dirceu, eleito pelas classes
dominantes o inimigo número 1 da nação.
Para a burguesia
nacional, que caminha majoritariamente para avalizar um novo mandato para a “gerentona”
neoliberal Dilma, a AP 470 já é uma página virada da história republicana do
país. Lula foi preservado, mas não postulará a sucessão de Dilma, anulando o
que afirmara para a militância de esquerda da Frente Popular em 2010, ou seja
que o governo da neopetista (sua ex-“chefe de gabinete”) seria apenas de um “mandato
tampão” para o seu retorno em 2014. Já para a classe operária o “legado”
político da AP 470 ficou sendo o recrudescimento do combalido regime
democratizante, desatando uma brutal ofensiva institucional (jurídica e
policial) contra o conjunto dos movimentos sociais. Desgraçadamente uma parcela
da esquerda revisionista, em nome de confrontar os rumos neoliberais
desastrosos dos governos petistas, escolheu dar uma “mãozinha” a farsa do
julgamento do “Mensalão”, jurando uma falsa neutralidade entre “dois campos
burgueses”. Nós Marxistas Revolucionários da LBI, que fomos a primeira corrente
de esquerda no país a se postar como oposição operária ao governo da Frente
Popular, não poderíamos legitimar este monumental ataque das forças
reacionárias ao “campo democrático”, muito conscientes de que o PT na
atualidade não passa de mais um dos instrumentos políticos de dominação da
burguesia contra nosso povo explorado e oprimido.