ESQUERDA MARXISTA ROMPE COM O PT DENUNCIANDO O “AJUSTE” DO
GOVERNO DILMA, ENQUANTO NA ARGENTINA ABRAÇA A CANDIDATURA PRESIDENCIAL DO
ULTRANEOLIBERAL SCIOLI
A corrente política "Esquerda Marxista" (EM)
deliberou recentemente por romper com o PT, após ter militado como tendência
interna do partido por quase uma década. A EM é seção brasileira da CMI,
Corrente Marxista internacional, herdeira política do histórico dirigente
trotsquista inglês Ted Grant. Na Argentina a seção da CMI autodenomina-se como
Corrente Socialista Militante (CSM). Como todos sabem nosso vizinho país
atravessa o segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para o final de
novembro, onde disputam a Casa Rosada dois candidatos e um único programa de
duro ajuste neoliberal. Ao contrário das últimas eleições presidenciais
brasileiras onde a postulante da Frente Popular negou até o último momento ter
a intenção de atacar direitos dos trabalhadores ("Nem que a vaca
tussa"), o candidato do governo da centro-esquerda, Daniel Scioli, promete
promover uma forte desvalorização cambial e "ajustar" a economia
argentina em direção aos fundos internacionais de "investimento". No
Brasil, a EM fez sua autocrítica por ter sido "enganada" por Dilma,
saindo do PT e pedindo sua imediata filiação ao PSOL, sendo duramente atacada
por organizações revisionistas como o PCO que a acusaram "fazer o jogo da
direita". No entanto parece que a trajetória "esquerdista" da EM
não foi totalmente endossada pela CMI, que orientou sua seção na Argentina (CSM)
na direção do apoio ao candidato direitista do governo Kirchner, o reacionário
governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli. A CSM justificou sua
posição de "apoio crítico" na surrada tese mal menor: "Incluso
las condiciones para resistir y enfrentar el ajuste que la burguesía intentará
llevar adelante serán cualitativamente diferentes en un gobierno de Scioli que
en uno de Macri. Es por esto que pedimos el voto crítico a Scioli" (Declaração
política da CSM). O interessante desta velha lógica reformista do "mal
menor" não são seus argumentos, mas o cretinismo de convocar o
proletariado a ser atacado pelo governo burguês mais "democrático". A
grande ironia da situação é que a EM foi duramente criticada no Brasil por esta
mesma lógica que sua "hermana" defende hoje na Argentina, ou seja,
"ruim com Dilma pior sem ela". Dirigentes da esquerda do PT, como
Valter Pomar, que polemizaram acidamente com a decisão da EM de cindir o
partido e o governo petista, abonariam inteiramente as posições da CSM
argentina. É evidente que as posições de colaboração de classe adotadas pela
CSM devem causar intenso "desconforto" no discurso mais "radical"
que assume atualmente a Esquerda Marxista, na véspera do seu tão desejado
ingresso no PSOL, afinal todos os agrupamentos "trotsquistas"
argentinos, inclusive os mais oportunistas como o MST, estão defendendo o Voto Nulo
na segunda volta eleitoral. A EM em seu pedido de ingresso no PSOL pontuou
muito bem a dinâmica dos governos da centro-esquerda neoliberal: "Outra
coisa é que a vitória do Syriza e sua capitulação frente ao mercado financeiro
internacional mostra que o reformismo de esquerda, hoje em dia, encontra
rapidamente o caminho da falência como um partido de esquerda e da classe
trabalhadora quando vai ao governo", só faltou avisar para seus camaradas
portenhos.... posto que o Kirchnerismo já governa há mais de uma década a
Argentina! Das duas uma, ou a CMI desautoriza a posição tomada pela CSM ou
desmoraliza completamente o curso mais à esquerda traçado pela Esquerda
Marxista. Como conhecemos de longa data o revisionismo de Alan Woods (dirigente
da CMI), que ao mesmo tempo em que conspirava com a contrarrevolução na Líbia e
Síria, declarava lealdade absoluta ao governo Chavista na Venezuela (aliado de
Kadaffi e Assad) apostaríamos que sua tendência internacional deverá avalizar a
posição das duas seções... por enquanto. Para os Marxistas Revolucionários está
colocado o combate vigoroso em todo o mundo, das variantes da esquerda burguesa
que aplicam o receituário do "Consenso de Washington", em particular
nos países capitalistas periféricos onde os efeitos da crise financeira
internacional são ainda mais devastadores para o proletariado e o povo pobre.
Tanto Scioli como Dilma são expressão política mais concentrada da demagogia
falida da colaboração de classes, ambos não merecem apoio algum do movimento
operário e popular latino americano.