G-20: IMPERIALISMO PREPARA AÇÃO MILITAR DA OTAN NA SÍRIA SOB O
PRETEXTO DE COMBATER O EI... EM NOME DE UMA “TRANSIÇÃO ACORDADA” PUTIN COMEÇA A
CEDER E SINALIZA ACORDO PARA DEMOVER ASSAD
A reunião do G-20 que ocorreu na Turquia logo após os
atentados terroristas a Paris teve como saldo os preparativos para uma ação
militar da OTAN contra a Síria tendo como pretexto o combate ao EI, tanto que
Obama declarou “Acredito que nossa resposta ao terrorismo internacional vai se
concretizar de maneira muito forte, muito dura, nesta cúpula do G20”. O
encontro contou com a participação de Obama e de Putin, que discutiram
justamente como fica a situação do governo de Bashar Al-Assad em meio a ofensiva
militar que está sendo preparada pelas potências ocidentais. No sábado, na
reunião de Viena, se estabeleceu a necessidade de um “calendário concreto”, que
prevê a formação de um governo de transição em seis meses e a organização de
eleições em dezoito meses, com o imperialismo exigindo a renúncia de Assad e a
Rússia ainda sendo contrária. Pelas informações preliminares divulgadas inclusive
pela imprensa russa sobre a reunião do G-20 ocorrida no domingo (15.11) “O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos
EUA, Barack Obama, concordaram sobre a necessidade de um cessar-fogo na Síria,
bem como de negociações intermediadas pelas Nações Unidas entre as partes em
conflito” (Sputnik, 15.11). Pelas medidas tomadas por
Francois Hollande depois de declarar que “a França está em guerra”, aviões já
começaram a reforçar os ataques aéreos ao território sírio e a repressão aos
imigrantes. Grupos fascistas e neonazistas no interior da França já atacaram e
incendiaram campos de refugiados no lastro desta ofensiva reacionária. A
reunião do G-20 deliberou por redobrar os controles nas fronteiras e nos
aeroportos em uma clara repressão aos refugiados das guerras e conflitos
provocados pelo imperialismo no Oriente Médio e Norte da África. Esta escada de
cunho fascistizante tem o apoio dos EUA e dos membros da OTAN inclusive a
própria Turquia, cujo governo é denunciado por colaborar com o EI no atentado
contra a marcha convocada pela esquerda e em apoio aos curdos que deixou mais
de 100 mortos. Na frente militar, os EUA anunciaram que trabalham com a França
para “aumentar a intensidade dos ataques aéreos” contra o EI, preservando
sempre os grupos “rebeldes” alinhados com a Casa Branca. Por sua vez, a França
já iniciou uma intensa ofensiva de bombardeios contra a cidade síria de Raqa, a
autoproclamada capital dos jihadistas. Ocorre que o imperialismo ianque e
europeu continuam tendo como inimigo principal o governo de Bashar Al-Assad e
na reunião do G-20 ambos pressionaram para arrancar de Putin o compromisso por
uma “transição política na Síria”, o que representa de fato a exigência de
afastamento de Assad, não respeitando a soberania nacional e a vontade do povo
sírio. Desde já denunciamos estas negociações e chamamos o governo russo a não
aceitar os termos nefastos propostos por Obama. Informações da imprensa russa revelam que em nome uma "transição acordada" Putin começa a ceder e sinaliza um acordo com Obama para demover Assad da presidência sendo inclusive este ponto o objeto da conversa reservada entre os dois na cúpula do G-20. Como denunciamos anteriormente,
os atentados em Paris foram uma “boa” oportunidade para a OTAN atacar a Síria,
dando curso aos planos do imperialismo que se viram bloqueados pela entrada da
Rússia na guerra ao lado de Assad. Como internacionalistas proletários nos
postamos contra os bombardeios da França e dos EUA em território sírio que
sequer foram autorizados pelo governo nacional e, muito menos, apoiamos uma
ação da OTAN em nome do combate ao EI. O que fica evidente é que os atentados
em Paris (que podem ter contado com a colaboração do MOSSAD) abriram caminho
para o recrudescimento da ofensiva política e militar contra a Síria e os
imigrantes sobre o pretexto de combater o EI, grupo terrorista “rebelde” que
foi apoiado pela França e os EUA na sua luta por derrubar o governo Assad.
Diante da realidade de um conflito multifacetário, a posição dos
Marxistas-Revolucionários é rechaçar o bombardeio imperialista ao território da
Síria, não assinando nenhum “cheque em branco” para Obama ou Hollande atacar o
país sobre o pretexto de combater o EI. Ao denunciar a agressão imperialista,
no campo militar os trotskistas reafirmam a frente única com Putin e o exército
nacional comandado por Bashar Al-Assad contra os “rebeldes” armados e
financiados pela Casa Branca. Os Comunistas Proletários militam nestas
trincheiras de combate com total independência política e militar das direções
burguesas e nacionalistas que tendem a capitular ao imperialismo (como Putin
deu sinais na reunião do G-20) para forjar uma alternativa revolucionária de poder
dos trabalhadores, guiados por um programa internacionalista!
Ainda que estejamos no campo político e militar da frente única estabelecida entre Putin e Assad para derrotar os aliados da canalha revisionista (os “rebeldes”, EI e Obama) como Marxistas Revolucionários militamos neste terreno de luta com total independência política e de classe diante dos dois governos burgueses que estamos aliados taticamente. Até agora a ação de Putin na Síria tratou-se de uma conduta de autodefesa já que a Rússia está sofrendo um cerco econômico e militar por parte dos EUA (e em um grau menor da UE), com sanções que tem contribuído para aprofundar a crise econômica russa. A perda da base militar na Síria (ameaçada pelo avanço do EI e dos “rebeldes” pró-OTAN) seria um golpe gigantesco contra a capacidade de resistência de Moscou frente ao avanço do imperialismo, que já abocanhou a Ucrânia e outras ex-repúblicas soviéticas, além de manter tropas no Afeganistão. Denunciando estes limites de classe do governo burguês de Putin que via de regra deseja chegar a um acordo "soberano" com o imperialismo como viu-se agora no G-20, os revolucionários estão no campo de batalha político-militar, ombro a ombro com o proletariado russo e seus aliados, forjando as condições para edificar um partido revolucionário internacionalista capaz não só de derrotar o imperialismo na Síria, mas também para superar as direções burgueses (Putin e Assad) que podem a qualquer momento negociar com imperialismo uma rendição vergonhosa em troca de preservar parcialmente seus interesses econômicos e políticos.
Na reunião do G-20, os presidentes dos EUA e da Rússia se
reuniram durante 35 minutos e disseram que “é ainda mais urgente” encontrar uma
solução política para a guerra na Síria depois dos atentados de Paris, sentando assim as bases de um acordo futuro que deve sacrificar Assad. Essas
palavras podem ser interpretadas como o caminho para se buscar um acordo, ainda
mais quando a OTAN irá bombardear a Síria sob o pretexto de combater o EI. No
marco desta ofensiva Obama deseja que Putin se comprometa com a formação de uma
governo de coalização sem Assad, que hoje se alinha ao Irã e ao Hezbolla contra as petromonarquias do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Catar e Iêmen). Por
esta razão Obama declarou que foi um diálogo “construtivo”. Não por acaso, um
representante da delegação dos Estados Unidos, sob a condição de anonimato,
declarou à agência Reuters “O Presidente Obama e o Presidente Putin concordaram
com a necessidade de haver uma transição política liderada pelos sírios, que
seria antecedida por negociações mediadas pelas Nações Unidas entre a oposição
síria e o regime, para além de um cessar-fogo”. Estas conclusões se encaixam
com o calendário da “transição acordada” apontada na reunião de Viena que
precedeu o G-20. Segundo o representante ianque, Obama salientou a importância
de a intervenção russa na Síria se concentrar no combate ao Estado Islâmico e não
contra os “rebeldes moderados”. Já a própria representante russa partilhou uma
mensagem de um utilizador do Twitter que ficou bem impressionado com a
fotografia: "Uma imagem rara de dois líderes mundiais com pontos de vista
diferentes a discutir assuntos como adultos. O mundo precisa de mais momentos
como este”. Do lado russo, o diplomata e conselheiro do Kremlin Iuri Ushakov
(que foi embaixador da Rússia em Washington entre 1999 e 2008) disse que “os
objetivos estratégicos em relação ao combate contra o Estado Islâmico são, numa
questão de princípios, muito similares, mas há diferenças na vertente táctica”.
Por outras palavras, segundo ele, tanto a Rússia como os EUA querem destruir as
forças do Estado Islâmico, mas não se entendem quanto ao caminho para lá chegar,
ou seja, qual o futuro de Assad. Pelo visto, essas diferenças começam a
diminuir com a postura de Putin no G-20.
Sintomático nesta aproximação entre Obama e Putin foi a
declaração da Comissão de Coordenação Nacional (CCN), facção da oposição da
Síria ligada ao ELS: “Apoiamos a posição da Rússia e do Egito e saudamos os esforços russos
para atrair a oposição e as autoridades oficiais para as negociações. Estamos
prontos para um encontro, em qualquer lugar, para iniciar um processo político”.
Neste marco, o representante da oposição expressou esperança de que a Rússia
pressionaria o governo do presidente sírio, Bashar Assad, para “sentar-se à
mesa de negociações” para identificar e implementar uma solução política. Na
terça-feira (10), representantes da CCN, incluindo membros de vários partidos
políticos da oposição síria, chegaram à capital da Rússia para se reunir com
funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros e legisladores russos
antes da segunda rodada internacional em Viena realizada no sábado (14), ou
seja, logo após os atentados. Uma delegação de diplomatas russos se reuniu com
membros da oposição síria durante as negociações sobre a resolução da crise
síria em Viena, Áustria, segundo disse o vice-chanceler russo Mikhail Bogdanov
neste domingo (15): “Tivemos contatos [com a oposição síria] em Viena também.
Eram vários grupos rebeldes em Viena”, disse o vice-chanceler em entrevista
coletiva. O vice-chanceler russo também ressaltou que Moscou está pronta para
criar um centro de coordenação antiterrorista com o Egito, semelhante aos
centros de Bagdá e Amã.
Como se observa estão em curso as negociações para demover
Assad após os ataques da OTAN na Síria e formar um governo de transição, o que representa um duro golpe contra a luta aintiimperialista e no combate aos "rebeldes" financiados pelas potências capitalistas e Israel. Esta perspectiva foi mais claramente
traçada em Viena. Os chefes da diplomacia de 17
países, liderados pelos Estados Unidos e Rússia, fixaram um calendário concreto
para a transição política na Síria, mas sem chegar a um acordo sobre o destino
do presidente Bashar al Assad. Os negociadores concordaram em organizar um
encontro entre o regime de Damasco e representantes da oposição antes de 1º de
janeiro, a formação de um governo de transição nos próximos seis meses e a
organização de eleições dentro de 18 meses. Em um comunicado comum chegaram a um acordo sobre a necessidade de reunir o governo sírio e representantes da
oposição em negociações formais, patrocinadas pela ONU, tão logo seja possível.
A Rússia apoiou a proposta de um cessar-fogo e um “processo dirigido pelos
sírios”, que dentro de seis meses deve redigir uma Constituição. “Seguimos
divergindo sobre o que acontecerá com Bashar al Assad”, assegurou o secretário
de Estado americano John Kerry, em coletiva conjunta com seu colega russo,
Serguei Lavrov, e o representante da ONU para a Síria, Staffan de Mistura. “Concordamos
que o futuro da Síria será decidido apenas pelo povo sírio”, avisou Lavrov.
Ainda que estejamos no campo político e militar da frente única estabelecida entre Putin e Assad para derrotar os aliados da canalha revisionista (os “rebeldes”, EI e Obama) como Marxistas Revolucionários militamos neste terreno de luta com total independência política e de classe diante dos dois governos burgueses que estamos aliados taticamente. Até agora a ação de Putin na Síria tratou-se de uma conduta de autodefesa já que a Rússia está sofrendo um cerco econômico e militar por parte dos EUA (e em um grau menor da UE), com sanções que tem contribuído para aprofundar a crise econômica russa. A perda da base militar na Síria (ameaçada pelo avanço do EI e dos “rebeldes” pró-OTAN) seria um golpe gigantesco contra a capacidade de resistência de Moscou frente ao avanço do imperialismo, que já abocanhou a Ucrânia e outras ex-repúblicas soviéticas, além de manter tropas no Afeganistão. Denunciando estes limites de classe do governo burguês de Putin que via de regra deseja chegar a um acordo "soberano" com o imperialismo como viu-se agora no G-20, os revolucionários estão no campo de batalha político-militar, ombro a ombro com o proletariado russo e seus aliados, forjando as condições para edificar um partido revolucionário internacionalista capaz não só de derrotar o imperialismo na Síria, mas também para superar as direções burgueses (Putin e Assad) que podem a qualquer momento negociar com imperialismo uma rendição vergonhosa em troca de preservar parcialmente seus interesses econômicos e políticos.