domingo, 15 de novembro de 2015

ESQUERDA REVISIONISTA QUE HOJE CONDENA OS “BÁRBAROS E REACIONÁRIOS FUNDAMENTALISTAS” QUE ATACARAM PARIS, ONTEM OS QUALIFICAVA DE “BRAVOS REBELDES DA PRIMAVERA ÁRABE”


Quando o coronel Muamar Kadaffi, então presidente da Líbia, denunciou ao mundo o papel protagonista da Al Qaeda na contrarrevolução que levou a derrubada de seu regime político e aniquilou o país, os grupos revisionistas das mais variadas tonalidades afirmaram que se tratava de um "delírio total de um ditador fracassado". Logo depois da OTAN e seus aliados da Al Qaeda terem conseguido conquistar Tripoli, sob a bandeira de uma falsa "revolução", a organização fundamentalista financiada e armada pela CIA resolveu mudar seu nome para "Levante Árabe", a partir deste momento partiram com força militar e suporte logístico do MOSSAD para combater em outra "revolução", desta vez na Síria, contra outro inimigo histórico do gerdame sionista, o governo Assad. O núcleo central da antiga Al Qaeda iraquiana, já denominado de "Levante Árabe" decide mudar novamente de nome passando a atender pelo pomposo "Estado Islâmico". Neste período em que Assad parecia caminhar para o mesmo fim de Kadafi, todos saudaram o EI como uma genuína organização de "rebeldes" em luta contra a "ditadura sangrenta na Síria". Porém algo começa a sair do controle do imperialismo e Assad resiste a ofensiva fundamentalista que o acusava de "ateísmo socialista". O EI também não se comportava mais como a velha Al Qaeda, com qual rompe definitivamente relações em 2013. Proclamando um califado independente em uma região situada entre o Iraque e a Síria, o EI passa a atacar outros destacamentos militares de oposição armada ao regime Assad, como o Exército Livre da Síria. Passando a se proclamar como a única representação do povo sunita, o EI recebe o apoio de algumas lideranças tribais da região, o que desagradou profundamente o governo títere do Iraque e seu mantenedor os EUA. Dos simpáticos "rebeldes" da revolução árabe que "varriam com as ditaduras", o EI foi requalificado pela esquerda revisionista como "bárbaros terroristas" no exato momento em que a Casa Branca e sua mídia murdochiana passaram a satanizar seus antigos aliados. Para que nossos leitores não considerem um exagero o que afirmamos contra os oportunistas que falam em nome do Trotskismo vejam como a LER/MRT tanto considerava os "rebeldes"  da primavera árabe : "Contra aqueles que veem o regime de Assad como progressista e anti-imperialista e afirmam que não está reprimindo uma luta popular, mas defendendo-se da tentativa dos EUA e Israel de derrotá-lo, sustentamos que na Síria há em curso uma luta legítima contra um regime ditatorial que estourou em março de 2011 como parte do processo mais geral da ‘primavera árabe’.(Maio de 2013)". Para não repetirmos as mesmas considerações contra os outros agrupamentos da família revisionista (PSTU, PCO, EM, OT, CST etc..) basta lembrar que todos comemoram a queda de Kadaffi pelas mãos dos "rebeldes" como um "fato revolucionário". Entretanto diz um velho ditado chinês "quem cria escorpiões um dia acaba sendo picado", e o EI acabou saindo parcialmente do controle de Obama, mas talvez nem tanto de Netanyahu... Mesmo assim é bom destacar que poucas horas antes dos ataques a Paris o representante do governo Hollande na cúpula de Viena sobre o conflito na Síria, se negava a chancelar a atuação da Rússia contra o EI alegando que o inimigo central ainda era Assad. Com a mesma lógica do imperialismo atua o revisionismo, para estes o pior adversário não são os jihadistas e sim os regimes nacionalistas burgueses da região. Porém no calor da onda midiática contra o atentado terrorista ocorrido na "cidade luz" todos se escandalizam, quando há cerca de um mês atrás o mesmo EI atacou uma marcha de ativistas na Turquia , matando mais de cem militantes da esquerda, os supostos "trotskistas" não se dispuseram a publicar uma única linha em suas páginas eletrônicas, a única exceção mais uma vez ficou por conta da LBI! Ainda é cedo para caracterizar a dinâmica geral da conjuntura nacional francesa após os ataques da última sexta-feira, mais além da evidente e profunda inflexão direitista do regime da V República. Não sabemos ainda se Hollande sob pressão popular aceitaria romper suas relações secretas com o EI, ou seguirá determinado a eliminar Assad a qualquer preço. Quanto ao revisionismo deverá trilhar a linha do oportunismo, oscilando entre a posição oficial do imperialismo e seu "secular" ódio de classe contra os regimes nacionalistas e stalinistas.