PRISÃO DO SENADOR DELCÍDIO: NÃO ADIANTA NADA SER PETISTA NEOLIBERAL LAVA JATO QUER "TERRA ARRASADA" CONTRA
TODA A FRENTE POPULAR E ALIADOS
A prisão do senador mato-grossense Delcídio Amaral líder do
governo na Casa, por determinação da famigerada operação Lava Jato, pegou de
surpresa não só a cúpula do PT mas também todo o universo político brasileiro.
A prisão de Delcídio teve o aval de uma Turma do STF, que acatou o pedido do
Procurador Geral da República baseado em uma fita de áudio onde o senador
sugere ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (preso em Curitiba) uma rota de fuga do país.
O ministro do STF relator da Lava Jato, Teori Zavascki, determinou a prisão de
um membro do Congresso Nacional considerando que o parlamentar incorreu em
"flagrante delito" ao comandar um esquema criminoso em pleno
andamento. O plenário do Senado foi convocado imediatamente para referendar ou
não a decisão do STF. A direção nacional do PT logo emitiu um pronunciamento
atirando Delcídio as "feras" da Lava Jato, apesar do papel de
destaque que ocupava no partido e no próprio governo Dilma. A blogosfera "chapa
branca" seguiu a mesma orientação cínica do PT qualificando Delcídio de
"o mais tucano dos senadores petistas". O fato é que Delcídio era o
responsável no Senado de encaminhar a pauta do "ajuste" e "austeridade"
coordenada pelo ministro Levyano. Homem de confiança da anturrage palaciana,
fazia a dupla monetarista "cara de pau" com o líder do governo na
Câmara dos Deputados, José Guimarães. Delcídio pensava que servindo aos
interesses do "mercado" estaria protegido da sanha da Lava Jato, até
então focada nas lideranças de esquerda do PT, como o ex-ministro José Dirceu e
João Vacari. Porém a prisão do agro-empresário Carlos Bumlai, agente e amigo de
Lula, no dia anterior apontava que a "República do Paraná" tem como
próximo passo cercar e acuar o ex-presidente operário. Não resta há menor
dúvida que o conjunto do PT e seu arco de sustentação política reproduziu o
velho "metiê" da cobrança de "comissões" (propinas como a
mídia corporativa gosta de chamar) em cada operação comercial praticada pelo
estado burguês. Entretanto caracterizamos as prisões e fustigamentos jurídicos
da Lava Jato voltadas exclusivamente a eliminar do mapa nacional a influência
política do PT. Não por acaso o centro estratégico da Lava Jato é exaurir a
Petrobras e as empreiteiras brasileiras que estabelecem parceria com a estatal.
Não somos ingênuos e denunciamos os interesses diretos das transnacionais
imperialistas na quebra das reservas nacionais, "legitimadas" agora
pela desmoralização midiática das estatais e de grandes empresas brasileiras. O
governo Dilma é cúmplice deste processo de ofensiva neoliberal contra a
economia do país e por isso também se acovarda diante da Lava Jato. Não
defenderemos a inexistente "honra" de um senador que faz a apologia
das privatizações e arrocho salarial dos trabalhadores, mas nem por isso deixaremos
de pontuar vigorosamente o caráter reacionário e antinacional da operação Lava
Jato.
A prisão de Delcídio veio acompanhada do banqueiro André
Esteves, controlador majoritário do banco de investimentos BTG Pactual, sócio
da Petrobras em vários empreendimentos. Esteves é considerado um dos rentistas
mais prósperos do continente, amealhou sua fortuna durante o governo FHC, no
processo da privataria tucana onde atraiu investidores para a
"generosa" compra de ações das estatais a "preço de banana"
e ainda por cima financiadas pelos fundos de pensões e o BNDES. No governo Lula
continuou o mesmo "modelo" e seu banco virou parceiro de grandes
projetos estatais. Amigo íntimo de tucanos e petistas neoliberais, acabou
envolvido nas "lambanças" do senador "pateta" sendo
flagrado na mesma gravação realizada pelo filho de Cerveró. Como já afirmamos
centenas de vezes a prática secular das "comissões" que envolvem
todos as transações do estado burguês não foi inventada pelo PT, tampouco
trata-se de um "desvio ético" da maioria esmagadora dos políticos,
são produto das relações de produção e troca com o regime capitalista, permeiam
todos os governos republicanos desde Deodoro a Dilma. O fato dos personagens do
mercado serem os mesmos tanto na era FHC como na gestão da Frente Popular
comprova nossa tese marxista, a única mudança ocorre com os protagonistas políticos,
comandados hoje pelo PT e aliados.
Muitos analistas políticos devem estar se perguntando porque
o STF e a PGR que tem provas de corrupção na Lava Jato contra tantos
parlamentares (senadores e deputados) e nunca prendeu ninguém resolveu mandar
encarcerar justamente o líder do governo no Senado, personagem que teve
investigações sustadas meses antes pelo próprio Teori Zavascki. Acontece que a
"emboscada" armada pelo próprio Delcídio para enrolar o filho de
Cerveró, considerado equivocadamente um "pobre tolo" pelo "esperto"
senador deu "merda". Gravado, Delcídio promete "mundos e
fundos" para o jovem convencer o silêncio do pai em troca de uma fuga
mirabolante bancada por ele, mas caiu na idiotice de citar ministros do STF. A
gravação vazou depois de chegar nas mãos de Moro em sua "República do
Paraná" que comunicou a Corte Suprema da gravidade da situação. Não
restava outra alternativa aos ministros do STF, que até então mantinham certa
distância (quando a questão envolvia parlamentares) da sanha oposicionista da
equipe dos "intocáveis " de Moro e Fernando Lima. Rompe-se assim uma
salvaguarda histórica do parlamento, assegurada pela constituição federal,
porém o mais relevante nesta conjuntura é o "espírito de corpo"
formado pelo conjunto dos togados do STF contra o PT.
A detenção de Delcídio nesta condição de desmoralização
completa de suas "atividades" de liderança do governo petista
reacende a crise política e joga lenha na fogueira da oposição tucana. Mal deu
para a base aliada respirar o interregno do colapso do governo. Não que haja risco
de um iminente "golpe de estado" como quer novamente alardear a
esquerda planaltina. O Congresso Nacional deverá antecipar na prática seu
recesso de fim de ano para escapar de novos vexames. A pauta do ajuste, ao
contrário do que afirmou a oposição Demo-Tucana, ganha força com um governo
cada vez mais fraco e refém das máfias parlamentares como a de Cunha. A Lava
Jato "turbinada" com a prisão de Delcídio segue no encalço pessoal de
Lula, que poderá receber más notícias da prisão de seus familiares em breve. Na
população desorganizada o ódio concentrado a corrupção estatal generalizada não
será capitalizado pela esquerda revolucionária, estas camadas sociais ainda
estão muito longe de compreender que somente a revolução socialista poderá
eliminar o sistema de acúmulo patrimonialista dos políticos no regime burguês.
Um cenário fértil para o surgimento de novos "salvadores da
pátria"...