terça-feira, 12 de abril de 2016

38 CONTRA 27 NA COMISSÃO DO IMPEACHMENT: NEM DERROTA NEM VITÓRIA DO GOVERNO REFLETE O IMPASSE DA BURGUESIA SOBRE O QUE 
FAZER COM DILMA


A votação ocorrida ontem à noite na Comissão Especial do Impeachment instaurada na Câmara dos Deputados revelou o atual impasse da burguesia nacional diante da aguda crise política do governo da Frente Popular. Com o placar de 38 votos a favor do impeachment e 27 contra nem a oposição conservadora pôde comemorar o triunfo do "golpe" e tampouco a base aliada governista conseguiu um alívio mais consistente. O resultado da indicação de voto das lideranças partidárias na mesma Comissão ainda é mais apertado 11 a 11 e algumas liberações de bancada. Como o bloco opositor necessita de 2/3 do plenário da Casa para aprovar o começo do trâmite institucional do impedimento da presidente da república podemos constatar pela votação de ontem que as duas alas parlamentares da burguesia estão no limite de conquistarem seu objetivo: Apear ou segurar mais um pouco Dilma no Palácio do Planalto. Apesar de não ter obtido a maioria qualificada na Comissão, o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que foi favorável à abertura do processo do impeachment, segue ao plenário da Câmara e possivelmente será celeremente votado no próximo domingo 17/04. Ambos prognósticos, tanto do bando capitalista reacionário de direita quanto de sua outra versão política "democrática de esquerda", apontam um desfecho muito "apertado", levando em consideração a gravidade da deliberação a ser tomada pelo parlamento brasileiro. O impasse das classes dominantes, na qual o PT representa um mero gerente estatal, é produto da etapa histórica que atravessamos, ou seja, o esgotamento de um ciclo econômico mundial lastreado pela valorização das commodities e também pelo extraordinário crescimento capitalista da China. Os consecutivos governos da Frente Popular se alimentaram desta bolha internacional de crédito e acreditaram que teriam a "gratidão eterna" da burguesia pelos serviços prestados. O PT destilou a trágica ilusão que "mudou a cara do país", beneficiando milhões de pessoas no acesso ao mercado de consumo. Porém não o foi o PT que operou este "neomilagre" brasileiro, mas sim o período capitalista virtuoso que induziu o surgimento da chamada "classe C"! O programa gerencial do PT foi tão neoliberal quanto do seu antecessor, o velhaco da privataria tucana FHC, a única diferença residia justamente na etapa histórica totalmente distinta. Os rentistas e latifundiários do agro-negócio ganharam mais dinheiro com Lula e Dilma, entretanto como ratos que são pulam fora do barco da Frente Popular em pleno naufrágio político. Porém mesmo em época de escassez capitalista, Dilma seguiu fielmente o ditado do capital financeiro e aplicou um duro ajuste fiscal e tributário contra as massas trabalhadoras e populares, gerando uma sensação de estelionato eleitoral. Com a economia estagnada e os "investimentos" estatais congelados pela famigerada "Lava Jato", a burguesia esperava encurtar o mandato de Dilma estabelecendo uma transição pactuada com o próprio PT. Mas a dinâmica da crise do regime democratizante vem se acelerando e nesta altura é impossível cravar uma aposta minimamente segura. Se Dilma escapar desta primeira "dentada" dos vampiros Temer e Cunha no Congresso não conseguirá completar seu mandato. Se Dilma perder já no domingo a burguesia tratará de agilizar o afastamento da dupla de bandidos convocando novas eleições presidenciais pela via direta ou indireta. A única certeza para o capital é a necessidade de semear um caminho mais estratégico para seus negócios, ao que tudo indica um novo governo bonapartista encabeçado pelo "justiceiro" Sérgio Moro.