sábado, 16 de abril de 2016

OS "TRAIDORES" DE HOJE SÃO OS HERÓIS DE ONTEM: FRENTE POPULAR SEMEOU O TERRENO DE SUA PRÓPRIA DERROTA POLÍTICA


Parece um cenário surreal, montado pelo mestre Salvador Dalí, onde os pérfidos "traíra" de hoje são os mesmos heróis de ontem. Estamos é claro falando dos "capitães do golpe" parlamentar contra o governo Dilma, começando pelo comandante em chefe do seu  "Estado maior", Michel Temer, que não faz muito tempo foi alçado à função política de "primeiro ministro" informal da gestão petista em plena crise institucional. A "tropa" dos bandidos chefiada agora por Temer é formada por velhos parceiros do PT, que desde 2002 seguiram em aliança eleitoral com Lula para garantir a continuidade do programa neoliberal do falido tucanato. São na verdade a mesma "base aliada" parlamentar das quatro gerências estatais consecutivas da Frente Popular. A conjuração de quadrilheiros que hoje saliva por ocupar o Palácio do Planalto, abarcando figuras de proa como Sarney, Cabral/Pezão, Maluf, Kassab, Padilha, Jucá etc...ainda conta com um "generoso" naco da fatia estatal, sob controle atual do PT.  Eram considerados amigos fiéis do projeto estratégico de colaboração de classes da Frente Popular. Estiveram juntos e sem manifestar divergência alguma na aplicação do covarde ajuste neoliberal contra os direitos dos trabalhadores. Porém a conjuntura "virou" mas grande parte do "trabalho sujo" já foi realizado por Dilma, que neste momento já pode ser descartada em meio a profunda recessão econômica capitalista que se avizinha. As hienas "ex-aliadas" estão sedentas pela "carcaça" do Estado burguês que a Frente Popular deixou de herança após a "fartura" das commodities no mercado mundial. Entretanto existem ainda, fruto desta época, as reservas cambiais do país  depositadas no FED e quase sem rendimento algum, enquanto nosso "patriota" BC paga aos rentistas da dívida interna juros reais de cerca de trinta por cento ao ano (Selic+Spread). Bastou a menor e inofensiva ameaça dos "neodesenvolvimentistas" do PT em "mexer um pouco" nas reservas cambiais para induzir o reaquecimento da economia, para que a chamada "base aliada" se insurgisse contra o governo, seguindo a orientação do "farol" da Casa Branca. O resultado político foi explosivo para Dilma, gerando a fusão de todas as forças oligárquicas do país, antigas aliadas do PT, com a oposição da direita tucana e seu braço midiático "global". É bem verdade, para se fazer justiça com a história, que não se pode qualificar a falange de criminosos comandada por Temer de "traidores", se alguém traiu nesta "novela" de rapinagem foi o próprio PT que enganou o povo brasileiro com o discurso do combate a retirada dos direitos sociais e econômicos, isto sem falar da prometida "veste ética" da gestão estatal. O caráter social da composição política dos governos petistas (PMDB, PP, PSD, PTB, PR PDT etc..), não deixava qualquer dúvida acerca do programa capitalista neoliberal impulsionado contra a classe operária e o povo pobre. Porém a burguesia nacional segue dividida mesmo diante da debandada palaciana. O placar do impeachment na Câmara tende a ser definido por uma diferença de apenas dez votos. Um governo com o timbre "Temer" é absolutamente temerário para os interesses do capital financeiro. A saída preparada pelas classes dominantes diante do debacle político do governo Dilma passa pela convocação de novas eleições, possivelmente em 2017. Foi sintomática e lúcida a declaração proferida ontem (15/04) pelo patrono da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro: "Um governo Temer não vai resolver o problema da corrupção no Brasil". Moro pretende ocupar ele mesmo a cadeira presidencial e assim iniciar um governo com características bonapartistas no país, sob o mito de "erradicar a corrupção". A tentativa da esquerda reformista em apresentar a "rasteira" parlamentar do até ontem "fiel" PMDB contra Dilma como um "golpe de estado" é completamente ridícula. A verdadeira mudança no regime institucional vigente está sendo maturada com o desenrolar da operação "Lava Jato", a qual o PT e seu governo continuam apoiando cegamente! Falar em "atentado a democracia" os que defendem uma lei antiterrorismo para criminalizar os movimentos sociais e silenciam sobre os massacres diários das PM's contra negros e pobres das periferias, seria cômico se não fosse trágico, ou seja, estes covardes senhores governam a nação! Sobrevivendo ou não a batalha do próximo domingo, a Frente Popular está gravemente ferida (não completará seu mandato), mas já causou o maior prejuízo político as futuras gerações de militantes de esquerda ao cultuar o altar da democracia burguesa como a "pauta sagrada"  da luta dos trabalhadores. Para os Comunistas Revolucionários o norte do socialismo e da demolição do regime da democracia dos ricos continua sendo a nossa chama de combate!