OS "TRAIDORES" DE HOJE SÃO OS HERÓIS DE ONTEM:
FRENTE POPULAR SEMEOU O TERRENO DE SUA PRÓPRIA DERROTA POLÍTICA
Parece um cenário surreal, montado pelo mestre Salvador
Dalí, onde os pérfidos "traíra" de hoje são os mesmos heróis de
ontem. Estamos é claro falando dos "capitães do golpe" parlamentar
contra o governo Dilma, começando pelo comandante em chefe do seu "Estado maior", Michel Temer, que
não faz muito tempo foi alçado à função política de "primeiro
ministro" informal da gestão petista em plena crise institucional. A
"tropa" dos bandidos chefiada agora por Temer é formada por velhos
parceiros do PT, que desde 2002 seguiram em aliança eleitoral com Lula para
garantir a continuidade do programa neoliberal do falido tucanato. São na
verdade a mesma "base aliada" parlamentar das quatro gerências
estatais consecutivas da Frente Popular. A conjuração de quadrilheiros que hoje
saliva por ocupar o Palácio do Planalto, abarcando figuras de proa como Sarney,
Cabral/Pezão, Maluf, Kassab, Padilha, Jucá etc...ainda conta com um
"generoso" naco da fatia estatal, sob controle atual do PT. Eram considerados amigos fiéis do projeto
estratégico de colaboração de classes da Frente Popular. Estiveram juntos e sem
manifestar divergência alguma na aplicação do covarde ajuste neoliberal contra
os direitos dos trabalhadores. Porém a conjuntura "virou" mas grande
parte do "trabalho sujo" já foi realizado por Dilma, que neste
momento já pode ser descartada em meio a profunda recessão econômica
capitalista que se avizinha. As hienas "ex-aliadas" estão sedentas
pela "carcaça" do Estado burguês que a Frente Popular deixou de
herança após a "fartura" das commodities no mercado mundial.
Entretanto existem ainda, fruto desta época, as reservas cambiais do país depositadas no FED e quase sem rendimento
algum, enquanto nosso "patriota" BC paga aos rentistas da dívida
interna juros reais de cerca de trinta por cento ao ano (Selic+Spread). Bastou a
menor e inofensiva ameaça dos "neodesenvolvimentistas" do PT em
"mexer um pouco" nas reservas cambiais para induzir o reaquecimento
da economia, para que a chamada "base aliada" se insurgisse contra o
governo, seguindo a orientação do "farol" da Casa Branca. O resultado
político foi explosivo para Dilma, gerando a fusão de todas as forças
oligárquicas do país, antigas aliadas do PT, com a oposição da direita tucana e
seu braço midiático "global". É bem verdade, para se fazer justiça
com a história, que não se pode qualificar a falange de criminosos comandada
por Temer de "traidores", se alguém traiu nesta "novela"
de rapinagem foi o próprio PT que enganou o povo brasileiro com o discurso do
combate a retirada dos direitos sociais e econômicos, isto sem falar da
prometida "veste ética" da gestão estatal. O caráter social da
composição política dos governos petistas (PMDB, PP, PSD, PTB, PR PDT etc..),
não deixava qualquer dúvida acerca do programa capitalista neoliberal
impulsionado contra a classe operária e o povo pobre. Porém a burguesia
nacional segue dividida mesmo diante da debandada palaciana. O placar do
impeachment na Câmara tende a ser definido por uma diferença de apenas dez
votos. Um governo com o timbre "Temer" é absolutamente temerário
para os interesses do capital financeiro. A saída preparada pelas classes
dominantes diante do debacle político do governo Dilma passa pela convocação de
novas eleições, possivelmente em 2017. Foi sintomática e lúcida a declaração
proferida ontem (15/04) pelo patrono da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro: "Um
governo Temer não vai resolver o problema da corrupção no Brasil". Moro
pretende ocupar ele mesmo a cadeira presidencial e assim iniciar um governo com
características bonapartistas no país, sob o mito de "erradicar a
corrupção". A tentativa da esquerda reformista em apresentar a "rasteira" parlamentar
do até ontem "fiel" PMDB contra Dilma como um "golpe de
estado" é completamente ridícula. A verdadeira mudança no regime
institucional vigente está sendo maturada com o desenrolar da operação
"Lava Jato", a qual o PT e seu governo continuam apoiando cegamente!
Falar em "atentado a democracia" os que defendem uma lei
antiterrorismo para criminalizar os movimentos sociais e silenciam sobre os
massacres diários das PM's contra negros e pobres das periferias, seria cômico
se não fosse trágico, ou seja, estes covardes senhores governam a nação!
Sobrevivendo ou não a batalha do próximo domingo, a Frente Popular está gravemente
ferida (não completará seu mandato), mas já causou o maior prejuízo político as
futuras gerações de militantes de esquerda ao cultuar o altar da democracia
burguesa como a "pauta sagrada"
da luta dos trabalhadores. Para os Comunistas Revolucionários o norte do
socialismo e da demolição do regime da democracia dos ricos continua sendo a
nossa chama de combate!