O governo Dilma neste domingo, 17 de abril, talvez tenha
amargado sua derrota fatal, com forte gosto de "traição" de antigos
"companheiros" das oligarquias burguesas que até pouquíssimo tempo
habitavam a chamada "base aliada" da Frente Popular no Congresso
Nacional. Os tradicionais parceiros do PT como a família Sarney, Cabral&Pezão,
Edir Macedo e todos seus pastores parlamentares, Maluf e o PP, o PSD do
ministro Kassab, PR etc "roeram a corda" para aliar-se ao rato Temer...Um
fato ainda mais ridículo foi o literalmente "até ontem" Ministro da
Aviação Civil, Mauro Lopes (PMDB-MG) votar pelo impeachment quando foi
"liberado" por Dilma para votar contra! O prefeito do Rio, Eduardo
Paes, tido como "amigo íntimo" de Lula ao ponto de trocar
confidências por telefone, que lhe presenteou com verbas milionárias das
Olimpíadas, mandou seu secretários municipais se licenciarem para literalmente votarem
todos contra o Planalto! Mesmo o PDT agora sob o comando dos Gomes teve muitas
"baixas" contra a aprovação do impeachment. Ao lado do governo apenas
PT, PSOL e PCdoB mantiveram a fidelidade integral ao mandato de Dilma. Com a
decisão da Câmara o golpe institucional avançou a passos largos e ainda que o
Senado tenha a decisão final, a ser realizada em duas votações (uma por maioria
simples e outra qualificada de 2/3) será muito difícil reverter a dinâmica
política imposta a partir deste domingo. Faltaram cerca de trinta votos para
que o governo conseguisse barrar o golpe parlamentar ainda na Câmara, não era
muito considerando que bastava que apenas o PSD ou o PR, que detinham
ministérios importantes do governo, fechassem questão contra a admissibilidade
do impeachment. O PP, que detém cerca de 40 votos na Câmara, poderia ter ao
menos se dividido e assim já complicaria os planos de Temer e Cunha assumirem o
Planalto, porém nada disto ocorreu, pelo contrário, essas siglas votarem em
peso pelo impeachment de Dilma, no PP apenas 04 votaram com o Planalto! O PR
que tinha declarado apoio formal ao governo só garantiu 09 votos... Com esse
resultado, a Frente Popular sai gravemente ferida deste processo, e não falamos
simplesmente do aspecto institucional e suas consequências da perda do aparelho
estatal. Será imenso o desgaste político diante das massas de ter acumulado
aliados burgueses reacionários, que foram muito úteis para aplicar o ajuste
neoliberal contra as conquistas do povo trabalhador, mas que se revelaram
"escorpiões" para defender o mandato presidencial do PT. A próxima
"batalha parlamentar" que se aproxima no Senado, já se anuncia
perdida para o governo do PT, que deverá se preparar para colher um retumbante
fiasco eleitoral nas próximas eleições municipais. É certo que o PT ainda detém
um forte potencial político para uma futura eleição presidencial em 2018, ou
antes caso a burguesia decida "caçar" também Temer e Cunha. Porém não
se sabe ainda em que condições programáticas Lula e o PT se apresentarão em uma
nova rodada eleitoral, se com a velha cara do discurso da necessidade do ajuste
neoliberal ou com uma renovada demagogia populista de esquerda. O certo é que a
ofensiva ideológica e jurídica institucional (estado de exceção) da direita
ganha um alento importante com a aprovação do impeachment de Dilma, que apostando
todas as fichas de sua defesa na esfera parlamentar colheu (parceiros
fisiológicos burgueses) uma tremenda derrota política. A Frente Popular sequer
mobilizou suas bases sindicais e populares para uma greve geral contra o
impeachment, se limitou a impulsionar atos (de características eleitorais) com
artistas e personalidades culturais quando atingiu o melhor momento da
resistência contra a ofensiva da direita. Uma derrota vergonhosa sem um chamado
de luta para as massas proletárias, assim podemos caracterizar a conduta covarde
da Frente Popular diante da grave crise política que foi acometida. O
proletariado deve abstrair todas as lições de mais esta derrota da estratégia
de colaboração de classes, para poder organizar de forma independente o combate
a ofensiva imperialista que atingiu um novo patamar com a efetivação desta
manobra parlamentar reacionária contra o governo do PT.