quarta-feira, 27 de abril de 2016

POR UM 1º DE MAIO DE COMBATE REVOLUCIONÁRIO A OFENSIVA DA DIREITA GOLPISTA E DE FIRME OPOSIÇÃO A PAUTA NEOLIBERAL DO GOVERNO DILMA! NEM A “DEFESA DA DEMOCRACIA”, NEM “ELEIÇÕES GERAIS” E, MUITO MENOS, “ASSEMBLEIA CONSTITUINTE”! LUTAR POR UMA ALTERNATIVA DE PODER OPERÁRIO! 

Os atos de 1º de Maio deste ano, dia internacional de luta dos trabalhadores, ocorrem no Brasil após a aprovação da admissibilidade do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados e a votação do processo para cassar seu mandato no Senado. Nesse interregno entre os dois atos do “Golpe Institucional” vimos a Frente Popular arrefecer o ânimo da luta das massas contra a direita, com o PT optando por jogar formalmente suas fichas na votação no Senado e depois em um recurso ao STF, mas sem grandes ilusões de reverter o quadro desfavorável à Dilma. Ao que tudo indica Lula e a direção petistas já trabalham com a ascensão de um impopular governo Temer para tentar capitalizar o desastre eleitoralmente em 2018. Essa estratégia é completamente suicida. Além de abortar a resistência de massas contra o “Golpe Institucional” aposta em uma nova gestão neoliberal do PT via a improvável eleição de Lula. Todos os elementos apontam no sentido contrário: a burguesia e o imperialismo devem preparar as condições para a ascensão de Moro ao Planalto para impor uma gerência bonapartista diante da crise do regime, um comando que discipline as frações burguesas em luta no marco de um quadro político-institucional ainda mais fragilizado com o canalha e odiado Temer assumindo a Presidência da República por dois anos. Há ainda a possibilidade da cassação de chapa Dilma-Temer no TSE e a convocação de eleições (diretas ou indiretas) em 2017. O certo é que as classes dominantes e suas frações políticas (oposição demo-tucana, Frente Popular, Rede-PSB) preparam-se para construir uma saída para a crise do governo e do regime político no marco de formulas que estejam dentro da institucionalidade burguesa, todo esse processo tendo aval do PT. Do ponto de vista dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores, desgraçadamente a “esquerda” também comunga dessa estratégia democratizante, tanto que mesmo em campos políticos opostos acusando-se mutuamente de “apoiarem ou não o golpe” convergem na defesa de propostas como “Eleições Gerais” e “Assembleia Constituinte”. Na condição de Comunistas Revolucionários, a militância da LBI se opõe a escalada da direita, ao governo da Frente Popular e a ascensão de Temer apontando a necessidade de forjar uma alternativa de Poder Operário! Trata-se de justamente, como nos ensinou Lênin, de aproveitar a crise dos “nas alturas” para preparar as condições futuras de uma saída dos “de baixo”, ou seja, construir estrategicamente uma alternativa de poder dos trabalhadores da cidade e do campo, uma saída anticapitalista e anti-imperialista em oposição à democracia dos ricos.


CANDIDO ALVAREZ – JORNALISTA, EDITOR DO BLOG DA LBI
MARCO QUEIROZ – ADVOGADO, PORTA-VOZ DA LBI
HYRLANDA MOREIRA – SECRETÁRIA NACIONAL DA TRS
AUGUSTO CÉSAR - OPOSIÇÃO BANCÁRIA - MOB/CE
CIDA ALBUQUERQUE - OPOSIÇÃO DE LUTA FORTALEZA/CE
ANTONIO SOMBRA - COMANDO DA GREVE EM CURSO PROFESSORES/CE
TOINHA SILVA - SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS/CE
AUGUSTO FILHO - DELEGADO SINDICAL BANCO DO BRASIL/RN
AURIMAR FEITOSA - OPOSIÇÃO PETROLEIRA/RN
ROBERTO CALDEIRA – OPOSIÇÃO RODOVIÁRIOS GUARULHOS/SP
ISABEL TEIXEIRA - OPOSIÇÃO METALÚRGICA GUARULHOS/SP
BEATRIZ BERGOCI – PRES. GRÊMIO ESTUDANTIL GUARULHOS/SP
RICARDO FABIO - OPOSIÇÃO DOS GRÁFICOS/RS 

Neste caminho nossa primeira tarefa é denunciar o “Golpe Institucional”. A oposição demo-tucana, a Rede Globo e o Juiz Moro via a Operação Lava Jato criaram as condições para através do parlamento ser cassado o mandato da presidente Dilma. Não está em curso um movimento progressista para derrubar o governo do PT como alega o PSTU, é uma orquestração dos setores mais reacionários e corruptos da sociedade brasileira que visam entregar completamente a economia nacional ao controle dos trustes imperialistas. Contra essa artimanha a Frente Popular apostou todas suas fichas na votação na Câmara dos Deputados patrocinando ilusões parlamentares, porém foi derrotada pelos aliados “de ontem” que faziam parte da base aliada e controlavam vários ministérios (Maluf, Kassab, Jucá, Cabral, Paes, Pezão...). Houve então um refluxo natuaral que foi alimentado pela direção do PT e da CUT. Neste momento a Frente Popular vai utilizar os atos de 1º de Maio convocados pela CUT para mais uma vez bradar que “Não vai ter Golpe” quando na verdade não convoca nenhuma luta concreta, sequer uma paralisação nacional contra o impeachment. Sua estratégia é respeitar as decisões das carcomidas instituições do regime para tentar pela via eleitoral em 2018 a volta de Lula ao Planalto. Até mesmo o chamado a “Greve Geral” está subordinado a essa orientação de colaboração de classes. Os trabalhadores não tem nada a ganhar com essa estratégia. Os próximos meses serão de aumento do desemprego e do custo de vida, com o ônus da crise capitalista sendo jogado nas costas dos trabalhadores. Devemos lutar contra o ajuste neoliberal em curso ainda levado a cabo pelo moribundo governo Dilma e preparar-se para combater o rato direitista Temer pela via da ação direta (greves, mobilizações, atos de rua, ocupações de fábrica) fortalecendo a resistência de classe a ofensiva patronal sob a gerência do PT ou do PMDB-PSDB. Nesse sentido não nos cabe defender as antecipações das eleições presidenciais, eleições gerais ou mesmo uma Constituinte porque todas essas saídas de fachadas democráticas favorecem o cronograma do “ajuste”, a direita e a reação burguesa.

Alertamos nesse 1º de Maio que para a burguesia a alternativa que melhor se coaduna com uma retirada pactuada da Frente Popular seria convocação de uma nova eleição empossando um outro governo, composto por uma composição de forças políticas não identificadas com as velhas estruturas tradicionais do establishment. O PT já teria dado aval a esta variante, preservando a integridade jurídica de seus principais dirigentes. Neste cenário emerge a figura de um bonaparte, que venha para livrar o país da “sujeira da corrupção”, tendo coragem suficiente para colocar na cadeia grandes burgueses nacionais. É óbvio que todo este embuste, que nasceu com a justificativa de “limpar a Petrobras” tem como pano de fundo a quebra das principais empresas capitalistas que ainda detém maioria de controle acionário nacional, como as empreiteiras e a própria Petrobras. Porém seria muito oportuno enfatizar que partiu do governo Dilma a iniciativa de impulsionar a Lava Jato e desaquecer os planos de investimentos da maior estatal brasileira, em resumo o PT pariu um monstro e agora o acusa de pretender desfechar um golpe contra sua “gerência” estatal. Não há a menor dúvida nesta altura da crise que o motor que alimenta a destituição de Dilma não são as fictícias “pedaladas fiscais” e sim a famigerada “Lava Jato” e suas “revelações” produzidas nos estúdios da Rede Globo.

O fato da “esquerda” de todos os matizes ser hoje “amante” da democracia burguesa como revelam seus chamados por Eleições Gerais e Constituinte apesar de postarem-se em campos políticos opostos, tendo esse regime político como objetivo estratégico a ser defendido como valor universal acima da luta entre as classes reflete em nossos dias a derrota histórica que o proletariado sofreu com a destruição do Estado Operário soviético e do Leste Europeu, que mesmo deformadamente simbolizavam a possibilidade concreta de construção do Socialismo. Não por acaso, Cuba desgraçadamente segue essa perspectiva em um processo negociado pelo Papa Francisco, Obama e os irmãos Castro, um verdadeiro “abraço de urso” da reação democrática. Devemos ter como lição que a destruição dos regimes nacionalistas da Líbia e a desestabilização do governo Assad na Síria lastreado pela farsesca “Primavera Árabe” que gerou regimes aliados a Casa Branca são parte dessa mesma onda patrocinada pelo Departamento do Estado ianque, o mesmo que formou o Juiz Moro em cursos promovidos em Washington. Não por acaso grande parte da “esquerda” apoiou a investida da OTAN contra Kadaffi e outros supostos “ditadores”, como o golpe na Ucrânia.

Compreendemos que para forjar uma saída progressista à debacle do governo Dilma, sem abrir espaço para a direita e suas manobras “golpistas” parlamentares e mesmo eleitorais, faz-se necessário forjar a luta direta e revolucionária por um Poder Operário e Camponês, recorrendo à tática da Frente Única de Ação Antifascista quando necessário. Os Marxistas Revolucionários devem intervir nesta conjuntura de extrema polarização política com uma consigna de poder com um claro corte de classe, onde as reivindicações democráticas sejam acaudilhadas pelo proletariado em combate direto, denunciando a escalada reacionária da direita assim como a conduta de colaboração de classes do PT. Devemos combater de forma militante e consciente pela intervenção da classe operária e do campesinato pobre por fora da influência dos campos burgueses em disputa e para edificar seu próprio poder de novo tipo! O desenlace progressista da atual crise de dominação burguesa, que acaba de encerrar um ciclo histórico de expansão econômica, repousa exclusivamente na possibilidade da classe operária começar a construção de seu embrião de poder revolucionário!  É fundamental a construção de uma alternativa operária diante da grave crise política e econômica que o país atravessa, porém esta senda passa bem longe das saídas institucionais burguesas que estão postas pelas oposições de “esquerda e direita”, sabendo remar contra a maré e enfrentar o “isolamento” diante da opinião pública pequeno-burguesa e democratizante sem abrir mão de manter firmes as lições que o velho León Trotsky, fundador da IV Internacional, nos legou! Para os Comunistas Revolucionários o norte do socialismo e da demolição do regime da democracia dos ricos é a nossa chama de combate que levantamos bem firme alto neste 1º de Maio, dia internacional de luta dos trabalhadores! Mãos obra, na luta por construir uma alternativa revolucionária de Poder Operário!