BURGUESIA SE ASSUSTA COM A VORACIDADE DOS ABUTRES TEMER E
CUNHA, SINALIZANDO UM “ACORDÃO NACIONAL” PARA SEGURAR UM POUCO MAIS DILMA E
ANTECIPAR ELEIÇÕES COM O AVAL DO PT
A cena dos carniceiros do PMDB, com o protagonismo dos
bandidos Cunha, Padilha e Jucá, anunciando o rompimento do partido com o
governo Dilma foi emblemático. Nem as frações mais reacionárias da burguesia
podem admitir que este bando mafioso possa se constituir como uma alternativa
de poder diante da crise política. Uma vitória do impeachment nestas condições
políticas só poderia trazer mais instabilidade social ao país, fator que o
capital financeiro abomina para a realização de seus lucros. Refletindo esta
situação o STF em sua última sessão plenária de quinta-feira decidiu por ampla
maioria referendar a posição do ministro Teori em “blindar” temporariamente
Lula, praticamente garantindo sua nomeação ao Planalto. As classes dominantes
não visualizam um cenário onde a crise política venha a se avolumar com uma
saída muito “traumática” da gerência petista. Por isto a burguesia trabalha com
a opção de um “compromisso” onde a Frente Popular aceite encurtar o mandato de
Dilma, abrindo a possibilidade da convocação de eleições presidenciais, onde
sua “grande aposta” seria facilmente vitoriosa, estamos falando obviamente do
candidato a neobonaparte Sérgio Moro. Por outro lado, as manifestações de dia
31 de Março demonstraram o poder de mobilização da Frente Popular em negociar
com a burguesia uma “saída honrosa” para a crise do governo Dilma. As
manifestações massivas desta quinta-feira, quando se completavam os 52 anos do
golpe cívico-militar de 1964, demonstraram claramente que não será fácil
“empossar” Temer na Presidência da República via o um “impeachment” comandado
por Eduardo Cunha. Há forte resistência popular e dentro da classe dominante.
Seria uma situação que geraria profunda instabilidade política no regime
democratizante, podendo até fortalecer posteriormente o próprio PT. Não por
acaso, Renan criticou publicamente a decisão do PMDB de romper com Dilma
“precipitadamente” e o governo ganhou a batalha no STF garantindo a Lula o Foro
Privilegiado para investigações na condição de futuro Ministro da Casa Civil.
Essas sinalizações apontam que setores mais “iluminados” da burguesia trabalham
com um plano mais estratégico, como um novo “pacto social” ou se não vingar a
cassação do mandato via o TSE e a convocação de novas eleições, no caso da
cassação da chapa Dilma-Temer ocorrer com menos de dois anos de mandato . O
certo é que a burguesia e o imperialismo não podem simplesmente descartar o PT
que demonstrou ter um forte enraizamento social e apoio de amplos setores da
chamada “sociedade civil” como a CUT, CNBB, MST, MTST, agrupando em torno da
defesa da democracia (como um valor absoluto) um amplo espectro político que
vai de intelectuais progressistas, juristas, sindicalistas, artistas até
setores da chamada “oposição de esquerda” como a ala majoritária do PSOL. O
fato é que a transição para a ascensão do Bonaparte Moro não pode sair simplesmente de um “golpe institucional” feito às pressas pelos canalhas ultra
corruptos Cunha-Temer. Essa fórmula não se sustenta, sequer tendo apoio da Rede
Globo. Moro (treinado pelo Departamento de Estado ianque) parece ser a “carta
na manga” sobre o controle direto da Famiglia Marinho, que não deseja cometer o
erro de apoiar um aventureiro como Collor em 89, que depois saiu de seu
controle. Nesse sentido, a Operação Lava Jato, em um claro curso de perseguição
política a Lula decretou a prisão de atores envolvidos no assassinato de Celso
Daniel e dos empréstimos negociados por Bumlai. Moro visa desgastar a imagem do
ex-presidente para que ele esteja desmoralizado para uma possível disputa
eleitoral futura, senão preso (o que seria mais improvável pela comoção social
que geraria). De nossa parte, caracterizamos que este dia 31 foi um palco para
a Frente Popular demonstrar força política e eleitoral assim como organizar em
torno de si seus aliados burgueses, como os irmãos Gomes (PDT), a ala
governista do PSB (Ricardo Coutinho, Capiberibe) e as pequenas siglas
fisiológicas burguesas (PSD, PP, PR, PRB) com a promessa de que serão premiadas
com novos ministérios. Os atos do 31 foram importantes nesse sentido, não
serviram para combater o ajuste neoliberal e os ataques do governo Dilma aos
trabalhadores, essas demandas ficaram totalmente subordinadas à defesa do
governo burguês do PT e da “democracia universal”. Por sua vez, o 1º de abril
convocado pela Conlutas-PSTU foi um tremendo fiasco porque não consegue se
constituir como uma mobilização independente da direita e seu “Fora Todos” acaba flertando com a “reação
golpista”. O momento agora é de organizar uma saída operária e socialista
diante da crise do regime da democracia dos ricos e do governo do PT combatendo
no curso dessa perspectiva a ofensiva da direita fascista. Trata-se de caminhar
no “fio da navalha” para não capitular a Frente Popular e jamais fortalecer a
reação burguesa, combatendo a política de colaboração de classes do PT em uma
perspectiva revolucionária que vá além do jogo eleitoral como desejam as
frações burguesas em disputa.