sexta-feira, 1 de abril de 2016

BURGUESIA SE ASSUSTA COM A VORACIDADE DOS ABUTRES TEMER E CUNHA, SINALIZANDO UM “ACORDÃO NACIONAL” PARA SEGURAR UM POUCO MAIS DILMA E ANTECIPAR ELEIÇÕES COM O AVAL DO PT



A cena dos carniceiros do PMDB, com o protagonismo dos bandidos Cunha, Padilha e Jucá, anunciando o rompimento do partido com o governo Dilma foi emblemático. Nem as frações mais reacionárias da burguesia podem admitir que este bando mafioso possa se constituir como uma alternativa de poder diante da crise política. Uma vitória do impeachment nestas condições políticas só poderia trazer mais instabilidade social ao país, fator que o capital financeiro abomina para a realização de seus lucros. Refletindo esta situação o STF em sua última sessão plenária de quinta-feira decidiu por ampla maioria referendar a posição do ministro Teori em “blindar” temporariamente Lula, praticamente garantindo sua nomeação ao Planalto. As classes dominantes não visualizam um cenário onde a crise política venha a se avolumar com uma saída muito “traumática” da gerência petista. Por isto a burguesia trabalha com a opção de um “compromisso” onde a Frente Popular aceite encurtar o mandato de Dilma, abrindo a possibilidade da convocação de eleições presidenciais, onde sua “grande aposta” seria facilmente vitoriosa, estamos falando obviamente do candidato a neobonaparte Sérgio Moro. Por outro lado, as manifestações de dia 31 de Março demonstraram o poder de mobilização da Frente Popular em negociar com a burguesia uma “saída honrosa” para a crise do governo Dilma. As manifestações massivas desta quinta-feira, quando se completavam os 52 anos do golpe cívico-militar de 1964, demonstraram claramente que não será fácil “empossar” Temer na Presidência da República via o um “impeachment” comandado por Eduardo Cunha. Há forte resistência popular e dentro da classe dominante. Seria uma situação que geraria profunda instabilidade política no regime democratizante, podendo até fortalecer posteriormente o próprio PT. Não por acaso, Renan criticou publicamente a decisão do PMDB de romper com Dilma “precipitadamente” e o governo ganhou a batalha no STF garantindo a Lula o Foro Privilegiado para investigações na condição de futuro Ministro da Casa Civil. Essas sinalizações apontam que setores mais “iluminados” da burguesia trabalham com um plano mais estratégico, como um novo “pacto social” ou se não vingar a cassação do mandato via o TSE e a convocação de novas eleições, no caso da cassação da chapa Dilma-Temer ocorrer com menos de dois anos de mandato . O certo é que a burguesia e o imperialismo não podem simplesmente descartar o PT que demonstrou ter um forte enraizamento social e apoio de amplos setores da chamada “sociedade civil” como a CUT, CNBB, MST, MTST, agrupando em torno da defesa da democracia (como um valor absoluto) um amplo espectro político que vai de intelectuais progressistas, juristas, sindicalistas, artistas até setores da chamada “oposição de esquerda” como a ala majoritária do PSOL. O fato é que a transição para a ascensão do Bonaparte Moro não pode sair simplesmente de um “golpe institucional” feito às pressas pelos canalhas ultra corruptos Cunha-Temer. Essa fórmula não se sustenta, sequer tendo apoio da Rede Globo. Moro (treinado pelo Departamento de Estado ianque) parece ser a “carta na manga” sobre o controle direto da Famiglia Marinho, que não deseja cometer o erro de apoiar um aventureiro como Collor em 89, que depois saiu de seu controle. Nesse sentido, a Operação Lava Jato, em um claro curso de perseguição política a Lula decretou a prisão de atores envolvidos no assassinato de Celso Daniel e dos empréstimos negociados por Bumlai. Moro visa desgastar a imagem do ex-presidente para que ele esteja desmoralizado para uma possível disputa eleitoral futura, senão preso (o que seria mais improvável pela comoção social que geraria). De nossa parte, caracterizamos que este dia 31 foi um palco para a Frente Popular demonstrar força política e eleitoral assim como organizar em torno de si seus aliados burgueses, como os irmãos Gomes (PDT), a ala governista do PSB (Ricardo Coutinho, Capiberibe) e as pequenas siglas fisiológicas burguesas (PSD, PP, PR, PRB) com a promessa de que serão premiadas com novos ministérios. Os atos do 31 foram importantes nesse sentido, não serviram para combater o ajuste neoliberal e os ataques do governo Dilma aos trabalhadores, essas demandas ficaram totalmente subordinadas à defesa do governo burguês do PT e da “democracia universal”. Por sua vez, o 1º de abril convocado pela Conlutas-PSTU foi um tremendo fiasco porque não consegue se constituir como uma mobilização independente da direita e seu “Fora Todos” acaba flertando com a “reação golpista”. O momento agora é de organizar uma saída operária e socialista diante da crise do regime da democracia dos ricos e do governo do PT combatendo no curso dessa perspectiva a ofensiva da direita fascista. Trata-se de caminhar no “fio da navalha” para não capitular a Frente Popular e jamais fortalecer a reação burguesa, combatendo a política de colaboração de classes do PT em uma perspectiva revolucionária que vá além do jogo eleitoral como desejam as frações burguesas em disputa.