CONLUTAS: DA PROGRESSISTA RUPTURA COM A CUT À CRISTALIZAÇÃO
DE UMA CENTRAL CONTROLADA PELA BUROCRACIA SINDICAL DE ESQUERDA QUE ADOTOU UM
PROGRAMA ABERTAMENTE PRÓ-IMPERIALISTA IMPOSTO PELO PSTU-LIT
Nestes dias está ocorrendo o 3º Congresso Nacional da
CSP-Conlutas. A LBI foi a primeira corrente política a lançar o chamado em
defesa da ruptura com a CUT e a formação de uma nova central operária,
camponesa, estudantil e popular, a COCEP, quando o próprio PSTU e seus
satélites eram contra essa posição e vacilava em convocar a desfiliação a CUT.
No Encontro de Luziânia em abril de 2004, a LBI foi a vanguarda na defesa da
ruptura com a CUT e da proposta de formação de uma coordenação nacional de
lutas e da ação direta das massas. Interveio nos dois encontros da Conlutas
realizados em 2005 (Porto Alegre e Brasília) em defesa da construção da COCEP,
delimitando-se com as posições centristas do PSTU que apontava apenas para 2006
a fundação da nova central. No CONAT de 2006 combatemos mais uma vez pela
criação de uma alternativa classista a burocracia sindical cutista e ao pelegos
da Força Sindical. Naquele momento pontuamos que nossas profundas divergências
com a política do PSTU para a Conlutas não nos colocava no papel de
“tropa-de-choque” da CUT no interior do CONAT, como era a política da então LER
(hoje MRT) e da TPOR, para não falar obviamente do corrupto PCO. Ao contrário,
naquele momento pontuamos que o centrismo do PSTU e suas seguidas concessões à
chamada esquerda da CUT e ao PSOL reforçava a necessidade de construir uma nova
central para agrupar o proletariado de forma independente da burguesia. Nesse
fórum foi criado a Conlutas que apesar de todas suas limitações foi um passo
progressivo para o movimento operário e popular. Travamos a luta política no
interior da Conlutas, em seu 2º Congresso e combatemos contra sua diluição no
CONCLAT de Santos via a fusão burocrática com a Intersindical em junho de 2010.
A fusão não chegou a ocorrer apenas por uma disputa de aparatos burocráticos e
não por divergências políticas de fundo. Rompemos com a CSP-Conlutas em 2012
diante da política abertamente pró-imperialista adotada por sua direção
hegemonizada pelo PSTU-LIT, uma orientação escandalosa que só aprofundou-se até
este momento, 11 anos após sua criação. Publicamos aqui o manifesto nacional
lançado pela LBI e os sindicalistas revolucionários da TRS em defesa da ruptura
com a Conlutas em abril de 2012, justamente quando esta central estabeleceu uma
frente única com a OTAN e os mercenários 'rebeldes' para derrubar os governos
nacionalistas burgueses na Síria e na Líbia usando como pretexto a fantasiosa
"Revolução Árabe" patrocinada pela CIA no Oriente Médio, aliado a um
avançado processo de burocratização na Central imposto pelo PSTU-LIT, caçando a
voz das oposições sindicais e restringindo de forma absurda a democracia
operária. Essa plataforma contrarrevolucionária evoluiu ao ponto da
CSP-Conlutas sequer lutoar contra o golpe parlamentar em 2016 no Brasil, ao
contrário, aliou-se a direita reacionária saudando o impeachment de Dilma (PT),
uma manobra institucional comandada pelo PSDB-DEM que acabou parindo o governo
da quadrilha de Temer. Essa orientação desastrosa no campo nacional e mundial
faz hoje a Conlutas junto com o imperialismo ianque reivindicar a queda de
Maduro na Venezuela, o que só favoreceria a reação burguesa e não a construção
de uma alternativa revolucionária ao Chavismo.
COORDENAÇÃO NACIONAL DA TRS: HYRLANDA MOREIRA, CIDA ALBUQUERQUE, ANTONIO LUIZ E SOMBRA NETO
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ROMPER COM A CSP-CONLUTAS, CENTRAL PRÓ-IMPERIALISTA ALIADA
DA CASA BRANCA NA LÍBIA E NA SÍRIA! NENHUM APOIO A SEU CONGRESSO
ULTRABUROCRATIZADO MONTADO PARA APROFUNDAR A POLÍTICA DE COLABORAÇÃO DE CLASSES
DO PSTU!
(EDITORIAL DO JORNAL LUTA OPERÁRIA, Nº 233, 1ª QUINZENA DE
ABRIL/2012)
O Congresso da CSP-Conlutas se realizará entre os dias 27 a
30 de abril. Nós, militantes da LBI e da TRS, que fomos os primeiros a chamar a
ruptura com a CUT e a defender a fundação de uma coordenação nacional de lutas
ainda em 2004, no encontro de Luiziânia, proposta mais tarde materializada com
a criação da Conlutas, agora damos mais um passo em defesa da independência
política dos trabalhadores e chamamos os setores classistas e revolucionários a
não darem nenhum apoio à realização do Congresso da CSP-Conlutas e, muito
menos, a participarem desse fórum arquiburocrático de uma central que
"evoluiu" para posições abertamente pró-imperialistas, tornando-se
aliada da Casa Branca na Líbia e na Síria.
Nossa posição está baseada em um critério de classe muito
simples, porém caro para os revolucionários internacionalistas: a Conlutas hoje
se coloca abertamente no campo do imperialismo e sua "reação democrática"
na arena mundial. De nada adianta sua direção postar-se formalmente como
"oposição de esquerda" ao governo Dilma, ainda que essa posição em
nada signifique impulsionar a luta direta contra a gestão da frente popular, se
a direção desta central, controlada pelo PSTU e seus satélites (LSR, MR,
LER...), é entusiasta partidária dos agentes da OTAN na Líbia e na Síria.
Hoje, o combate político e militar travado no Oriente Médio
é o teste ácido da luta de classes em nível planetário e a Conlutas tem uma posição
escandalosamente contrarrevolucionária na região. Sua orientação de apoiar as
forças financiadas pela OTAN e a CIA não significa "só" um ataque à
luta anti-imperialista dos povos oprimidos, também impede que a central possa
travar qualquer combate consequente contra o governo Dilma. Afinal de contas
como combater a frente popular no Brasil se a Conlutas e o PSTU se colocam ao
lado da Casa Branca contra os governos nacionalistas burgueses atacados pelos
"rebeldes" mercenários financiados pela CIA no Oriente Médio? Ainda
que não tenhamos a menor simpatia com esses governos, declaramos abertamente e
sem dissimulações que temos um "lado" na guerra civil da Síria como
tivemos na Líbia, o nosso campo é frontalmente oposto aquele que o imperialismo
e seus "amigos-abutres" apostam suas "fichas". Impedir que
a OTAN abra um corredor militar desde a Síria, passando pelo Líbano, para
atacar o Irã, é neste momento a tarefa central da classe operária internacional
em seu combate revolucionário e anti-imperialista
A posição da Conlutas em apoio à farsesca "revolução
árabe" assim como em seus ataques ao Estado operário cubano, considerando
a Ilha já um "estado capitalista sob o controle de uma ditadura
burocrática burguesa" rompe qualquer fronteira de classe. Não por acaso, a
mesma central que aplaude a ação dos "amigos da Síria" comandados
pela víbora Sra. Clinton, saudou como "revolucionários" os rebeldes
do mercenário CNT líbio e clama para que os "ventos da primavera
árabe" cheguem a Cuba. Em resumo, são entusiastas do plano de reação
democrática patrocinados por Obama.
Alguns incautos podem argumentar que a Conlutas é uma
central sindical, um organismo de frente única, sendo dever dos sindicalistas
revolucionários travarem o combate internamente. Nossa bússola política sempre
foi a luta de classes e a tendência mais progressiva no interior do movimento
operário, por isso caracterizamos que hoje é impossível estar
"disputando" os rumos de um organismo sindical que está solidamente
ao lado da contrarrevolução no Oriente Médio, ainda mais quando sabemos que a
ofensiva na Líbia e na Síria tem como alvo o Irã. Uma vitória do imperialismo
sobre o Irã abrirá o caminho para o recrudescimento da ofensiva da Casa Branca
contra os povos, inclusive o nosso, sob o tacão do governo de colaboração de
classes do PT.
Se no terreno internacional as posições da Conlutas são
escandalosas, no pátio interno nada fica a dever. Além da avassaladora
burocratização da entidade, com praticamente o fim da representação de centenas
de oposições sindicais e da imposição de taxas proibitivas para participar do
congresso, a direção da entidade leva uma política de aberta integração ao
Estado burguês, apresentando-se como uma central domesticada que se nega a
impulsionar a luta direta contra o governo Dilma. As demissões sem resistência,
primeiro na Embraer e agora na GM de São José dos Campos, assim como a
sabotagem a resistência do Pinheirinho e a escandalosa política de contenção
nas mobilizações operárias nas obras do PAC, apostado todas suas fichas na
justiça burguesa e nas comissões tripartites com o governo petista e os
empresários em busca de um "compromisso nacional", são exemplos
reveladores do que afirmamos. Por fim, temos o apoio às greves das polícias,
nas quais a Conlutas se posta ao lado das reivindicações que fortalecem o
aparato repressivo do Estado burguês contra os trabalhadores e suas lutas, em
mais uma aberrante ruptura com o abc do marxismo, inclusive aprovando a
participação dos mafiosos sindicatos de policiais na central.
DA CRIAÇÃO DA CONLUTAS A SEU ESGOTAMENTO POLÍTICO E
ORGANIZATIVO
O surgimento da Conlutas em 2004 correspondeu historicamente
ao esgotamento do ciclo cutista, iniciado em 1983, enquanto uma referência de
independência e superação do velho sindicalismo getulista que perdurou até os
últimos anos de vida da ditadura militar. A ascensão da frente popular ao
gerenciamento do Estado burguês foi o golpe de misericórdia no espectro
político de uma CUT que já há algum tempo tinha consolidado seu
"espaço" burocrático, impermeável à luta das tendências classistas
que ainda habitavam seu interior. Nós, da LBI, fomos pioneiros em caracterizar
este processo e propor a construção de uma nova central, classista e
independente dos patrões e seus capatazes da frente popular. Estávamos
balizados não só por um "desejo", mas sim pelo surgimento de toda uma
nova vanguarda sindical e popular em clara rota de choque com os neopelegos da
CUT que tinham transformado a central em uma autarquia semiestatal, conselheira
de "esquerda" do governo monetarista e pró-imperialista do PT.
Neste contexto, surge a Conlutas, após um breve período de
vacilação do próprio PSTU em abandonar a parte que lhe cabia no aparelho
burocrático cutista, afinal passaram anos de convivência pacífica com a
"Articulação" (direção majoritária da CUT), chegando até mesmo a
representarem a central no congresso internacional da OIT, órgão imperialista a
serviço das grandes transnacionais econômicas. Fundada a Conlutas sob a
orientação revisionista do PSTU, que declarava apenas uma autonomia formal em
relação ao governo da frente popular (política de "oposição de
esquerda" nos marcos do regime vigente), estava colocada a tarefa para os
setores classistas de travar uma árdua luta política no sentido de não permitir
uma rápida reedição da trajetória de integração da CUT ao Estado capitalista.
No congresso de 2006 já se delineava a inflexão à direita da Conlutas, colocada
a serviço da candidatura reacionária de Heloísa Helena sem ao menos um debate
minimamente democrático em sua base.
A precoce falência política da Conlutas não corresponde aos
mesmos fatores históricos do esgotamento da CUT. O PSTU, força majoritária da
nova central, está longe de assumir qualquer responsabilidade na gestão estatal
capitalista, não por sua própria vontade política e sim por sua absoluta
inexpressão eleitoral, mas isto não significa que esteja isento de seguir os
passos de colaboração de classes. A falta do ascenso do movimento operário
nestes últimos anos e a consolidação da hegemonia do projeto da frente popular
aprofundaram os desvios programáticos que marcaram a gênese da Conlutas,
fazendo com que os sintomas de burocratização do organismo se transformassem em
uma orientação "regimental" e política. No afã de unificar-se com
outras alas burocráticas "de esquerda", a Conlutas embarcou em uma
rota de completa descaracterização de um projeto original classista, chegando
mesmo ao fiasco de um congresso de unificação com os sindicalistas reformistas
do PSOL.
A estratégia de "crescimento" imposta pela direção
da Conlutas, controlada pelo PSTU auxiliado por pequenos satélites, resultou em
um estancamento organizativo ou até mesmo em diminuição de sua influência
sindical. Ao contrário da própria CUT, que em seu nascimento apostou fortemente
nas oposições sindicais, a Conlutas praticamente cassou o direito de
representação das oposições em suas instâncias internas. Afinal, para o PSTU
trata-se de privilegiar acordos com a burocracia sindical governista para
ampliar o "fundo financeiro" da Conlutas e abrir um canal direto de
interlocução com o próprio governo Lula/Dilma.
A verdade é que a estratégia política assumida pela
Conlutas, fincada em uma oposição institucional ao regime democratizante, cujo
eixo é a pressão lobista ao corrupto Congresso Nacional, determinou o fracasso
político e organizativo deste projeto. O governo da frente popular atravessou
seus "piores" momentos políticos e econômicos quando descarregou nas
costas dos trabalhadores o ônus da crise capitalista sem enfrentar uma oposição
revolucionária que pudesse apresentar uma alternativa de classe ao movimento de
massas. Este elemento foi sem sombra de dúvida um fator político que permitiu a
frente popular celebrar um pacto social implícito, apresentando ao imperialismo
e à burguesia nacional seu governo como um modelo internacional de "paz
social" entre as classes.
Com a eleição de Dilma e a constatação de que a
"oposição de esquerda" saía das urnas ainda mais reduzida do que em
2006, a Conlutas estabelece uma guinada ainda mais "radical" em
direção a sua integração ao Estado burguês. Agora o PSTU não está mais
"agitando" o fantasma do "colapso final" do governo da
frente popular como via de conseguir pelo menos alguns postos no Parlamento. No
momento atual a Conlutas quer utilizar as revoltas operárias contra a
escravidão nos canteiros de obras do "país das maravilhas" para
cacifar sua presença na "mesa de negociações" do governo Dilma
conjuntamente com as tradicionais centrais amarelas e chapa branca. Foi a
"forma" encontrada pelo PSTU para entrar pela porta da frente no
Palácio do Planalto! É um verdadeiro "escândalo" a postura dos
morenistas que participam deste engodo com o governo das empreiteiras na
condição de "consultores" de esquerda das reivindicações operárias.
POR UM REAGRUPAMENTO REVOLUCIONÁRIO E SINDICAL CAPAZ DE
CONSTRUIR UM EMBRIÃO DE UMA ALTERNATIVA DE DIREÇÃO PARA OS TRABALHADORES
Com a autoridade política dos que chamaram a ruptura com a
CUT e a construção da Conlutas quando o próprio PSTU se opunha a essa
orientação, com a mesma disposição que travamos o combate no interior da
Conlutas contra a política de colaboração de classes de sua direção, chegando a
se declarar como fração pública e revolucionária da entidade, intervindo nesta
condição no malfadado "congresso de unificação" com a Intersindical
em 2010, hoje declaramos que é impossível permanecer fazendo parte desta
central convertida em agente do imperialismo. Trata-se não de um "capricho
principista" de nossa corrente, mas de uma necessidade inadiável da luta
de classes. Caso contrário, estaríamos contribuindo, mesmo criticamente, para a
construção de um instrumento que está a serviço do imperialismo, já que o PSTU
tem o controle total da política e da estrutura da entidade. Esta etapa
findou-se quando, a partir de 2011, a Conlutas passou de malas e bagagens para
o campo da contrarrevolução "democrática" patrocinada por Obama e sua
"revolução árabe".
Por fim, fazemos um chamado aos lutadores classistas e
revolucionários, assim como as correntes políticas que se negam a fazer parte
desta farsa, para que rompam com esta central pró-imperialista e somem-se aos
nossos esforços de impulsionar pela base e nas mobilizações diretas um
reagrupamento revolucionário e sindical capaz de construir um embrião de uma
alternativa de direção para os trabalhadores. Sabemos que não é tarefa fácil,
ao contrário, trata-se de um hercúleo desafio que depende fundamentalmente da
capacidade dos setores que não se vergaram à cooptação das centrais "chapa
branca", porta-vozes do governo da frente popular no movimento operário e
da disposição daqueles que fizeram a experiência no interior da Conlutas e
sabem que ela está completamente esgotada como ferramenta de organização
classista dos trabalhadores. Neste combate, a LBI não poupará esforços
políticos no sentido de agrupar em torno de uma plataforma revolucionária todas
as oposições classistas e coletivos revolucionários que estejam dispostos a
estabelecer uma frente única para apresentar esse reagrupamento como um canal
de expressão política às lutas dos setores operários mais explorados.
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Milititantes da TRS na última Greve Geral sabotada pela CUT
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