sexta-feira, 20 de outubro de 2017

LBI E OPOSIÇÃO DO SINDIÁGUA/CE IMPULSIONAM ATO EM SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES DA CEDAE/RJ E CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA!


A LBI e a Oposição do Sindiágua/Ceará impulsionada pela TRS realizaram nesta sexta-feira, 20/10, um ato político em solidariadade ao trabalhadores da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) e contra a privatização dos serviços de água e esgoto no país. Foi feito um amplo esclarecimento aos trabalhadores de base acerca do processo de destruição das estatais do setor, com o chamado da Oposição recebendo um amplo apoio da categoria, tanto dos operários de campo como dos servidores administrativos. Essa ofensiva neoliberal tem como alvo também a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) pelas mãos de um acordo entre o governo Camilo Santana (PT) e o golpista Temer, um ataque nos mesmos moldes que Pezão está fazendo contra a CEDAE fluminense. Enquanto o SINDIÁGUA/CE encontra-se completamente paralisado em função de sua política de colaboração de classes com a Prefeitura de Fortaleza (PDT) e o Governo do Ceará (PT), a militância da LBI vem mobilizando junto com a Oposição Unidade na Luta a base da categoria para resistir através da luta direta a privatização em curso, nesse sentido a forte adesão a atividade de hoje demonstra a tremenda disposição de luta dos trabalhadores e sua solidariedade de classe. Está marcado para esta segunda-feira, dia 23 de outubro, às 10h30, em frente ao prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no Rio de Janeiro um ato contra a privatização da CEDAE, atividade que também foi divulgada na manifestação realizada hoje na CEGECE e conta com o nosso apoio militante. Entre as diversas medidas de desmonte estatal tomadas pelo governo Pezão, a privatização do sistema hídrico do Rio de Janeiro tem assumido caráter cada vez mais urgente. No dia 24, está marcado o leilão da venda das ações que privatizam a CEDAE, sob o comando de Pezão e Michel Temer.


Aqui no Ceará, a privatização da CEGECE está sendo levada adiante pelas mãos do petista Camilo Santana. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que conduz o processo de privatização das empresas estaduais de saneamento, confirmou o Consórcio Aqua, constituído pela BF Capital, Aecom do Brasil e Azevedo Sette Advogados Associados, como vencedor da licitação para elaboração de estudo de viabilidade, montagem do projeto de concessão e preparação do edital de desestatização da Cagece. O Consórcio Aqua arrematou o pregão do BNDES com uma proposta no valor de R$ 3,59 milhões, 75% abaixo do valor estimado de R$ 14,36 milhões. Curiosamente, dois meses antes da realização dessa licitação, a direção da Cagece e governador Camilo Santana já haviam anunciado que o objetivo pretendido é a realização de Parcerias Púplico-Pivadas (PPP) nas regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri. Depois de acumular prejuízos de mais de R$ 380 milhões em 2014 e 2015, em parte decorrente de ingerências políticas e de má gestão, a CAGECE registrou lucro de R$ 146,90 milhões em 2016. Justamente agora, quando a empresa começa a se recuperar, pretendem entregar as áreas mais lucrativas para o capital privado.


A privatização da CAGECE faz parte do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), criado pelo governo Michel Temer para forçar os governos estaduais a vender empresas públicas de saneamento como parte de um acordo para o recebimento de ajuda federal e redução dos débitos fiscais. Em nenhum momento, o objetivo desse programa foi a universalização do saneamento público, para atender ao conjunto da população. Seu verdadeiro objetivo, além de proporcionar altos lucros para os grupos privados nacionais e estrangeiros, é – como já ficou explícito nas delações da JBS – alimentar a corrupção estatal através desvios de recursos públicos e do recebimento de propinas para bancar candidaturas em 2018.

A privatização das estatais estratégicas para o país prejudica sobretudo os mais pobres. É um crime de lesa pátria. Nenhuma nação se desenvolve abrindo mão da soberania da sua riqueza e de suas estatais. As consequências das privatizações para o povo são o aumento de tarifas e precarização na prestação dos serviços à população. Em São Paulo, em setembro deste ano, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a criação de uma nova empresa que irá administrar a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A iniciativa é um passo para a privatização da estatal paulista. É uma privatização disfarçada, com cara de holding, de empresa moderna, que vai gerir os interesses da população em relação ao saneamento. A justificativa dada pelo Governo Alckmin é de que a criação da holding traria mais investimentos para a Sabesp, que não tem conseguido suprir a demanda sozinha. Em 2016, o lucro da Sabesp foi de R$ 2,9 bilhões. O menor período de lucro da empresa foi em 2015, ano da crise hídrica. Ainda assim, a empresa conseguiu lucrar R$ 536 milhões. Agora com a criação da holding, a Sabesp repassará seus ativos a uma companhia que detém as ações majoritárias de outras empresas e que se encarregará de buscar no mercado investimentos da iniciativa privada. Não interessa mais ao capital privado o modelo clássico de privatizações, no qual o Estado entrega o controle total da estatal ao mercado. Alckmin (PSDB) deverá se manter como um agente responsável por fazer investimentos na companhia.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou no mês de setembro um estudo no qual sistematiza dados do saneamento básico no país. A pesquisa aponta uma estratégia do governo de inserção da iniciativa privada no setor, seja por meio da constituição de Parcerias Público-Privadas (PPPs) ou mesmo de tentativas de privatização de empresas estatais. A política de ajuste fiscal do governo federal tende a reduzir a disponibilidade de recursos para os investimentos, o que facilitaria a ampliação da participação privada. As privatizações das empresas de saneamento vão na contramão da realidade de outras cidades do mundo, como Berlim, Paris e Buenos Aires, que estão retomando para o estado as empresas do setor que haviam sido privatizadas.

A LBI e a Oposição do Sindiágua/CE, diante da completa inércia da atual direção do nosso sindicato, iniciamos uma ampla campanha de mobilização da categoria, de lideranças sindicais, movimentos sociais e da população em geral, em defesa da Cagece como empresa pública de saneamento básico de qualidade; contra as Parcerias Público-Privadas (PPP), ou qualquer outra forma de privatização e para exigir do governador Camilo Santana a imediata RETIRADA DA CAGECE do programa de concessões do BNDES e do PPI do governo Temer. O ato de hoje é mais um passo dessa luta fundamental para a classe trabalhadora!