100 ANOS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: O BOLCHEVISMO VIVE!
Nós Trotskistas celebramos os 100 anos da Revolução de
Outubro de uma maneira muito especial, própria, defensista-revolucionária. Como
herdeiros políticos do criador e comandante do Exército Vermelho, jamais fomos
apologistas da então URSS burocratizada pelo stalinismo, porém sempre nos
postamos como defensores incondicionais do Estado operária soviético mesmo
degenerado até o fim de seus dias, na última das barricas de agosto de 1991.
Trata-se da posição nos legada por Trotsky em sua vida militante, como
dirigente da URSS, membro da Oposição de Esquerda e depois fundador da IV
Internacional. Por essa razão não nos admiramos que no centenário da tomada do
poder pelo Partido Bolchevique em 1917, a burguesia não descanse em
propagandear na mídia mundial vendida que o “comunismo morreu”, tentando para
sempre espantar o espectro da sociedade sem classes defendida cientificamente
por Marx e Engels. Se os capitalistas não se casam em tripudiar a obra de
Lênin, Trotsky e do proletariado soviético com argumentos reacionários próprios
das classes dominantes, a intelectualidade de “esquerda” (na verdade
socialdemocrata) não fica distante, mesmo a que se reivindica “marxiana”. Em um
terreno supostamente “mais elaborado” também é em geral crítica da experiência
soviética, sempre que pode repudia em suas “cátedras” ou blogs o leninismo por
seu “modelo” de partido “totalitário” comandado por “chefes infalíveis”,
disciplinado de forma militar, dividido hierarquicamente entre “dirigentes e
dirigidos”, uma conduta que supostamente segundo esses cretinos “esmagou a
energia revolucionária do proletariado” pavimentando o caminho da ditadura
sobre o proletariado. O centralismo democrático, pilar mestre do Partido
Bolchevique que garantiu a vitória de Outubro, é apresentado como um câncer
burocrático responsável em última instância, segundo esses pústulas, pelo
surgimento da URSS como um verdadeiro “cárcere dos povos”. Esses senhores
chegam a identificar o Leninismo com o stalinismo apesar de toda luta política
e programática que o dirigente maior bolchevique levou no fim da vida contra a
burocratização do Partido e do Estado, com revela seu Testamento Político. Por
seu turno, os revisionistas do Trotskismo, apesar de comemorarem formalmente a
vitória de Outubro, não souberam defendê-la quando atacada pelo bloco
restauracionista comandado por Yelstin em agosto de 1991, ao contrário, se
postaram no campo do imperialismo aplaudindo a queda do Muro de Berlim e o fim
da URSS como uma “vitória revolucionária” porque esse “acontecimento histórico”
debilitaria o aparato stalinista mundial. Aliás, “Muro” que estes renegados
passaram décadas repetindo como papagaios da furibunda reação capitalista que
se tratava da “vergonha” mundial da esquerda stalinista, uma propaganda voltada
a atacar a própria URSS. Ainda hoje celebram o fim da “Cortina de Ferro”
atuando em uníssono com o capital, desta forma ajudaram a arrancar as
conquistas operárias históricas de um terço da civilização humana, na
destruição da URSS e em mais de uma dezena de Estados Nacionais onde a economia
foi socializada com a extinção do mercado. Como se observa, defender Outubro
hoje não se trata de um gesto formal, de olhar de forma saudosista o passado há
100 anos atrás, mas de forjar na atualidade a militância revolucionária com
consciência de classe para defender a vigência ideológica, política e
programática do Partido Leninista e o futuro comunista da humanidade, que hoje
marcha a passos largos rumo a barbárie. Nesta questão encontra-se o grande
desafio dos genuínos Trotskistas hoje, que mesmo isolados em função da ofensiva
ideológica, política e cultural em curso patrocinada pelo imperialismo
mantém-se firmes na defesa de Outubro e da construção do Partido Mundial da
Revolução Proletária!
Para celebrar os 100 anos da Revolução de Outubro poderíamos
escrever um longo texto descrevendo os fatos históricos e políticos que levaram
o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não faltam “especialistas” no assunto,
ainda que não apliquem uma vírgula do legado deixado por Lênin e Trotsky. Por
esta razão, como uma corrente Leninista militante, optamos por ligar as lições
de Outubro aos desafios do proletariado e sua vanguarda hoje, no Brasil e no
mundo, até porque para as novas gerações o Estado operário soviético, liquidado
em 1991, já não existe mais, sendo esse combate político e teórico a própria
defesa concreta da revolução hoje. Nesse sentido, a principal tarefa dos
marxistas revolucionários reside justamente em reafirmar em pleno século XXI,
contra todos os modismos adotados pela “esquerda” em geral e o revisionismo em
particular, a vigência da construção do partido Leninista como núcleo de
vanguarda comunista organizado e apoiado no armamento da classe operária, para
tomar o poder da burguesia, condição essencial que levou a vitória do
proletariado naqueles dias de 1917 e que se faz ainda mais necessária diante de
uma conjuntura mundial absolutamente desfavorável para os trabalhadores em todo
planeta. Fazemos este alerta porque a melhor homenagem que podemos render a esse
triunfo histórico do proletariado mundial, quase um século depois de ocorrido e
quando a URSS já não existe mais, é fazer um balanço das lições programáticas
que levaram ao fim do Estado Operário soviético pelas mãos dos bandos
restauracionistas apoiados pelo imperialismo. Desde já, aproveitamos a
“oportunidade” para dizer que as mesmas forças políticas e sociais que
festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no campo burguês ou no terreno do
revisionismo Trotskista, são as que em nome da “defesa de democracia”, saudaram
a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da África e no Oriente Médio levada
a cabo pela OTAN e seus mercenários “rebeldes”, além de mais recentemente defenderem o "Fora Maduro" na Venezuela junto com os manifestantes de direita, não por acaso financiados pelas
mesmas potências capitalistas que apoiaram o mafioso Yelstin em 1991 como alternativa
“democrática” à “ditadura stalinista”. O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a
maior tragédia política para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A
contrarrevolução que restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma
etapa histórica de um profundo retrocesso político e ideológico do proletariado
mundial, marcado pela quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o
mundo e pela ofensiva da recolonização imperialista cada vez mais amparada na
agressão militar contra as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da
esquerda mundial, incluindo correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição
do Estado operário e das conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato
progressivo, “uma grande vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe
de direita, disfarçado com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De
fato, o que ocorreu na Rússia foi que o aprofundamento da política
restauracionista, através da Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da
burocracia, encabeçado por Boris Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à
condição de representantes diretos do imperialismo e candidatos a novos
proprietários dos meios de produção, concluindo definitivamente o processo de
restauração capitalista. A tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de
Emergência, foi último recurso de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de
massas, para assegurar os seus próprios privilégios de casta burocrática
dirigente do Estado operário. Para as correntes revisionistas do trotskismo, em
1991 houve uma revolução, cuja vitória se consistiu em que “as massas
conseguiram derrubar o regime e conquistaram liberdades democráticas” (Idem).
Com essa grotesca falsificação, apresentam uma contrarrevolução imperialista
como se fosse a revolução política antiburocrática proposta por Trotsky, que
nunca defendeu um regime de democracia burguesa como alternativa ao stalinismo,
mas sim a democracia proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida
através dos sovietes, para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e
impulsionar a revolução proletária mundial. Todo o malabarismo dos
pseudotrotskistas para justificar seu apoio à destruição da URSS em nome das
“liberdades democráticas”, só fazem revelar sua vergonhosa capitulação política
ao imperialismo, da mesma forma como fazem hoje quando defendem com unhas e
dentes a fantasiosa “Revolução Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das
grandes potências capitalistas e seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de
forma criminosa contra a Líbia, um país semicolonial não alinhado, ao
convocarem um movimento reacionário, armado e financiado pelo imperialismo, de
“revolução democrática” levado a cabo pelos “rebeldes”. Na verdade, as
correntes de esquerda que apoiaram descaradamente a intervenção imperialista na
Líbia e hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, negam categoricamente as lições
mais elementares da Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o
leninismo e a estratégia da luta revolucionária pela conquista do poder pelo proletariado
e se deixaram corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da democracia
burguesa. Para essa escória, já não é mais necessário, como faziam os
mencheviques e outras correntes oportunistas do século XX, apresentar a
revolução democrática como uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual
etapa de reação política e ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e
instituições corruptas do Estado burguês o seu próprio objetivo.
Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes
pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando
a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do
petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de
“capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única
com as forças que apoiavam o regime e agora fazem o mesmo na Síria, quando
estamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar o
governo da oligarquia Assad para impor um títere da Casa Branca em Damasco, a
escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a
Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”,
plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um
grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a
contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas
foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo
bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma
“triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de
emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência,
cometeram hoje a mesma traição de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da
URSS. Agora se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários na
Síria em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando
na verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes
nacionalistas daquela região!
Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode
ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar
as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a
nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os
revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias.
Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções
e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo
um Partido Revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que
pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para
justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese ser o epicentro
da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na economia
mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio militar
dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por sua
própria burguesia através do Partido Democrata por reformistas (Sanders) e não
poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave
sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para
Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo
único coveiro é a tomada do poder estatal pelos trabalhadores organizados em um
Partido Comunista.
Para os autênticos Revolucionários Marxistas, que não se
curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe à tarefa de
resgatar as tradições revolucionárias dos Bolcheviques e as lições da grande
Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido
revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da
burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a
bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência
destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a
vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das
derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa
precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A
necessidade de derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do
que nunca, uma referência para a luta dos trabalhadores de todos os países.
Portanto, a tarefa que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o
legado político e teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da
revolução mundial imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo, abrindo o
caminho ao futuro socialista da humanidade.
A defesa do legado político e teórico de nosso chefe
revolucionário é parte de nossas comemorações dos 100 anos da Revolução de
Outubro, a maior vitória do proletariado mundial na história, cuja tomada do
poder pela classe operária contou com a direção, dedicação e a estratégia
comunista firma de Lenin contra todas as variantes reformistas e mencheviques,
um exemplo que nos guia até hoje! Nossa luta cotidiana por manter firme a concepção
Leninista de partido, tão atacada pelo revisionismo como "ultrapassada e
totalitária", é a prova viva de que esses princípios nos legado por Lênin
desde a Rússia de 1917 estão válidos em toda sua plenitude como um modelo a ser
seguido pelos revolucionários marxistas que não se adaptaram a democracia
burguesa e continuam defendendo a destruição violenta e revolucionária do
Estado capitalista para marchar na edificação de um Estado de novo tipo! Vida longa para o Bolchevismo!