POLÍCIA FEDERAL E “TORTURADORES DE TOGA” TIREM AS MÃOS DE CESARE BATTISTI:
LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS POLÍTICOS DO BRASIL!
Cesare Battisti foi preso nesta quarta-feira (04.10) pela
Polícia Federal, em Corumbá (MS), sob a cínica acusação de “suspeita de evasão
de divisas”. O pretexto ridículo ocorreu quando ele tentou atravessar a
fronteira do Brasil com a Bolívia. Segundo a Polícia Federal, ele possuía US$ 5
mil (o equivalente na cotação atual a R$ 15,6 mil) e € 2 mil (o que representa
R$ 7,3 mil). De acordo com a Receita Federal, qualquer pessoa que esteja
cruzando a fronteira do Brasil com mais de R$ 10 mil em espécie, seja em moeda
nacional ou estrangeira, precisa fazer uma declaração chamada "Bens de
Viajantes". Em resumo enquanto as quadrilhas burguesas enviam milhões de
dólares aos paraísos fiscais e traficam toneladas de cocaína em helicópteros e
aviões, o escritor italiano é acusado de “evasão de divisas” por cruzar a
fronteira com “merrecas”! Na verdade a prisão é parte de um fustigamento contra
Battisti. O governo italiano pediu que o golpista Temer revisse a decisão
de lhe conceder refúgio político, tomada pelo governo Lula no final de 2010. O
mais absurdo é que antes de ser detido na fronteira, Battisti foi abordado pela
Polícia Rodoviária Federal (PRF) na altura do km 600, no posto Guaicurus, na
BR-262. Ele estava em um carro particular com outros dois passageiros quando ainda estava em território nacional mas não foi alertado que o porte da quantia poderia configurar irregularidade na fronteira. Em resumo, montou-se uma clara “armadilha fiscal” para o
italiano, ex-militante do Proletários Armados para o Comunismo (PAC). Tanto foi
assim que os policiais rodoviários federais comunicaram a Polícia Federal, que
realizou o acompanhamento do veículo até a divisa entre entre o Brasil e a
Bolívia, no posto de fiscalização Esdras, para então prender Cesare. Está em
curso mais um ataque as liberdades democráticas no Brasil, a gênese de um
regime de exceção que avança com a operação Lava Jato do fascistoide juiz Moro e do procurador pentecostal Deltan Dellagnol. Estes ao lado dos delegados da PF vem promovendo uma verdadeira perseguição
política às lideranças de esquerdas e ativistas políticos, como vimos na nova pena contra José Dirceu, a prisão política de João
Vacarri e recentemente no caso absurdo que levou ao suicídio do reitor afastado da
UFSC! Desde a LBI que participou intensamente na campanha pela não extradição
de Battisti em 2010, convocamos o conjunto das organizações políticas e
sindicais a rechaçarem mais esta farsa policial-fiscal-jurídica contra o
escritor italiano, tal investida se insere em uma conjuntura de ataques as
liberdades democráticas e de criminalização dos movimentos sociais! Por isso
denunciamos: PF e “torturadores de toga” tirem as mãos de Cesare Battisti: Liberdade
para todos os presos políticos do Brasil!
A LBI participou ativamente da campanha política pela
libertação de Cesare, integrando o comitê paulista e cearense, por entender que
a prisão de militantes de esquerda, sob a alegação de qualquer pretexto
jurídico, representa um grave ataque ao pleno direito da livre expressão
ideológica da classe operária. Perseguido na Itália por sua militância
revolucionária no interior do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) nos anos
70, Cesare foi “caçado” na França, México e por fim preso no Brasil em 2007.
Após uma longa batalha judicial e disputa política, o STF ratificou o asilo
político concedido a Cesare, colocando-o em liberdade. Sob a
acusação de ter cometido crimes “hediondos”, o governo italiano empreendeu uma
verdadeira campanha difamatória de “massas” contra Cesare, que desgraçadamente
envolveu até a própria esquerda italiana, incluindo neste campo reacionário o
revisionismo do trotsquismo, investida que volta com força no governo golpista de Temer. Para os
marxistas leninistas, a luta para livrar Cesare do cárcere brasileiro possuía
um caráter democrático e incondicional, ou seja, era absolutamente independente
das atuais posições programáticas assumidas pelo ex-militante do PAC, que
anunciou sua renúncia à revolução e à luta armada. Sabemos que as atuais
posições de Cesare encontram eco na maioria da “esquerda” democratizante, que
abriu mão do arsenal teórico do leninismo em troca de “teorias” mais palatáveis
à academia burguesa. Ainda assim, diante dessa nova investida contra sua
liberdade, a tarefa da defesa de Battisti coloca-se novamente vigente, exigindo
da esquerda revolucionária uma firme posição diante do movimento de massas, em
particular as mobilizações de rua que devem levantar a bandeira
internacionalista do fim da perseguição política ao conjunto de militantes de
esquerda no Brasil!