quarta-feira, 4 de outubro de 2017

POLÍCIA FEDERAL E “TORTURADORES DE TOGA” TIREM AS MÃOS DE CESARE BATTISTI: LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS POLÍTICOS DO BRASIL!


Cesare Battisti foi preso nesta quarta-feira (04.10) pela Polícia Federal, em Corumbá (MS), sob a cínica acusação de “suspeita de evasão de divisas”. O pretexto ridículo ocorreu quando ele tentou atravessar a fronteira do Brasil com a Bolívia. Segundo a Polícia Federal, ele possuía US$ 5 mil (o equivalente na cotação atual a R$ 15,6 mil) e € 2 mil (o que representa R$ 7,3 mil). De acordo com a Receita Federal, qualquer pessoa que esteja cruzando a fronteira do Brasil com mais de R$ 10 mil em espécie, seja em moeda nacional ou estrangeira, precisa fazer uma declaração chamada "Bens de Viajantes". Em resumo enquanto as quadrilhas burguesas enviam milhões de dólares aos paraísos fiscais e traficam toneladas de cocaína em helicópteros e aviões, o escritor italiano é acusado de “evasão de divisas” por cruzar a fronteira com “merrecas”! Na verdade a prisão é parte de um fustigamento contra Battisti. O governo italiano pediu que o golpista Temer revisse a decisão de lhe conceder refúgio político, tomada pelo governo Lula no final de 2010. O mais absurdo é que antes de ser detido na fronteira, Battisti foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na altura do km 600, no posto Guaicurus, na BR-262. Ele estava em um carro particular com outros dois passageiros quando ainda estava em território nacional mas não foi alertado que o porte da quantia poderia configurar irregularidade na fronteira. Em resumo, montou-se uma clara “armadilha fiscal” para o italiano, ex-militante do Proletários Armados para o Comunismo (PAC). Tanto foi assim que os policiais rodoviários federais comunicaram a Polícia Federal, que realizou o acompanhamento do veículo até a divisa entre entre o Brasil e a Bolívia, no posto de fiscalização Esdras, para então prender Cesare. Está em curso mais um ataque as liberdades democráticas no Brasil, a gênese de um regime de exceção que avança com a operação Lava Jato do fascistoide juiz Moro e do procurador pentecostal Deltan Dellagnol. Estes ao lado dos delegados da PF vem promovendo uma verdadeira perseguição política às lideranças de esquerdas e ativistas políticos, como vimos na nova pena contra José Dirceu, a prisão política de João Vacarri e recentemente no caso absurdo que levou ao suicídio do reitor afastado da UFSC! Desde a LBI que participou intensamente na campanha pela não extradição de Battisti em 2010, convocamos o conjunto das organizações políticas e sindicais a rechaçarem mais esta farsa policial-fiscal-jurídica contra o escritor italiano, tal investida se insere em uma conjuntura de ataques as liberdades democráticas e de criminalização dos movimentos sociais! Por isso denunciamos: PF e “torturadores de toga” tirem as mãos de Cesare Battisti: Liberdade para todos os presos políticos do Brasil!


A LBI participou ativamente da campanha política pela libertação de Cesare, integrando o comitê paulista e cearense, por entender que a prisão de militantes de esquerda, sob a alegação de qualquer pretexto jurídico, representa um grave ataque ao pleno direito da livre expressão ideológica da classe operária. Perseguido na Itália por sua militância revolucionária no interior do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) nos anos 70, Cesare foi “caçado” na França, México e por fim preso no Brasil em 2007. Após uma longa batalha judicial e disputa política, o STF ratificou o asilo político concedido a Cesare, colocando-o em liberdade. Sob a acusação de ter cometido crimes “hediondos”, o governo italiano empreendeu uma verdadeira campanha difamatória de “massas” contra Cesare, que desgraçadamente envolveu até a própria esquerda italiana, incluindo neste campo reacionário o revisionismo do trotsquismo, investida que volta com força no governo golpista de Temer. Para os marxistas leninistas, a luta para livrar Cesare do cárcere brasileiro possuía um caráter democrático e incondicional, ou seja, era absolutamente independente das atuais posições programáticas assumidas pelo ex-militante do PAC, que anunciou sua renúncia à revolução e à luta armada. Sabemos que as atuais posições de Cesare encontram eco na maioria da “esquerda” democratizante, que abriu mão do arsenal teórico do leninismo em troca de “teorias” mais palatáveis à academia burguesa. Ainda assim, diante dessa nova investida contra sua liberdade, a tarefa da defesa de Battisti coloca-se novamente vigente, exigindo da esquerda revolucionária uma firme posição diante do movimento de massas, em particular as mobilizações de rua que devem levantar a bandeira internacionalista do fim da perseguição política ao conjunto de militantes de esquerda no Brasil!