DELAÇÃO "PREMIADA" DE FUNARO: BURGUESIA NACIONAL
VOLTA A COGITAR CENÁRIO PÓS-TEMER COM RODRIGO MAIA NO PALÁCIO DO PLANALTO
A ampla divulgação midiática da delação "premiada"
do operador/doleiro Lúcio Funaro, pela via de um "vazamento" obtido
no portal da Câmara dos Deputados, colocou em evidência a possibilidade da
burguesia nacional ter novamente voltado a cogitar a troca de "gerente"
no Palácio do Planalto. A "bola da vez" seria o presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia, considerado até então um dos mais fiéis escudeiros
do golpista Temer. Maia que recusou a postulação de ocupar o Planalto quando da
primeira denúncia do Ministério Público contra Temer, apesar da clara
preferência política de um setor importante da burguesia nesta alternativa
diante da crise do regime, agora se movimenta ostensivamente para
"detonar" a anturragem peemedebista. O DEM, partido de Maia, tem sido
colocado de lado pelo pelo governo Temer na nova reacomodação partidária do
Congresso Nacional, no chamado "troca-troca" às vésperas de um ano
eleitoral o PMDB tem sufocado grande parte das legendas aliadas de menor
densidade parlamentar. Porém o episódio da divulgação dos vídeos de Lúcio
Funaro foi a gota d'água que faltava. Maia sabia que ao divulgar o conteúdo no
site da Câmara causaria indignação do outro lado e quando isso aconteceu, se
colocou como vítima e partiu para o conflito aberto. Rodrigo tem organizado
reuniões com adversários diretos de Temer no PMDB, com Renan Calheiros e Katia
Abreu debateu até um a composição global de um futuro ministério. A decisão de
Maia de se afastar da base do governo pode ainda ter um efeito colateral indesejável
para Temer e prejudicar Aécio Neves no Senado. Mas o elemento fundamental para
a saída do mafioso Temer do Planalto ainda passa bem longe dos bastidores do
Congresso, trata-se de uma possível deliberação tomada pelo "Conselho
Diretivo" das classes dominantes e não por meros conchavos parlamentares.
Neste ambiente atual a burguesia não encontrou um consenso definitivo sobre os
rumos da conjuntura nacional, principalmente acerca das opções preferenciais
para as eleições 2018, nem sequer há uma definição se Lula poderá voltar a ser
uma "aposta" para tentar fechar a crise de governabilidade aberta com
o golpe parlamentar que apeou Dilma do Planalto. O único consenso existente no
seio da burguesia é que o curso das reformas neoliberais e a famigerada operação
"Lava Jato" não podem ser paralisadas. Quanto ao "futuro"
da permanência de Temer, somente a luta de classes poderá definir, ou seja,
caso a governabilidade seja ameaçada diante de um aprofundamento da crise
política a burguesia nacional não hesitará em empossar Rodrigo Maia como mais
um "gerente" neoliberal de curta permanência. No plano de voo da
Frente Popular (PT, PCdoB e PCO) só existe o horizonte eleitoral e a sabotagem
das lutas em curso, no campo do PSOL a simulação aponta no mesmo norte político
e até a candidatura presidencial
"laranja" do deputado Chico Alencar foi trocada pelo desconhecido
Nildo Ouriques, agora o "ultra-laranja". A tarefa revolucionária de
impulsionar a ação direta das massas contra a brutal ofensiva reacionária da
direita e do capital, recai sobre os ombros da vanguarda classista e suas
organizações Leninistas, rumo a construção de uma alternativa de poder estatal
da classe operária e seus aliados históricos.