6 DE OUTUBRO DE 1973 – A GUERRA DO YOM KUPPUR: AS BURGUESIAS
ÁRABES LIDERADAS PELO EGITO E SÍRIA ATACAM ISRAEL... E DEPOIS RECUAM... PASSADOS 44 ANOS
SOMENTE OS REGIMES DO IRÃ E ASSAD, COM TODAS SUAS LIMITAÇÕES DE CLASSE, SE
MANTÉM COMO ADVERSÁRIOS DO ENCLAVE SIONISTA
A Guerra do Yom Kippur (feriado judaico) foi considerada por
muitos analistas em geopolítica como a "Quarta guerra
Árabe-Israelense". Ela se passou nos primeiros dias de outubro de 1973 e
pela primeira vez na "recente" história do enclave sionista os países
árabes (liderados pelo Egito e Síria) conseguiram inflingir uma espetacular derrota inicial a
Israel, gendarme "armado até os dentes" pelo imperialismo ianque. Os
regimes árabes na década de 60 e meados dos 70 atravessavam um período marcado
pelo "nacionalismo" liderado principalmente pelo presidente egípcio
Gamal Abdel Nasser, falecido no início de 1970. O chamado
"Pan-Arabismo" pregava a reunificação dos povos árabes em uma única
nação, influenciando a derrubada de vários governos servis ao imperialismo ianque
e europeu. Regimes como os do Iraque, Líbia, Jordânia, Síria etc... passaram a
seguir os "ideais" de Nasser e se tornaram alvos diretos da máquina
de guerra israelense e do próprio comando maior do Pentágono. Estes governos,
caracterizados pelos Marxistas como nacionalistas burgueses, adotavam uma
plataforma "terceiro mundista" (termo que se notabilizou no planeta
inteiro desde a África até a América), tentando demarcar um suposto campo entre
o capitalismo internacional e o socialismo real, representado na época pelo
bloco soviético. Entretanto o "sonho" Nasserista de fundar a União
das Repúblicas Árabes esbarrava na própria limitação do caráter de classe
burguês desta tentativa política, ou seja, a iniciativa estava calçada na
exploração e opressão do proletariado e das nacionalidades oprimidas, como a
Palestina em um caso concreto que permeava toda a região. Também no campo
militar os regimes nacionalistas árabes, o que em um sentido mais amplo incluía
algumas monarquias, repúblicas e ditaduras, acumulavam derrotas seguidas frente
ao gendarme de Israel tanto em função da franca inferioridade bélica como da
própria covardia política dos governos burgueses em mobilizar as massas para o
combate. Estes fatos trágicos para a luta anti-imperialista ocorreram nos
conflitos de 1948, logo após à "instalação" de Israel na região e
mais dramaticamente na guerra dos "Seis Dias" em 1967, quando o
sionismo impôs aos regimes nacionalistas árabes uma humilhante derrota,
"anexando" de uma única tacada os territórios do Sinai, Gaza, Golã e
Cisjordaniana tomados a força do Egito, Síria e Jordânia. O chamado
"Terceiro Mundo" árabe ainda que sofresse um duro cerco econômico e
militar do imperialismo, um aliado visceral de sua sucursal sionista,
recusava-se em selar um pacto político mais sólido com a antiga URSS, que
todavia era quem fornecia armamento aos governos adversários de Israel diante
do bloqueio ordenado pelos EUA. Porém em outubro 1973, após a morte de Nasser,
os governos "derrotistas" árabes (alcunha criada por Arafat para ironizar
a impotência do nacionalismo burguês em derrotar Israel) resolvem iniciar uma
grande operação militar "surpresa" que abriu a oportunidade de vencer
pela primeira vez a poderosa máquina de guerra do sionismo. Estamos falando da
Guerra do Yom Kippur, liderada por Sadat (sucessor de Nasser) e Hafez (pai de
Bashar Assad), quando as tropas sírias atacaram os baluartes dos Montes Golã
enquanto as forças do Egito atacavam as posições israelenses em volta do Canal
de Suez e da Península do Sinai. As tropas árabes infligiram graves perdas no
exército sionista israelense, até então considerado soberbamente como
"invencível". A capital da Síria, Damasco foi covardemente
bombardeada por caças F-5 em suas zonas civis, causando a morte de milhares de
cidadãos não alistados para a guerra, mas a mídia "murdochiana" na
época não derramou sequer nem uma "lágrima de crocodilo". A
contra-ofensiva militar de Israel somente se estabilizou uma semana após o
vexame de ter sido humilhada pelos "ditadores" Sadat e Hafez, que contaram
com o decisivo apoio da OLP na guerrilha da fronteira da Faixa de Gaza, o
comandante Arafat conhecia bem na pele o caráter repressivo dos governos
egípcio e sírio, porém sabia que o inimigo maior do povo palestino era
representado pelo enclave sionista, uma base estratégica de suporte dos planos
da pilhagem imperialista na região. Com o forte apoio logístico da OTAN, Israel
conseguiu retomar posições territoriais perdidas na ofensiva militar síria, por
sua vez a ONU e a própria URSS correram logo para negociar uma trégua na guerra
do Yom Kippur (o cessar fogo foi celebrado em 25 de outubro) temendo que o
impacto político da derrota preliminar sionista pudesse "contaminar"
a luta mundial de todos os povos oprimidos pelo imperialismo. Após a última
guerra contra Israel em 1973, Yom Kippur, os setores nacionalistas da burguesia
árabe passaram a admitir a existência de Israel pactuando um "acordo de
paz" diretamente com o imperialismo norte-americano. Contraditoriamente a
guerra do Yom Kippur foi a maior possibilidade aberta de se derrotar
militarmente o poderoso gendarme de Israel.
Passados 44 anos da guerra do Yom Kippur, quando os regimes
nacionalistas árabes se passaram para o lado do inimigo imperialista ou foram
derrubados pela ação direta da Casa Branca, como recentemente Kadafi na Líbia,
a Síria sobreviveu como um limitado entrave militar ao expansionismo sionista,
tendo o regime dos aiatolás no Irã como principal aliado na região. A
oligarquia atual dos Assad já não tem o arroubo anti-imperialista do falecido
Hafez, como desgraçadamente também foi docilmente convertida a heróica OLP dos
anos 70, mas nem por isso o sionismo pretendeu conceder-lhe um
"indulto", pelo simples fato de não ter se dobrado integralmente como
fez a oligarquia dos Hussein na Jordânia. A existência de uma aliança militar
entre Síria, Irã e o Hezbolah (Líbano) é algo que não pode ser tolerado por
Israel, como ainda não podem atacar o regime dos aiatolás temendo uma
represália nuclear, partiram para desmembrar o território sírio com a ajuda de
"rebeldes" sunitas e do ISIS. O passo seguinte do governo
nazisionista do Likud, caso se confirmasse a queda de Assad seria atacar o
Líbano e eliminar as forças do Hezbolah. Neste complexo tabuleiro do xadrez da
guerra, os Marxistas Revolucionários não podem se abster ou tampouco engrossar
o caldo do imperialismo, que sempre recorre ao apelo da "união sagrada dos
democratas de todo o mundo" contra as "tiranias ditatoriais" dos
países semicoloniais. Os grupos revisionistas (LIT, UIT, MAIS) vem apoiando
decisivamente a ofensiva sionista para derrubar Assad e desmembrar o território
sírio, alegando que o regime nacionalista não passa de uma "ditadura
sangrenta" e que estaria em curso no país uma "revolução", a
mesma conduta replicante que tiveram na Líbia. Com atuais "critérios
democráticos" desse arco revisionista utilizados no conflito em curso, os
Trotskistas teriam que ter apoiado a queda do "ditador" Hafez Assad
quando este foi bombardeado por Golda Meir, então primeira ministra de Israel
em 1973, com o aval criminoso do Partido Comunista israelense que adotou na
ocasião os mesmos "critérios" esgrimidos hoje pelos revisionistas, em
particular sua ala morenista. É importante registrar que o regime Assad sempre
contou com uma forte oposição interna, financiada pela CIA, desde que tomou o
poder no ano de 1970 em um golpe de Estado. Não temos a menor dúvida que o
nacionalismo burguês árabe não merece a menor confiança política do
proletariado mundial, foram muitas vezes cúmplices do sionismo quando atacaram
os palestinos da OLP na Jordânia e no Líbano ou mesmo o regime dos aiatolás
posteriormente a sequência da queda do Xá Reza Pahlevi. Porém os Leninistas
sobejamente sabem que o pior inimigo dos povos é o imperialismo, em sua
trincheira militar não há lugar para genuínos revolucionários. Esclarecemos que
os Marxistas Leninistas nunca nutrimos a menor simpatia política pelo regime da
oligarquia burguesa de Assad, porém declaramos abertamente e sem dissimulações
que temos um “lado” na guerra civil da Síria, o nosso campo é frontalmente
oposto aquele que o imperialismo e seus “amigos” apostam suas “fichas”. Impedir
que a OTAN abra um corredor militar desde a Síria, passando pelo Líbano, para
atacar o Irã, é neste momento a tarefa central da classe operária internacional
em seu combate revolucionário e anti-imperialista. No campo oposto, o “MAIS”, o
PSTU, a LIT e a UIT estão ao lado dos mercenários “rebeldes” terroristas e da
contrarrevolução, são adversários das nações atrasadas atacadas pelo imperialismo
e da política nos legada por Trotsky!