09 DE NOVEMBRO DE 1989 – DERRUBADA DO MURO DE BERLIM: O
INÍCIO DA CONTRARREVOLUÇÃO CAPITALISTA ABERTA COMEMORADA COMO UMA “VITÓRIA”
PELOS REVISIONISTAS DO TROTSKISMO!
Neste 09 de novembro completa-se os 28 anos da derrubada do
Muro de Berlim, acontecimento que consistiu em um derrota histórica do
proletariado responsável por abrir caminho para a ofensiva imperialista atual.
Hoje, o imperialismo se vale desta data para comemorar com toda empáfia e
cinismo o início da restauração capitalista do antigo Estado Operário alemão. A
mídia burguesa aproveita para espalhar por todos os cantos do planeta que a
Alemanha “unificada” depois de mais de duas décadas encontra-se livre do
totalitarismo stalinista, mergulhada em uma espécie de paraíso das liberdades
democráticas! A verdade é, no entanto, outra, completamente oposta. Os
trabalhadores da antiga Alemanha Oriental estão pagando um alto preço social
com o fim do Estado operário. Além disso, os países do Leste Europeu foram
incorporados em sua maioria a OTAN e hoje servem como como aliados do
imperialismo ianque e europeu em sua ofensiva contra a Rússia, como estamos
vendo na Ucrânia. Coincidentemente aqueles grupos revisionistas que há 28 anos
saudaram a queda do Muro de Berlim como um “acontecimento revolucionário” em
sua maioria perfilam-se entre os que apresentam as “revoluções made in CIA” nas
ex-repúblicas soviéticas como uma “vitória dos trabalhadores”. A queda do Muro
de Berlim e a destruição do Estado operário alemão como produto da
contrarrevolução, representaram uma profunda derrota para o proletariado
mundial, exatamente porque a derrubada da burocracia foi obra do imperialismo e
não parte da revolução política dirigida pelo proletariado. A derrubada do Muro
de Berlim marcou, por sua vez, o fim do Pacto de Varsóvia, o que levou a termo
a bipolarização política até então existente. O Muro, em outras palavras, era o
contraponto militar ao avanço da OTAN rumo ao Leste. A partir da restauração
capitalista da RDA e da URSS, o imperialismo teve a possibilidade de levar
adiante a sua brutal ofensiva militar sobre toda uma série de países que até
então estavam sob a influência soviética, o que abriu caminho para as agressões da OTAN sobre o Iraque, Afeganistão, Líbia assim como no incremento as provocações a Coreia do Norte e Venezuela.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, maio de 1945, Berlim
fora tomada, pela ofensiva do Exército Vermelho, das garras das tropas
nazistas. O exército soviético avançava rumo ao Ocidente, levando a cabo por onde
passava, mais especificamente os países do Leste europeu, a expropriação das
burguesias nacionais. O fato é que mesmo dirigida pela burocracia stalinista,
as expropriações significavam um fenômeno histórico extremamente progressivo
para os interesses da classe operária mundial. Com o advento da Guerra Fria, o
Muro de Berlim passa a significar militarmente a divisão entre as tropas
imperialistas da OTAN e as forças do Pacto de Varsóvia capitaneadas pelos
Estados operários burocratizados do Leste europeu e a URSS. O que estava em
jogo representava muito além de um conflito militar. Tratava-se da existência
de dois modos de produção diametralmente antagônicos: a economia planificada
burocraticamente da URSS e dos Estados operários deformados e o caos do mercado
capitalista. O fim da chamda “Guerra Fria, da “ameaça soviética” e do Pacto de
Varsóvia animaram os apetites imperialistas pelo domínio das riquezas do
planeta, multiplicaram-se guerras capitaneadas pela OTAN como a que destruiu a
Iugoslávia, o Afeganistão, Iraque, Líbia e a concentração de armas de
destruição em massa pelos EUA e seus aliados. Enquanto isto, organizações de
resistência antiimperialistas armadas como as guerrilhas iraquianas,
palestinas, libanesas ou afegãs não dispõem de qualquer apoio militar de outra
potência mundial como foram os caso, no passado, dos norte-coreanos e
vietnamitas.
Até o final dos anos 1990, os Estados operários
burocratizados representavam a expropriação da propriedade privada em um terço
do planeta. A restauração do capitalismo pôs à disposição do imperialismo novos
e colossais recursos que lhe permitem inclusive tirar o máximo de proveito das
próprias crises, ainda que em um quadro de maior decadência, enquanto os
agentes históricos capazes de sepultá-lo seguem confusos e na defensiva. Também
pudera, enquanto o stalinismo pavimentou o caminho da derrota as maiores
correntes trotskistas, que historicamente se proclamam uma alternativa política
a burocracia, capitularam vergonhosamente ao imperialismo, apresentando a
tragédia do fim dos Estados operários como “vitória histórica”. O balanço que os trabalhadores orientais
chegaram empiricamente a fazer desta década é diametralmente oposto às ilusões
democratizantes propagandeadas pelos centristas pequeno burgueses. A retomada
do caminho socialista para a humanidade através de uma nova ofensiva
revolucionária dos trabalhadores e a edificação de federações socialistas de
estados operários sob o método da genuína democracia soviética, pressupõe neste
momento a construção de um partido mundial da classe operária, ou seja, a
Quarta Internacional reconstruída, único instrumento capaz de apontar uma saída
progressista para conter a barbárie material e espiritual imposto pelo
imperialismo decadente.
Como exemplos da política revisionista temos não só a LIT
mas também o PCO. Causa Operária declarou que “A crise no Leste Europeu, na
URSS, na China, em Cuba e nos demais estados operários é produto da ação
independente das massas, ou seja, da revolução política do proletariado contra
a burocracia, efetiva ou potencial”! (“Uma ruptura sui generis”, Causa
Operária, 1995). Não satisfeita, deixou ainda mais claro no referido texto a
posição revisionista de sua corrente: “Estamos diante de um processo
revolucionário típico (ascenso e recomposição das organizações independentes da
classe operária, incapacidade da burocracia de manter a sua dominação de
maneira inalterada, dissolução do Estado), o qual, dialeticamente, somente pode
existir na forma da luta entre a revolução e a contrarrevolução. Em todos os
estados operários abriu-se uma etapa de revolução e contrarrevolução, isto é,
um período revolucionário. O fracasso da burocracia em levar adiante uma
transição controlada dá lugar a uma situação convulsiva na qual se inserem a
queda do Muro de Berlim e o golpe de agosto de 1991 na ex-URSS” (Idem). Como se
pode ler textualmente, Causa Operária saudou entusiasticamente a
contrarrevolução na URSS e na Alemanha Oriental (RDA), assim como estava
salivando como os morenistas para que os “ventos revolucionários” de então
também chegassem com força a Cuba e China! Passados 25 anos da queda do Muro de
Berlim, o PCO (espertamente valendo-se do esquecimento de setores de vanguarda)
publicou recentemente um artigo intitulado “Ucrânia: Qual a diferença com a
queda do Muro de Berlim?” (sítio PCO, 04/02/2014), onde promete uma “crítica a
matéria da LBI que afirma que a queda do Muro e as manifestações fascistas na
Ucrânia são expressão do mesmo processo”. O texto afirma que “Segundo a LBI, o
PCO teria mudado as posições na avaliação da Ucrânia em relação às posições
defendidas sobre a Queda do Muro de Berlin e o fim da União Soviética, quando
supostamente o PCO teria apoiado a restauração capitalista. Na Ucrânia, hoje,
estaria ocorrendo um aprofundamento do processo de restauração capitalista
contra a burocracia estalinista” (Idem), dando a entender que Causa Operária
nunca havia apoiado as “mobilizações” direitistas e pró-imperialistas que
levaram ao fim dos Estados operários e do stalinismo, impondo em seu lugar a
contrarrevolução capitalista e governos burgueses títeres da Casa Branca, como
foi Yeltsin na própria Rússia. Em um passe de mágica, o PCO parece ter se
“esquecido” que entre 1989 e 1991, como ocorre agora em Kiev, também estátuas
de Lênin foram derrubadas em praça pública, bandeiras vermelhas com o símbolo
da foice e martelo foram pisoteadas e queimadas por grupos fascistas e
manifestações de massas que exigiam a “unificação” com a Europa acabaram por
derrubar o Muro de Berlim. Na época Causa Operária se integrou a esta horda
reacionária em nome da “revolução”! Atualmente, quando os fascistas e
neonazistas na Ucrânia apoiados pela CIA conseguiram através de “manifestações
de massa” derrubar o governo pró-russo na Ucrânia para aprofundar a espoliação
do país pelo capital financeiro e as transnacionais, o PCO quer nos convencer
que estes acontecimentos não são expressão do mesmo processo
contrarrevolucionário!
Como nos ensinou Trotsky, os revolucionários não poderiam
hesitar, sob hipótese alguma, de que lado lutariam no confronto entre o
imperialismo e o Estado operário soviético. Apesar do stalinismo, estariam na
linha de frente defendendo as conquistas sociais do Estado operário contra o
imperialismo e, neste lado da trincheira, preparando as condições para a
derrubada revolucionária da casta stalinista que, com seus métodos burocráticos
de defesa do Estado operário não faria outra coisa senão preparar, em última
instância, a própria vitória do imperialismo. Um Estado operário, mesmo que
degenerado sob a direção da casta parasitária stalinista, engendra conquistas
sociais para o proletariado, advindas da expropriação da burguesia e da
instauração de uma economia socializada, ou seja, planificada não em função da
geração do lucro e da acumulação privada do capital. Trotsky, nestes países,
apontava a necessidade da realização de uma revolução política para livrar a
classe operária da planificação burocrática da economia, assim como do domínio
político do stalinismo, uma correia de transmissão do imperialismo no interior
do próprio Estado operário. Por isto mesmo, Trotsky procurava estabelecer o
conteúdo de classe das “movimentações antiburocráticas”, para determinar se
eram progressivas, ou seja, rumo à revolução política, ou reacionárias, em
direção à restauração capitalista, mesmo que inconscientemente. Ele próprio a
frente do Exército Vermelho teve que reprimir um levante dos operários
marinheiros de Kronstadt, que naquele momento, apesar dos reclamos
“antiburocráticos”, jogavam objetivamente no campo do enfraquecimento do Estado
operário soviético. Apoiar incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou
panaceias que tenham slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases
sociais de um Estado operário significa jogar objetivamente no campo da
contrarrevolução imperialista. 28 anos após a queda do Muro de Berlim esta
lição nos legada pelo “Velho” está mais viva do que nunca e a estamos aplicando
neste exato momento nos vivos combates e na luta contra o imperialismo!