segunda-feira, 6 de novembro de 2017

UM MÊS APÓS O MASSACRE DE LAS VEGAS, UMA SEMANA DEPOIS DO ATAQUE EM NOVA YORK, UMA NOVA TRAGÉDIA AGORA NO TEXAS: TERRORISMO DOMÉSTICO NOS EUA REFLETE UMA SOCIEDADE “DOENTE” QUE INCREMENTA A OFENSIVA IMPERIALISTA CONTRA OS POVOS!


Devin Kelley, o homem que matou 26 pessoas em uma igreja batista em Sutherland Springs, Texas, era um jovem militar desligado da Força Aérea norte-americana há pouco tempo. Ele serviu em uma base aérea em Hollomann, no Novo México, em 2010. As vítimas do ataque, que ainda não foram identificadas oficialmente, tinham idades entre 5 e 72 anos. Entre elas, estão uma mulher grávida, os três filhos e o sogro dela. A filha do pastor, de 14 anos, também morreu. Uma sociedade que envia mercenários ao mundo inteiro para matar, em nome dos negócios, não pode espantar-se com os massacres de seus adolescentes e suas crianças por seus próprios compatriotas. Após o massacre, o ritual de cinismo se repete: os políticos burgueses ianques, como Trump e Obama, falam em Deus, família e mandam hastear bandeiras a meio mastro. Vigílias à luz de velas se multiplicam e a indústria de entretenimento cancela eventos, enquanto os jornais e as TVs exploram o ocorrido. Psicólogos e sociólogos pequeno-burgueses são convocados para examinar o perfil do assassino, quase sempre um solitário homem branco, um jovem “desequilibrado” com antecendente de agressão contra a mulher e o filho. O que eles não dizem é que a principal responsável pelo massacre do Texas assim como todos os outros é a cultura belicista ianque, potenciada pela direita norte-americana e que tem o apoio social de um amplo setor da classe média, particularmente a que votou em Trump e sustenta do Tea Party.

Em Washington, a esmagadora maioria dos deputados que ocupa o Congresso tem suas campanhas bancadas pelas doações das empresas de armas, como parte do seu poderoso lobby. Os EUA têm tantos habitantes quanto armas de fogo em circulação – mais de 300 milhões. Essa realidade não faz nos opormos ao direito democrático de autodefesa diante do Estado burguês (a segunda emenda da Constituição norte-americana garante “o direito das pessoas manterem e carregarem armas”) e muito menos defender o monopólio das armas pela burguesia. Ao contrário, alertamos justamente que em uma sociedade capitalista decadente, alienada e agressiva como os EUA, os “efeitos” colaterais dessa bárbara realidade mostram justamente a necessidade de por um fim ao capitalismo pela via da violência revolucionária e da expropriação da burguesia de conjunto. Com a tragédia de Las Vegas e Texas, a campanha pelo fim da venda de todos os tipos de armas a civis ganha novamente força nos EUA, sendo apoiada por setores de “esquerda”. Mas o que está por trás desse “debate” não é nenhuma preocupação real como as verdadeiras raízes dos seguidos massacres em escolas, ou seja, a facistização da sociedade ianque, que se apoia em setores da classe média que apoia a perseguição a imigrantes e negros. O que um setor da burguesia norte-americana deseja é reforçar o seu controle sobre o comércio de armas e aumentar o aparato repressor sobre as massas proletárias. Os únicos beneficiados do “fim da venda de armas de fogo” em geral serão uma minoria da classe dominante que organiza exércitos paramilitares e os setores da classe média alta que usam as licenças de “clubes de tiro” para atacar os pobres nas ruas das metrópoles e assim como os grandes capitalistas que já contam com milícias privadas, através de empresas de segurança. A farsa em torno da tese de “desarmar a população para acabar com a violência” está voltada a garantir que o Estado burguês tenha para si o monopólio das armas para resguardar a propriedade privada dos meios de produção, enquanto a maioria da população estaria proibida de possuir armas e autodefender-se. Hoje, a defesa do direito democrático da autodefesa deve ser empunhada como uma bandeira central do proletariado, inclusive com a expropriação dos depósitos de armas das FFAA em um periodo revolucionário e de ascenso de massas, chamando a ruptura da hierarquia militar em favor dos explorados e o armamento popular contra os bandos fascistas que pupulam entre a pequena-buguesia ianque. Só neste sentido este direito tem um caráter progressivo.

Nos EUA, nas últimas décadas, têm sido comum as matanças coletivas em escolas e em lugares públicos perpetrados por jovens oriundos da classe média, cujas mais conhecidas foram a de Columbine em 1999, quando dois estudantes mataram a tiros 12 colegas e uma professora. Ou ainda em abril de 2007, outro jovem atira e mata 32 pessoas e fere 15 em uma universidade na Virgínia. Os exemplos podem chegar a 60...  Mas basta citarmos estes apenas para se ter uma ideia acerca das razões político-sociais que levam a estes massacres. No caso de Columbine, não por coincidência, a OTAN a serviço do Pentágono bombardeava a Iugoslávia durante a Guerra do Kosovo exterminando milhares de vidas. Em 2007 a corrida guerreirista de Bush manchava de sangue as ruas de Gaza, Bagdá, Afeganistão, perseguia as Farc etc. Agora estamos no meio das ameaças de Trump à Coreira do Norte ou o apoio a intervenção militar a Venezuela. Não por acaso há uma semana houve o ataque a Nova York reivindicado pelo Estado Islâmico. Os ataques de claro conteúdo fascista estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo norte-americano. A tragédia do Texas é a expressão mais acabada do estancamento das forças produtivas impostas pelo capitalismo. Como não há um contraponto revolucionário a esta degradação, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante, ao contrário do que asseveram os “catastrofistas” do revisionismo trotskista, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie.


Estamos vendo a volta com força do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor a essa escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao lado dos mortos do Texas estão os cadáveres de mais de 200 mil líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN ou as vítimas dos mercenários “rebeldes” na Síria, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às crianças norte-americanas. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.