GOLPE MILITAR CONTRA MUGABE NO ZIMBÁBWE ESTÁ A SERVIÇO DA
DOMINAÇÃO DO IMPERIALISMO ANGLO-IANQUE NO CONTINENTE AFRICANO
O alto comando das Forças Armadas anunciaram nesta
quarta-feira (15/11) terem assumido o controle do Zimbábwe e posto sob custódia
o presidente Robert Mugabe, um dos mais longevos chefes de Estado do mundo, a
frente do governo há três décadas, em um claro golpe militar. Veículos militares
espalhados pela capital Harare, soldados no controle da TV estatal e um general
divulgando um comunicado sobre a situação são a prova evidente do golpe. O
discurso na TV foi feito pelo major-general Sibusiso Moyo. Segundo ele, o
Exército assumiu o controle temporariamente para superar uma “crise política,
social e econômica grave. Temos como alvo criminosos no entorno dele [Mugabe],
que estão cometendo crimes que causam sofrimento social e econômico no país, a
fim de levá-los à Justiça. Uma vez que completamos nossa missão, esperamos um
retorno à normalidade”. Soldados e veículos blindados bloquearam o acesso ao
Parlamento e a outros edifícios governamentais. A intervenção militar expressa
a disputa pela sucessão de Mugabe, que tenta, no pleito de 2018, novamente uma
reeleição, rechaçada pela Inglaterra e os EUA. O representante militar exortou todas as forças de segurança a
cooperarem com o Exército. Provocações seriam respondidas adequadamente,
advertiu. Todos os soldados devem se apresentar imediatamente. Ao se dirigir ao
Judiciário, Moyo disse “As medidas tomadas são destinadas a assegurar que você
[a Justiça], como um ramo independente do Estado, possa exercer sua autoridade
independente – sem medo de ser desativada”. A situação ainda é difusa. A sede
presidencial em Harare e o Parlamento do Zimbábue estão inacessíveis e
controlados por soldados. O próprio Mugabe ainda não falou publicamente. De
acordo com testemunhas, houve pelo menos três grandes explosões na capital
Harare. Também foram ouvidos tiros. Um residente disse à agência de notícias
AFP que pouco depois das 2 horas da manhã (horário local) ter escutado o som de
30 a 40 tiros vindos da direção da residência de Mugabe. As embaixadas dos
Estados Unidos e do Reino Unido, assim como o Ministério das Relações
Exteriores da Alemanha, alertaram seus cidadãos no Zimbábue a terem cautela
devido à situação porém de forma alguma condenaram o golpe militar, ao contrário, o
apoiam de forma velada tentando livrar-se definitivamente do incômodo e
decadente dirigente nacionalista africano. A tensão no Zimbábwe se agravou
depois que o chefe militar, o general Constantino Chiwenga, ameaçou
publicamente o governo Mugabe, presidente do país desde 1987. Chiwenga afirmou
que o Exército estava pronto para "intervir" diante da crise no país.
Na semana passada, Mugabe destituiu seu vice-presidente Emmerson Mnangagwa, um
aliado do líder militar Chiwenga. Os dois combateram juntos com Mugabe contra o
regime de minoria branca na antiga Rodésia. Chiwenga criticou os planos de
Mugabe de demitir outros políticos da velha guarda. "Isso tem que
parar", exigiu o chefe do Exército. Ele também criticou que a situação
econômica do Zimbábwe não tenha melhorado por anos devido a entreveros internos
no partido governante União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica
(Zanu-PF). O partido governante disse na terça-feira que as observações de
Chiwenga são equivalentes à traição e ao incitamento à rebelião contra a ordem
constitucional. Segundo a imprensa local, os militares capturaram os ministros das
Finanças, Ignatius Chombo; o ministro da Educação Superior, Jonathan Moyo; e o
ministro de Obras Públicas e Habitação e comissário político a nível nacional
da ZANU-PF, Saviour Kasukuwere. Os três fariam parte do chamado grupo G40, uma
facção do partido que, segundo os analistas, procura expulsar aos veteranos da
guerra de independência – como o vice-presidente Mnangagwa – para abrir caminho
para sua esposa, Grace Mugabe. Mugabe é o chefe de Estado mais velho do mundo, mais longevo
da África e governa o Zimbábwe como presidente desde 1987 e primeiro-ministro
de 1980 até 1987. Ele nasceu a 21 de fevereiro de 1924, perto de Kutama, a
nordeste de Salisbury (agora Harare, a capital do Zimbábwe), no que era ainda
conhecido como o território da Rodésia. Antigo professor primário, com sete
graus universitários, Robert Mugabe começou por dar nas vistas depois de travar
uma sangrenta guerra de guerrilha contra os governantes coloniais brancos, que
o mantiveram preso durante 10 anos, acusado por ter feito o que foi considerado
um “discurso subversivo", em 1964. Saiu em liberdade decidido a abalar a
estrutura política da então Rodésia, apelando a uma onda de indignação popular
contra os governantes racistas. Já casado com Ghanaian Sally Hayfron, que foi a
sua primeira mulher (enviuvou em 1992), cruzou a fronteira para Moçambique e
daí liderou uma guerrilha de oposição ao governo de minoria branca, lutando
pela independência. A assinatura do acordo de paz de Lancaster House (em
Londres) permitiu-lhe regressar. Voltou como um herói, aclamado pela maioria
negra, tornando-se primeiro-ministro em 1980, já com o país independente e
recém-renomeado como Zimbábwe. O decrepito Mugabe de hoje, alvo de golpe
militar a serviço imperialismo, foi incapaz pela natureza de classe do
nacionalismo burguês no Zimbábue e no continente africano de levar de forma
consequente a luta contra o imperialismo, sendo agora apeado do governo pela
alta cúpula das FFAA, após décadas de relação conflituosa com as potências
capitalistas ocidentais, que atua sob as ordens de Washington e Londres. Sem
nutrir nenhuma simpatia pelo governo Mugabe que vem sistematicamente pactuando
com os antigos colonizadores brancos, os Marxistas Revolucionários rechaçam o
golpe militar em curso e conclamam o movimento de massas a lutar contra a
cúpula das FFAA, retomando o caminho do combate anti-imperialista que marcou as
heróicas lutas do povo negro neste país africano!