DO GOLPE “CONSTITUCIONAL” DE 2009 A MAIS UMA TENTATIVA DE
GOLPE “ELEITORAL” EM 2017: HONDURAS É PALCO DE UMA NOVA FRAUDE PARA IMPEDIR A
VITÓRIA DO CANDIDATO DA CENTRO-ESQUERDA BURGUESA, SALVADOR NASRALLA NA
“ALIANÇA” APOIADA POR MANUEL ZELAYA
As feridas do golpe “constitucional” cívico-militar contra o
presidente Manuel Zelaya, deposto em junho de 2009 pouco antes da realização de
um referendo para a mudança na Constituição do país que entre outros temas
abordaria a possibilidade da reeleição presidencial, estão mais abertas do que
nunca em Honduras. Os resultados oficiais das eleições presidenciais ocorridas
neste domingo, 26 de novembro, indicam um empate técnico entre as duas
principais candidaturas a presidência de Honduras, o neoliberal presidente Juan
Orlando Hernández e o representante da centro-esquerda burguesa Salvador
Nasralla, apoiado pelo ex-presidente Manuel Zelaya deposto em 2009. Ambos se
declararam vencedores das eleições de domingo. Essa realidade é expressão de
uma grotesca fraude eleitoral para impedir o candidato “Aliança” apoiado pelo
Partido Libre (Liberdade e Refundação) que Zelaya seja proclamado presidente. A
mafiosa cúpula do TSE claramente manipulou os resultados da apuração para
permitir que o candidato à reeleição Juan Orlando Hernández, do PN (Partido
Nacional) se declarasse antecipadamente eleito, tentando assim impor um fato
consumado. A longa espera alimenta as suspeitas sobre o órgão eleitoral que,
sob o argumento de aguardar para ter um maior número de votos apurados, tenta
fazer uma virada de mesa na apuração que índica uma pequena diferença em favor
de Nasralla que vem diminuindo com o passar dos dias. Os candidatos também
decidiram colocar mais pressão e ambos se declararam ganhadores mobilizando
seus seguidores. “Ganhamos as eleições, é o que dizem as pesquisas de boca de
urna”, disse o atual presidente, Juan Orlando Hernández. Ele concorreu à
reeleição graças a uma decisão tomada pela Corte Suprema em 2015 permitindo sua
candidatura, apesar dos protestos da oposição, que considera a medida inconstitucional.
No lado oposto, as imagens também eram de teatral alegria. “Houve fraude, não é
possível que haja seções onde temos zero votos”, protestou o candidato Salvador
Nasralla que se apresentou diante dos hondurenhos ao lado da esposa, a quem chamou
de “primeira-dama”. Segundo seus dados, ganhou por por uma diferença de mais de
100.000 votos. “É preciso ser descarado para fazer o que estão fazendo”, disse.
“Ganhamos as eleições. Temos mais votos que Juan Orlando Hernández. Em 2013, a
fraude contra Xiomara Castra esteve nas urnas, mas desta vez não se pode
ocultar”, denunciou o ex-presidente Manuel Zelaya, que disse ter tido acesso às
3.000 urnas apuradas. Apesar da fraude, o embaixador da França, integrante da
delegação de mais de 600 observadores internacionais coordenados pela famigerada OEA, endossou a limpeza do
processo e disse que a votação foi realizada com “calma” e “transparência”, o
que revela a posição do imperialismo de legitimar o “golpe eleitoral”. O
candidato Salvador Nasralla concorre pela Aliança de Oposição contra a
Ditadura. A coligação, que inclui o partido de Zelaya, Liberdade e Refundación
(Livre), foi formada após a decisão do supremo que permitiu a reeleição de Juan
Orlando. Pela mesma legenda concorre a uma vaga no Congresso a candidata Olivia
Zúñiga Cáceres, filha da ecologista Berta Cáceres, assassinada em março de
2016. Nasralla convocou protestos contra a “fraude eleitoral”. Aos Marxistas
Leninistas cabe mais uma vez a tarefa de denunciar a fraude desatada pelo
governo golpista, o TSE e o imperialismo, demonstrando que a oposição
democrática burguesa encabeçada por Salvador Nasralla, Zelaya e sua “Aliança”,
tragicamente colaboraram para a consolidação da estratégia da oligarquia
golpista e da Casa Branca, sabotando a reação operária em favor de negociações
sob os auspícios da Casa Branca. Para barrar efetivamente a fraude faz-se
necessário que os trabalhadores saiam às ruas para derrotar seus inimigos de
classe. Mas desgraçadamente não é esta a política de Zelaya e Salvador
Nasralla. A perspectiva revolucionária
passa fundamentalmente por construir uma alternativa de poder dos
trabalhadores, forjando no interior da vanguarda classista o embrião de um
autêntico partido revolucionário. Nesse combate, é necessário ter como
estratégia a defesa de um Governo Operário e Camponês em Honduras, única via
capaz de libertar o país da dependência econômica norte-americana, parido como
parte da luta pela revolução proletária mundial, que exproprie a burguesia em
todas as suas facetas e derrote o imperialismo no continente!