DIREÇÃO DAS FARC “CELEBRA” OS CINCO ANOS DA MORTE DO SEU
COMANDANTE MILITAR AFONSO CANO: APÓS
DEPOR AS ARMAS, PREGA A “CONCILIAÇÃO NACIONAL PELA VIA DA PAZ E DO BOM VIVER”
COM MANOEL SANTOS, O ALGOZ DO DIRIGENTE DA GUERRILHA COVARDEMENTE ASSASSINATO
No último dia 05 de novembro completou-se cinco anos do
assassinato do Comandante Militar das FARC, Afonso Cano, morto pelo Exército
Colombiano na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela em 2011, sob as ordens
do atual presidente Manoel Santos. Do período entre a morte de Afonso Cano até
hoje, as FARC evoluíram para a completa rendição política e militar, chegando
ao ponto de agora não só terem entregue as armas como se transformado em um
inofensivo e domesticado partido político que respeita integralmente as regras
da democracia burguesa na Colômbia. Triste forma de “celebrar” o combate heroico
de Cano e demais camaradas que morreram em combate ao chacal Santos, na verdade
renegando seu legado! Se naquela época denunciamos que Chávez ajudou Santos na
operação para eliminar Cano, agora pontuamos que o conjunto da esquerda
reformista mundial e os regimes castristas e o governo venezuelano (agora
presidido por Nicolás Maduro) foram os fiadores do pacto que levou as FARC a
completa capitulação. Vale recordar que naquele novembro de 2011 o facínora
presidente colombiano, Manoel Santos, hoje apresentado como um exemplo de
democrata pela direção das FARC, anunciou com júbilo o assassinato de Afonso
Cano, comandante militar da guerrilha. Em uma operação que empregou mais de mil
soldados do exército colombiano, o acampamento das FARC foi bombardeado e
depois cercado, sendo mortos além de Cano vários dirigentes da guerrilha. Ao
contrário de trilhar o caminho da resistência como o deixado por Cano ao morrer
lutando, a direção da guerrilha enveredou pelo rumo oposto, o da conciliação de
classes: “O Plenário ratificou o espírito de unidade do novo partido FORÇA
ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA DO COMUM e a necessidade de avançar para um governo
de transição e reconciliação nacional, que encerre o capítulo da violência
política e abra uma nova época, na qual germine a democracia plena através da
paz e do bom viver da sociedade colombiana”. Com esta plataforma reformista e
de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as armas e se
transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia.
O duro golpe contra as FARC que foi responsável pela morte de Afonso Cano e abriu caminho para cinco anos depois se concretizasse a rendição da guerrilha só foi possível devido às informações obtidas depois da detenção na fronteira com a Venezuela, em uma operação conjunta entre as forças de segurança do então governo Chávez e a polícia nacional colombiana, do guerrilheiro Miguel Ángel Ariñez, conhecido como “el médico”, responsável pela assistência médica ao comando central da guerrilha. Segundo o próprio diretor da Polícia Nacional colombiana, o general Óscar Naranjo, Miguel Ángel Ariñez foi capturado em agosto de 20111 na cidade fronteiriça de Cúcuta, depois de ter retornado a Colômbia pressionado pelas operações venezuelanas: “Este indivíduo saiu da Venezuela por pressão da busca que exerceu Venezuela, de maneira binacional” (Jornal espanhol Qué, 04/08/2011), destacando que “a normalização diplomática com o país vizinho tem possibilitado maiores coordenações de inteligência e um trabalho conjunto. O que estamos constatando é que a pressão binacional Venezuela-Colômbia está produzindo estes resultados, dada a instabilidade e os erros que estão cometendo os terroristas” (Idem). A macabra ação conjunta de caça aos dirigentes das FARC entre Chávez e Santos permitiu as informações sobre a localização do acampamento onde estava Afonso Cano e a vitória do operativo militar que levou a sua morte. Esta mesma “parceria” já havia capturado o jornalista da ANNCOL (Agência de Notícias Nova Colômbia), Joaquín Pérez Becerra, refugiado político há doze anos na Suécia, preso quando estava na Venezuela e entregue para o cárcere do narco-fascista Manuel Santos, assim como deteve Julián Conrado, dirigente da guerrilha, doente e encarcerado em condições sub-humanas pelo exército venezuelano.
O mais repugnante é que as mesmas correntes de esquerda que
hoje apoiam o acordo celebrado entre as FARC e Santos, como o PCB brasileiro,
na época denunciam o assassinato de Cano, mas não fizeram qualquer menção de
que a colaboração do governo Chávez foi fundamental para que o exército
colombiano alcançasse seu objetivo fatal. Da mesma forma agiram os revisionistas
do trotskismo, como a decomposta CMI de Alan Woods, que se calaram diante de
mais este verdadeiro crime que teve a participação direta do paladino do
“Socialismo do Século XXI” que tanto reverenciam. Estes grupos sequer
denunciaram que, ao mesmo tempo em que Chávez colaborava com o extermínio dos
militantes das FARC, cinicamente defendia que a guerrilha entregasse suas
armas, ou seja, pressionava para que as FARC se rendesse ao regime facistizante
colombiano comandado por Santos, o que desgraçadamente veio a se concretizar
agora, cinco anos depois. Na época, Chávez fez coro com este facínora, que ao
anunciar a morte de Afonso Cano deu um ultimato público às FARC: rendição ou
morte! Um exemplo claro do apoio a essa política canalha é o que defendeu o PC colombiano
em sua declaração após o assassinato de Cano: “É necessário insistir em saídas
humanitárias e pacíficas. O governo e as organizações insurgentes devem abrir
um espaço de diálogo para o acordo pela nova Colômbia em paz com democracia e
justiça social” (Sítio PCC, 05/11/2011).
O PCB do Brasil que apesar da verborragia vazia em defesa da
“revolução e do socialismo”, avalizou sem nenhuma delimitação crítica a
“transição democrática” das FARC, assim como capitula vergonhosamente ao PSOL
na trilha do eleitoralismo socialdemocrata da chamada “Frente de Esquerda”.
Segundo a saudação do PCB ao congresso das FARC que deliberou por esse programa
de colaboração de classes, “Desde o Brasil sempre estivemos na linha de frente
da solidariedade com os e as camaradas, que na época estavam em armas nas
montanhas e agora, neste novo momento, estão buscando os mesmos objetivos pela
via política... Os inimigos da paz e do progresso social tramam diariamente
para o fracasso dos acordos e buscam de maneira permanente criar condições para
retrocessos”. Como se observa, o congresso que incorporou as FARC ao regime da
democracia dos ricos está sendo comemorado pelo PCB e o conjunto da esquerda
mundial, além obviamente que recebe os aplausos da Casa Branca. Acertada a entrega
das armas pelas FARC e o plano de sua transformação em partido político
subordinado as regras da democracia burguesa, o imperialismo ianque felicitou
na época o governo colombiano por ter chegado a um acordo de cessar-fogo
definitivo com a guerrilha: “Apesar de persistirem os desafios, o anúncio
representa um importante avanço”. As “negociações de paz” com Santos e o
conjunto das medidas anunciadas pelas FARC foram sendo tomadas desde 2012 no
marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do
governo venezuelano e os irmãos Castro, comandantes da burocracia cubana, elas
não fortalecem a luta revolucionária na Colômbia e no mundo, na verdade a
sabotam. A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na
onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que
afirmamos.
Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários
bolcheviques criticaram publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC
porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição
política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se aposta na via
da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como
prega Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. Em 2014, quando o
grosso da esquerda colombiana apoiou a reeleição de Santos já denunciávamos
essa posição vergonhosa do PCB. Naquele momento alertamos: “No Brasil, o PCB
integrou-se entusiasticamente a esta política vergonhosa de apoio aos ‘acordos
de paz’ levada a cabo pela direção das FARC, pela Marcha Patriótica e a
ex-senadora Piedad Córdoba, na verdade uma estratégia traçada por Santos para
garantir sua reeleição e voltada no fundo a eliminar a guerrilha. Tanto que na
‘Declaração pública da delegação da visita internacional de solidariedade pela
paz com justiça social na Colômbia” assinada pelo PCB em conjunto com outras
entidades internacionais e organizações no Brasil (inclusive o PCdoB!) se
afirma ‘Nós, como delegação da visita internacional de solidariedade pela paz
com justiça social na Colômbia, rogamos à institucionalidade colombiana, em
particular à Presidência da República, ao Gabinete Geral da Nação, à
Procuradoria Geral da Nação: Manter a mesa de diálogos de paz com as FARC-EP em
Havana, assim como abrir mesas similares com o ELN e o EPL. Garantir a
participação democrática direta e permanente das organizações sociais na
construção de acordos de paz. Decretar um cessar fogo bilateral como condição
necessária para avançar na consecução da paz com justiça social, assim como a
necessária inclusão do conjunto do movimento social e político colombiano nas
negociações. PELA PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL NA COLÔMBIA” (Sitio PCB, 07/05/2014).