segunda-feira, 23 de junho de 2014


Por que as "Jornadas de Junho" não se repetiram no ano da "Copa das empreiteiras" no Brasil?

Esta questão deve estar permeando a "cabeça" de toda a esquerda, desde os setores revisionistas de "oposição" ao governo Dilma, muito ansiosos por uma "catástrofe" eleitoral do PT, até as forças "chapa branca" temerosas de um avanço social antigovernista. A verdade é que há um ano do início do "estopim" de junho de 2013, quando o MPL levou milhares de jovens as ruas de São Paulo, o país em plena Copa do Mundo atravessa uma certa letargia, nem a empolgação popular por uma Copa onde o único legado será um imenso lucro para as empreiteiras (além é claro dos ganhos "imorais" da mafiosa FIFA) e tampouco a repetição das gigantescas mobilizações populares que cruzaram o Brasil de norte a sul exigindo o fim da precarização dos serviços essenciais do Estado burguês. É fato que inúmeras atividades de corajosos protestos contra a Copa se realizaram nas principais cidades do país, sofrendo uma brutal repressão policial patrocinada pelos governos estaduais e órgãos federais, porém a verdade deve ser afirmada sem pretender "tapar o sol com peneira", as mobilizações populares de hoje estão muito aquém da expectativa gerada, principalmente após o recente ascenso grevista que "contaminou" novas categorias sem grande "tradição" de lutas. O movimento "Não vai ter Copa" vinha ganhando "musculatura" social e tudo parecia apontar para que na semana da abertura da grande "festa" da FIFA multitudinários segmentos populares tomassem as ruas do país para denunciar a "farra" das empreiteiras e de grandes corporações capitalistas. Mas não foi a suposta "paixão nacional" pelo futebol que bloqueou o ímpeto popular contra Copa e sim a plataforma "mesquinha e eleitoreira" da "oposição de esquerda" (PSOL e PSTU), que inclusive provocou a derrota da greve dos metroviários, a responsável pela desconfiança da vanguarda juvenil e popular em embarcar de cabeça no movimento "Não vai ter Copa", um "biombo" político para potenciar as candidaturas do PSOL e PSTU nas próximas eleições de outubro.

Como diz o provérbio popular "os ratos são os primeiros que saltam quando o barco está afundando", e foi exatamente o que fez Randolfe Rodrigues renunciando a sua candidatura ao Planalto pelo PSOL. O motivo dado pelo senador para "pular do naufrágio" foi a falta de "apelo popular" para a bandeira "Não vai ter Copa". A lógica oportunista do PSOL para o movimento de massas se concentra unicamente nos "dividendos eleitorais" que poderá capitalizar com a conjuntura. Como os "ventos" começaram a "soprar" em outra direção, logo Randolfe e seus "colegas" da oposição Demo-Tucana retraíram dos ataques a Copa e passaram a torcer pela "vitória do Brasil". Agora a nova candidata do PSOL, Luciana Genro, fala demagogicamente em "traduzir o sentimento das ruas", também evitando qualquer crítica mais dura a realização da "farra" Copa, e principalmente omitindo o chamado para a mobilização popular neste período.

O PSTU por sua vez continua apoiando a convocação política para as mobilizações em curso, que apesar de reduzidas estão ocorrendo de forma bastante combativa. Porém foram os responsáveis diretos pelo principal fator político do refluxo do movimento, estamos falando da orientação abertamente reformista que imprimiram na greve dos metroviários em São Paulo. Quando a situação da greve impunha um chamado para a população participar ativamente do movimento "catraca livre", o que transformaria a paralisação em uma grande aliança de massas, os Morenistas seguiram o infeliz caminho do "pedido" para o governador Alckmin "liberar a catraca", o que obviamente jamais aconteceria. O resultado desta política ultra-rebaixada foi a contundente derrota política, seguida de uma onda de repressão que atingiu em cheio os metroviários e toda uma vanguarda de lutadores. Não "contente" com a derrota dos metroviários, o PSTU ainda se deu o "luxo" de dividir sectariamente o primeiro ato de protesto no dia da abertura da Copa no Itaquerão, justificando inclusive como legítima a repressão policial sofrida pelos "Black Blocs".


O movimento de massas reagiu de forma imediata a política das direções oportunistas, e sem um claro objetivo de luta não endossou a manobra da "Frente de Esquerda", que pretendia realizar uma "parceria" eleitoral com a oposição conservadora burguesa. Não podemos desconsiderar a latente revolta da popular com os "generosos" investimentos estatais direcionados para a realização dos megaeventos, enquanto os serviços públicos estão completamente sucateados e subordinados ao "ajuste" fiscal para o pagamento dos serviços da dívida. A tarefa dos comunistas revolucionários é justamente esclarecer para a população a "ponte" entre a "farra" das empreiteiras e o processo de acumulação capitalista concentrado nas oligarquias financeiras. Somente com uma outra política, rechaçando o cretinismo parlamentar e as "alianças" informais com o PSDB, será possível galvanizar as amplas massas novamente para as ruas, colocando as bandeiras socialistas como "carro chefe" do combate popular contra a corrupção estrutural (não meramente um fenômeno das "gerências" do PT ou do PSDB) do estado burguês.