sexta-feira, 18 de setembro de 2020

LULA VISITA RENAN NO HOSPITAL: SEM MÁSCARA EM DEFESA DA FRENTE AMPLA COM O MDB. PARECE QUE NÃO É SÓ BOLSONARO QUE DESPREZA AS ORIENTAÇÕES SANITÁRIAS DA OMS...

O senador Renan Calheiros (MDB/AL), também pai do governador do seu estado, Renan Filho, anunciou através de suas redes sociais, nesta quinta-feira (17/09) que recebeu uma visita do ex-presidente Lula no hospital Sírio-Libanês, onde está internado se recuperando de uma cirurgia. Ambos posaram abraçados para foto sem o uso de máscaras, equipamento absolutamente desnecessário para evitar a propagação da Covid-19, já que o próprio fabricante do melhor equipamento do mercado, a 3M, avisa que sua máscara não retém a penetração de vírus, especialmente os patógenos aerossólicos, como o coronavírus. Lula como uma das pessoas mais bem informadas do mundo, sabe que a ciência recomenda a utilização de máscaras para prevenção das bactérias e fungos, e que seu uso contínuo e desnecessário pode causar sérios problemas respiratórios e pulmonares para a humanidade, além de que como não são trocadas a cada duas horas pelos trabalhadores (mundo real!) potencializam a cultura de reprodução do vírus no nariz e boca das pessoas.

A incoerência de Lula começa justamente não porque ele descartou a utilização pessoal da sua máscara, e tampouco respeitou outra “regra de ouro” da OMS, o distanciamento social, mesmo com a convalescença pós-operatória de Renan. A cretinice de Lula reside no fato de sua enorme liderança política orientar as massas a se “trancar em casa”, evitando reuniões e assembleias (sindicatos da CUT estão fechados sob a justificativa da pandemia), rechaçando a mobilização de atos públicos contra o governo neofascista, e o que é pior ainda sabotando as lutas diretas que ousam “atropelar” a camisa de força política da OMS e seu apêndice a Frente Popular, como a greve em curso dos Correios.

Outro “tabu” quebrado por Lula em sua visita ao companheiro oligarca Calheiros do corrupto MDB, seria que agora o ex-presidente não estaria mais disposto a celebrar as antigas alianças com as legendas da burguesia, como as que construiu em mais de uma década de governos da Frente Popular de colaboração de classes. A ilusão criada pelo PCO e outros satélites internos e externos do PT, partia de um suposto tom “radical” proferido no discurso de Lula no último 7 de Setembro. Uma verdadeira falácia para qualquer pessoa atenta ao conteúdo da proposta de Lula em recriar um novo pacto social, agora rebatizado como “contrato social”, entre a falsa burguesia progressista e os trabalhadores. Porém a fase “combativa” de Lula não durou muito, se é que existiu algum dia, e o dirigente petista já se encontra em estágio avançado para costurar novamente os farrapos da antiga “base aliada”, em sua esmagadora maioria convertida ao golpismo.

Lula e o PT não mudaram e tampouco mudarão sua estratégia política de governar com a burguesia, mesmo tendo sido golpeado por ela, por uma razão bem simples a luz do marxismo: O PT tem sua natureza programática fincada na classe dominante, ou seja, é um dos partidos da burguesia nacional, sua ala esquerda mais precisamente. Por isso a compulsão política por voltar a reeditar o pacto social, na gerência do Estado capitalista. Aqui não se trata de uma questão de “lealdade ou traição”, o “DNA” político do PT nada tem a ver com a classe operária, da qual é a grande referência e que também controla a quase totalidade de suas entidades. Porém entre ser a grande referência político/eleitoral e pertencer organicamente a classe operária, tem uma diferença brutal que diz respeito a escolhas de estratégia e não simplesmente a conjuntura momentânea. O PT é um dos partidos do capital, sua existência política está a serviço de administrar seu Estado, tentando impulsionar sua agenda de neodesenvolvimento econômico, quando a situação do mercado mundial permite este tipo de gestão “progressista”.

Entretanto quando a crise de superprodução capitalista exige “queimar” parte das forças produtivas e o próprio excesso de títulos financeiros irreais (virtuais), a burguesia mundial estoura a “bolha de crédito” e vira as costas ao “progressismo”, antes tão decantando, lançando mão de regimes de força e exceção, sob o “olhar” impotente das Frentes Populares, ou de governos “nacionalistas”. Este é o caso do golpe parlamentar ocorrido no Brasil, onde o protagonista PT cedeu passivamente sua “cadeira” de gerência estatal para o neofascismo administrar a crise, com seus próprios métodos de extrema direita. Mas o sonho de voltar a governar para e com a burguesia não se dissipou para o PT, apesar de todas as trágicas lições que a história deixou, e que amargamente é o proletariado quem “paga a conta” da tragédia política, social e econômica que atravessa o Brasil.