segunda-feira, 28 de setembro de 2020

PCB NAS ELEIÇÕES: NA SENDA DA COLABORAÇÃO DE CLASSES COMO APÊNDICE DO PSOL EM ALIANÇA COM O ARCO BURGUÊS PT, REDE E PDT 

Caiu a máscara da política de colaboração de classes do PCB nestas eleições municipais. Se até 2018 o outrora “Partidão” era “apenas” um apêndice do PSOL e de seu programa socialdemocrata, quando embarcou acriticamente na candidatura presidencial de Boulos, agora deu um salto de qualidade em sua completa (re)integração a Frente Popular. Em várias cidades do país o PCB não apenas estará apoiando os candidatos a prefeito do PSOL em São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Porto Alegre, Fortaleza... como “avançou” em integrar coligações formadas além do PSOL por um arco burguês composto por PT, PCdoB, PSB, Rede e PDT! 

O PCB rompeu com o governo Lula em 2005 após a crise do “Mensalão”. Chegou a lançar candidato a presidente em 2010 e 2014 mas acabou nos braços do PSOL e agora nestas eleições municipais voltou a ser sombra também do PT, que tanto denunciou até um passado recente acusando-o de ser o “partido da traição”! Mas não parou por aí, o atual PCB integra inclusive coligações com a Rede, partido golpista de Marina Silva e o PDT do oligarca Ciro Gomes, demonstrando que voltou definitivamente para os braços da conciliação, descartando a tal “frente anticapitalista” que alegou defender até pouco tempo.

 

O PCB praticamente não divulga tais “feitos” da senda de conciliação de classes no site do partido, prefere tentar surfar na fama do youtuber Jones Manuel, que tem o camaleão ex-lavajatista Caetano Veloso como garoto propaganda. Não por acaso, o PCB afirma em manchete “Nosso partido tem orgulho do trabalho de divulgação do marxismo e das ideias revolucionárias feito por esse jovem intelectual. Cada vez mais, diante do avanço da extrema direita e da derrota política dos governos de conciliação de classe, a crítica revolucionária ganhará mais espaço entre a juventude e os trabalhadores”. Sem os mesmos holofotes, a direção nacional do PCB que celebra o “Marxismo” em dias de festa, avança no mundo real em sua política de ser uma dócil uma sublegenda do PSOL, passando inclusive a integrar as frente eleitorais com o PT e partidos burgueses para justamente conformar governos de conciliação de classes em nome do combate ao avanço da extrema direita, reeditando em nossos dias a velha política de Frente Popular do Stalinismo.

São os casos de Belém, Manaus e Florianópolis. Na capital paraense Edmilson Rodrigues, ex-prefeito por duas gestões burguesas, encabeça uma frente onde além do PSOL, conta com a participação do PT, PDT, PCdoB, Rede, PCB e UP. Por seu turno, em Florianópolis temos uma coligação ainda mais ampla. É a “Frente Democrática por Floripa”. A liderança é do PSOL, que tem o candidato a prefeito, Elson Pereira, e do PT, que indicou o candidato a vice, o vereador Lino Peres. Os partidos coligados são PSOL, PT, PC do B, PSB, PDT, Rede, UP e tem ainda o apoio “crítico” do PCB, UCB e dos prestistas do PCLCP.  Em Manaus, temos o exemplo mais escandaloso. A coligação PT, PSOL, Rede e PCB é encabeçada pelo deputado federal, José Ricardo (PT) e Marklize Siqueira (Psol), como sua vice. Seria essa a tal “frente de esquerda socialista” que o PCB tanto almeja? Registre-se que em 2017 dizia “Para o PCB, as eleições não são justas ou legítimas no quadro da dominação burguesa. A busca de governabilidade no interior desta ordem institucional, em alianças com a burguesia, só pode levar, como de fato ocorreu, à cooptação de segmentos populares ou a derrota daqueles que um dia foram ligados aos interesses da classe trabalhadora” (Comitê Central do PCB, Outubro de 2017). O que podemos dizer diante dessas denúncias... com a palavra, a militância do PCB!

Vejamos o que o PCB diz agora para justificar seu apoio “crítico” a ampla frente de centro-esquerda burguesa em Florianópolis “A não adesão à coligação se dá por conta da composição de partidos que representam em sua história e em seus programas a conservação do capitalismo, sempre dispostos a negociarem as pautas da classe trabalhadora de Florianópolis com o empresariado local para sua autoconstrução e por espaços no poder público. O reflexo desta tentativa de ampla unidade se expressa tanto nos posicionamentos públicos quanto no programa da Frente que se afastam de nossos princípios anticapitalistas, pelo poder popular e pelo socialismo. Consideramos também, como fator negativo, a forma como ocorreram as disputas entre posições no interior da Frente, com destaque para o debate sobre a candidatura a vice-prefeito. Entendemos que este processo não ocorreu de forma construtiva, refletindo apenas a disputa por hegemonia no campo progressista, ao invés de ser resultado da ampla construção de um programa que atenda às necessidades imediatas das trabalhadoras e trabalhadores de Florianópolis. Ainda assim, e independente de quem será o vice da Frente, vemos como necessária a manifestação de apoio crítico à candidatura de Elson Pereira.” (Eleições Florianópolis 2020 – A Posição do PCB, 14.09). Apesar de todo o malabarismo político, o apoio “crítico” do PCB em Florianópolis é um sim um apoio político a uma frente burguesa de colaboração de classes, tanto que o partido tem legalidade para lançar candidatura própria para denunciar essa orientação do PT, PSOL, PCdoB e demais partidos do capital mas opta disciplinadamente por chamar o voto nos embusteiros da aliança de centro-esquerda burguesa. 

O PCB ainda flerta com traços político-ideológicos baseados no Marxismo-Leninismo, porém sua demagogia classista e “comunista” completamente oca como a representada pelo youtuber Jones Manoel está a serviço de encobrir na prática sua política reformista burguesa e de colaboração de classes, que se expressam nas alianças com o PSOL, PT e o seu arco burguês, que não têm um programa de ruptura revolucionária com a ordem burguesa ao contrário são reféns do circo eleitoral fraudado da democracia dos ricos.