LÍBANO SOB A PRESSÃO IMPERIALISTA: MACRON VOLTA A BEIRUTE
PARA ENQUADRAR NOVO GOVERNO EM FORMAÇÃO
O presidente francês Emmanuel Macron retornou ao Líbano pela segunda vez em menos de um mês após as terríveis explosões que abalaram o porto de Beirute, e que ainda não foram esclarecidas suas causas reais. O imperialismo europeu pretende enquadrar o novo Gabinete recém formado, após a renúncia do anterior, na perspectiva de uma ruptura com o Hezbolah. Macron aportou pela primeira vez, em terras libanesas no dia 6 de agosto, dois dias depois da poderosa explosão que destruiu boa parte da capital Beirute. Na sequência da nova visita do presidente francês, recomeçaram as manifestações “coloridas” exigindo a renúncia do presidente Michel Aoun, que se recusa a estabelecer uma aproximação com o Estado sionista de Israel, uma das condições impostas pelo imperialismo europeu para “ajudar” o Líbano.
Depois de pousar em Beirute na última segunda-feira, 31 de agosto, Macron se encontrou na cidade costeira de Antelias, no norte do país com a atriz e cantora Fairuz (85 anos) uma das poucas figuras libanesas admiradas em todo o espectro religioso nacional. Oficialmente, o objetivo da visita do chefe de Estado francês era óbvio: garantir que estejam reunidas as condições para a formação de um novo governo capaz de cumprir as exigências essenciais impostas pelo imperialismo. Desde a explosão colossal, Paris vem liderando a “coleta financeira” global para projetos de reconstrução da capital, porém até o momento pouco mais de 200 milhões de dólares foi repassado ao governo do Líbano, na forma de novos empréstimos ou mesmo na rolagem da imensa dívida já acumulada ao longo de décadas.
Macron, declarou à imprensa local, que seu objetivo não é deixar o Líbano "nas mãos da vileza das potências regionais", uma clara alusão ao Irã, que vem garantindo a segurança militar do país, pela via do armamento do Hezbolah, diante das tentativas de ocupação do sul do país pelo Gerdame terrorista de Israel. O plano imperialista cinicamente declarado é controlar o processo político de “transformações” do país, em sintonia com as reacionárias “manifestações coloridas” que reivindicam uma ligação maior do Líbano com os EUA. Por sua vez a Casa Branca não esconde seu objetivo de estabelecer uma “cabeça de ponte” que garantisse seus interesses políticos e comerciais, não só no Mediterrâneo Oriental, fonte de novos e velhos conflitos, mas também no Oriente Médio, o epicentro de guerras contínuas contra regimes burgueses nacionalistas.
O veterano presidente Aoun, aliado do regime sírio de El Assad, declarou no domingo (30/08) que "somente um Estado Secular é capaz de proteger o pluralismo, preservando-o ao transformá-lo em verdadeira unidade." Até agora, Michel Aoun não cedeu às demandas do movimento de oposição pró imperialista, que exigem absurdamente a quebra da unidade nacional e a expulsão do país dos muçulmanos xiitas, o que necessariamente jogaria o já debilitado país em uma guerra civil e também “presa fácil” para uma nova invasão militar israelense.
A nomeação do pouco conhecido tecnocrata Mustafa Adib como novo Primeiro-Ministro, aceita pelo Hezbollah, representou apenas um pequeno intervalo na profunda crise política e econômica do Líbano. Não conterá a sanha dos setores reacionários que estão preparando novas “manifestações populares”, para potencializar uma chantagem financeira do imperialismo. A única saída realmente progressista para o Líbano, passa pela expropriação dos colonialistas, ou seja a parasitária burguesia maronita, unificando o país com os povos árabes e palestinos oprimidos pelo imperialismo e sionismo em toda a região do Oriente Médio e Magreb, na construção de uma Federação Socialista.