QUEDA DO PIB: RENTISMO FINANCEIRO É O GRANDE FIADOR DA PANDEMIA, ENQUANTO PRODUÇÃO INDUSTRIAL DESABA
Nesta terça-feira (01/09),o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou o resultado de queda de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no 2º trimestre, o péssimo resultado já era esperado em função das prévias anteriores. A partir deste resultado negativo, o país entrou em recessão técnica, com dois trimestres consecutivos de queda no PIB. O recuo em relação ao segundo trimestre de 2019 foi de 11,4%, conforme publicadopelo IBGE. Essa retração não foi um mero recuo estatístico, representa a queda histórica mais acentuada do PIB desde que o IBGE começou a calcular o PIB trimestral, em 1996, há 24 anos atrás. Até então a maior queda do PIB havia sido registrada em 2008, no grande crash financeiro, quando o quarto trimestre teve recuo no PIB de 3,9%. A diferença abissal entre as duas etapas históricas da crise cíclica e estrutural do modo de produção capitalista, reside no fato da hegemonia absoluta conquistada atualmente pelo capital financeiro na pandemia planejada(rentismo parasitário e especulativo)sobre a produção industrial, praticamente colocando os Estados nacionais como “apêndices administrativos” de seus negócios.
O mais revelador deste resultado trimestral do PIB, é que o cenário econômico nacional “catastrófico” não é apenas um reflexo do primeiro semestre de 2020, como tentou demostrar em vão o Ministro rentista neoliberal, Paulo Guedes, declarando que é apenas um “som de um passado distante”. O mais recente relatório de mercado do Banco Central, o Focus, aponta uma expectativa de queda de 5,28% no PIB no final de 2020.
Entre os segmentos econômicos, como já apontamos sistematicamente em nossas análises, a maior queda foi na indústria (-12,3%), seguida por serviços (-9,7%). Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional, obviamente que neste cálculo metodológico não entra o capital financeiro, volátil e na maioria das vezes apátrida, que não poderia ser considerado “brasileiro”, apesar de circular e se multiplicar em nosso território nacional.
Entretanto a aferição da drástica queda histórica do PIB no Brasil, não significou um “fenômeno nacional”, por razões óbvias, a pandemia global representou um “queima de ativos reais” no mundo capitalista. A pandemia foi na verdade um “acobertamento sanitário” da crise cíclica da superprodução capitalista, que necessitava diminuir o ritmo da produção global para não desvalorizar títulos financeiros, que ameaçavam virar “fumaça de papel queimado” como ocorreu na crise anterior das “subprime” ocorrida em 2008.
No ranking com 48 países, elaborado pela Austing Rating (uma agência internacional de rentistas), a queda do PIB brasileiro aparece na 22 colocação. A lista traz os resultados das maiores economias do mundo, e somente a China apresenta resultados positivos neste segundo trimestre de 2020. Os EUA ainda considerada a maior economia mundial, aparece apenas uma posição acima do Brasil, com uma retração de -9,10% no trimestre, enquanto a Alemanha teve um escore exatamente igual ao Brasil, -9,70%, contrastando com o gigante asiático com um resultado positivo de 11,5%. Em resumo é o prenúncio da falência econômica dos “titãs imperialistas” e o alvorecer hegemônico do antigo Estado Operário Chinês. É claro que este processo de “mudança de hegemonia” mundial ainda está em sua fase germinal, potencializado sem dúvida alguma pela pandemia do coronavírus (um acidente natural?), mas que terá, em um futuro não muito distante, uma dinâmica de guerras, não só as híbridas que já estão em pleno curso.