FIM DA LAVA JATO?... OU APENAS UM NOVO CAPÍTULO DO REGIME BONAPARTISTA DE EXCEÇÃO TENDO O STF (TUTELADO PELA REDE GLOBO) COMO ÁRBITRO DAS DISPUTAS INTERBURGUESAS
A saída de Deltan Dellagnol do comando da força-tarefa de procuradores da "República de Curitiba" e a anterior demissão do ex-Juiz Moro do cargo de Ministro da Justiça levaram muito ativistas a comemorar o “fim da Lava Jato”. De fato, depois de ter orquestrado o golpe parlamentar, prendido arbitrariamente Lula e facilitado a eleição fraudulenta do neofascista Bolsonaro, a operação jurídico-policial que assentou as bases do regime Bonapartista de exceção sob orientação do Departamento de Estado ianque deu lugar ao próprio STF que assumiu o papel de árbitro central das disputas interburguesas no âmbito do Judiciário.
A Rede Globo operou a mudança, tendo em vista a “anomalia” inicial de um juiz de primeira instância de Curitiba ter jurisdição nacional e trabalhar em conflito parcial com a chamada “Suprema Corte”. Com a chegada do neofascista Bolsonaro ao governo, o STF e a Famiglia Marinho agora são os verdadeiros comandantes do regime Bonapartista que se assenta no país, contando para isso com a cumplicidade do PT que aposta todas suas filchas que os togados da alta corte liberem Lula para concorrer nas eleições presidenciais de 2022. Enquanto isso, Bolsonaro vai aplicando a agenda neoliberal exigida pelos rentistas e o imperialismo, sempre sob a pressão e a ameaça da Globo e do Supremo.
A Famiglia Marinho aponta que o projeto do grosso da burguesia nativa é enquadrar Bolsonaro para este seguir a agenda neoliberal e não derrubá-lo, contrapondo-se a estapafúrdia tese alardeada recentemente pela esquerda reformista de que o neofascista estaria prestes a cair com os escândalos envolvendo sua familícia após a prisão de Fabrício Queiroz.
O significado das operaçãoes policias em curso representa os limites políticos que a burguesia nacional quer impor a Bolsonaro no marco da solidificação do regime do Bonapartismo judiciário iniciado com o golpe parlamentar sofrido pelo governo petista de Dilma Rousseff em 2016 no lastro da Operação Lava Jato. Tanto que em editorial recente de O Globo declarou-se que Bolsonaro deveria dedicar-se ao trabalho e não mais priorizar o seu “projeto autoritário”, ou seja, o Bonapartismo Judiciário concentrado agora no STF e não mas na anômala “República de Curitiba” ganhou força como árbitro do real poder burguês.
Lembramos que a “besta fera” do Bonapartismo judiciário está em conluio permanente com militares e rentistas neoliberais para promoverem a liquidação do patrimônio nacional e a supressão das conquistas históricas do proletariado brasileiro. Como nos definiu brilhantemente o velho Marx, o Bonapartismo emerge no impasse das classes dominantes, uma espécie de empate na correlação de forças sociais, catapultando um poder “acima” da disputa entre as frações burguesas. Em nosso caso concreto o Bonapartismo judiciário tem a “missão” de eliminar todas as barreiras legais para a penetração do capital internacional nos negócios e obras públicas do Estado Nacional, serão eliminadas todas as reservas de mercado para a atuação das transnacionais no país.
Trotsky ao analisar a realidade russa e de outros exemplos históricos nos deixa importantes lições para a intervenção atual na luta de classes. Por essa razão, apontamos mais uma vez que somente a ação direta e ativa das massas poderá encestar a derrubada cabal deste governo neofascista em seu conjunto, instaurando um novo regime político socialista emanado do poder revolucionário da classe operária, caso contrário o “Fora Bolsonaro” poderá desembocar em algo ainda mais reacionário e entreguista do que a gerência atual.
Os Marxistas Leninistas que combatem pela derrubada do governo neofascista, apontam claramente a arapuca da estratégia eleitoral, alertando ao movimento operário e popular que somente os métodos mais radicalizados da ação direta das massas e sem expectativa neste congresso golpista podem colocar abaixo Bolsonaro e toda a estrutura do regime.