quinta-feira, 10 de setembro de 2020

APÓS CEDER A ASSASSINOS FARDADOS, MOTIM POLICIAL CERCA RESIDÊNCIA DO PRESIDENTE ARGENTINO:NENHUM APOIO AOS POLICIAIS “REBELADOS”, NENHUMA CONFIANÇA EM ALBERTO FERNÁNDEZ!

Em seu terceiro dia de “protestos”, o reacionário motim policial da província de Buenos Aires, se intensificou nesta quarta-feira (09/09) quando se dirigiu em uma marcha a residência oficial do presidente argentino, Alberto Fernadéz. A“Quinta de Olivos” (nome da residência oficial) foi cercada por centenas de policiais armados, que exigiam aumento salarial. O”ativismo sindical” dos fardados, que bloqueiam as ruas com suas patrulhas armadas em uma demonstração de força, contrasta com a desorientação acovardada do governador provincial (estadual) Kirchnerista, Kicilof, que já anunciou oficialmente um aumento salarial aos amotinados, para disfarçar o que se anuncia como uma rendição total diante da extrema direita policial.

Um ponto fundamental nas “demandas” reacionárias dos policiais é a impunidade frente aos covardes crimes cometidos. Porta-vozes das forças de segurança indicaram que exigem o fim das transferências e represálias contra policiais acusados, processados ou mesmo já condenados pela justiça. Naturalmente, os uniformizados afirmam não ser "o bode expiatório" da política repressiva que surge das mais altas esferas do Estado capitalista. Os “comandantes” de Buenos Aires, cujo chefe imediato é o comissário Daniel Garcia, argumentam que estão “politicamente desprotegidos” pelo governo provincial, mesmo tendo como Secretário de Segurança da província, Sergio Berni,um protofascista de longa trajetória. Apesar do encobrimento dos “crimes oficiais” feito comumente pela Casa Rosada, a polícia amotinada exige “passe livre” para matar, principalmente os setores mais vulneráveis e oprimidos da Argentina.

Por sua vez o presidente Alberto Fernández demonstrando a impotência da burguesia frente a reação armada, prometeu que iniciará um diálogo com o setor miliciano, para:“Resolver o conflito e melhorar a renda dos policiais junto com o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof”. Fernández questionou apenas as formas do protesto: “Estamos preocupados em ver tantos patrulheiros que param de circular e deixar muitos cidadãos em uma situação indefesa”, afirmou o chefe de Estado cercado pelo movimento da extrema direita e acenando com um pedido que não interrompam de reprimir o povo. Fernández declarou ainda que a presença de polícias nas proximidades da Residência de Olivos "Gerou inquietação na sociedade", mas sublinhou que "A institucionalidade nunca esteve em perigo". Lembrou muito as declarações de Evo Morales, poucas semanas antes de ser destituído por um golpe de Estado, iniciado justamente no seio dos motins policiais contra seu governo.

A esquerda reformista da Argentina, se dividiu diante do reacionário movimento policial e de suas exigências econômicas e políticas. A maioria dos grupos revisionistas não sustentou o motim, PTS, PO, MAS, no entanto saíram a clamar na defesa do “regime democrático”, ou seja, segundo este setor revisionista, a Democracia dos Ricos estaria ameaçada. No entanto, em contradição aberta com esta caracterização, se negaram a convocar qualquer mobilização independente do movimento operário e popular para defenestrar a ofensiva dos golpistas. Na outra ponta do oportunismo, tendências Morenistas (PSTU) e os neomorenistas (Razão e Revolução) saíram no apoio descarado aos policiais assassinos da extrema direita.

Os Marxistas Leninistas que não depositaram um só alento político as reivindicações dos amotinados, da mesma forma não poderiam sair em defesa deste regime da democracia burguesa e seu impotente governo Kirchnerista. Chamamos sim, a organização da classe operária em comandos de bairros, para praticar sua própria auto-defesa armada, diante dos bandos policiais criminosos do Estado capitalista. Na medida que o proletariado detenha sua própria política de segurança, através de seus conselhos de base por moradia e local de trabalho, poderão intervir de forma revolucionária na crise do regime, derrotando qualquer ameaça de golpe fascista, em um mesmo processo de construção do seu próprio poder estatal.