Nesta quarta-feira (21), sob a direção da CUT, milhares de trabalhadores pararam o trânsito na Via Anchieta, que liga São Paulo à baixada santista. Amanhã, quinta-feira (22), a mobilização será na Avenida Paulista. A CUT, CTB e demais centrais sindicais governistas reivindicam a desoneração do pagamento de imposto de renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o que segundo estes sindicalistas “chapa branca” aumentaria o poder de compra dos trabalhadores, “fortalecendo o mercado interno”. No bojo político das reivindicações da atual jornada de mobilização está inclusa a defesa da “indústria nacional” e também a desoneração da folha de pagamento para as indústrias ligadas ao setor das exportações (política de renúncia fiscal do estado). Ao mesmo tempo em que organizavam as “marchas” nas ruas, as centrais pelegas se reuniam em Brasília com o ministro Mantega para buscar um “acordo”. Mas, parece que a equipe econômica palaciana, de inspiração neomonetarista, não deu muito ouvidos aos “lamentos” da burocracia sindical, prometendo criar por decreto uma comissão com “empresários e trabalhadores” para “estudar o caso”. As respostas de Mantega não agradaram muito as centrais presentes ao encontro, particularmente a CTB que acusou o ministro de “viver no mundo da lua”. Por isso, deve seguir adiante a tal jornada de “luta” pela eliminação da cobrança do imposto de renda no recebimento da PLR e por uma desoneração da folha de pagamentos para setores da indústria nacional, até que um “pacto tripartite” formal seja assinado.
O “programa nacional-desenvolvimentista” levado a cabo pelas direções sindicais, que incorpora a defesa da co-gestão das empresas capitalistas pelos trabalhadores, representa o abandono definitivo da perspectiva classista para o movimento operário. Patrões, segundo esta ótica reformista, são agora parceiros dos trabalhadores na defesa de uma indústria nacional, para preservar empregos “ameaçados” pela concorrência “predatória internacional”. Neste sentido, a luta por melhores salários e condições de trabalho cede terreno para a reivindicação da PLR e arapucas similares. É a celebração do pacto social por empresa, seguindo a mesma linha da política de colaboração de classes praticada pelas centrais “chapa branca” com o Estado burguês.
A CUT vem se apoiando nesta “jornada de mobilização patriótica” no fato da forte retração da indústria brasileira, principalmente nas áreas de produção de baixo valor agregado. O crescimento sofrível do PIB de 2011 revelou uma forte queda do setor fabril na composição geral do PIB brasileiro. Acontece que a maioria dos importantes projetos industriais da “era Lula” ainda não estão em funcionamento, levando a importação de bens de capital, como grandes máquinas, a assumirem uma fatia muito considerável do PIB nacional nestes últimos quatro anos. Quando as novas refinarias, siderúrgicas, estaleiros e até montadoras nacionais estiverem em pleno funcionamento em 2016, o movimento operário estará completamente atado a uma política de colaboração de classes (pacto social) com verniz de “nacional-desenvolvimentismo”.
A verdadeira luta contra a invasão imperialista ao nosso país, que tampouco se restringe à “questão industrial”, passa bem longe de estabelecer alianças com a covarde e impotente burguesia nacional, como pretende a CUT e partidos reformistas de “esquerda”. A chamada “agenda propositiva” das centrais pelegas significa uma verdadeira cortina de fumaça para auxiliar a burguesia em sua ofensiva para atacar direitos e conquistas históricas dos trabalhadores. Somente a estratégia da luta de classes e o programa da revolução socialista serão capazes de combater a submissão do país à lógica política do imperialismo e seus interesses econômicos e militares. O suposto ímpeto de “nacionalismo burguês” das burocracias sindicais tem, na verdade, cheiro de corrupção e integração ao Estado capitalista e seu regime bastardo.