Dilma, guerra cambial ou rendição incondicional aos barões do cassino global?
A presidente “poste” Dilma diante do cenário de afastamento temporário da figura mítica de Lula, no comando efetivo do leme estatal, vem tentando desenvolver um “estilo” próprio de nova liderança política, oscilando entre um pragmatismo tecnocrático (monetarista) e o velho populismo desenvolvimentista (associado ao capital internacional). Como um elo comum entre estes dois “eixos” de governo, Dilma elegeu a crítica econômica a chamada guerra cambial, ou o que ela apelidou de “tsunami monetário” provocado pelos países “desenvolvidos”. A nova “bandeira” midiática Dilmista não passa de mais uma farsa da frente popular, tomada emprestada do já conhecido estoque de jargões do “mestre” Lula, que no momento está impossibilitado fisicamente (agravamento do câncer) de reivindicar a paternidade desta “querela”.
Na verdade, a queixa de Dilma acerca da enxurrada de dólares que inundam o país, é o principal motor econômico do êxito dos governos petistas. Foi sob a base da fuga de capitais dos principais centros imperialistas em plena crise financeira de 2008, que o governo da frente popular construiu o mito de que Lula “salvou” o Brasil da quebradeira generalizada vivida nas economias dos EUA e Europa. Os capitais financeiros “alavancados” pelo cassino da especulação global procuraram um porto seguro em meio a tempestade torrencial que permeou o velho mundo. Os mercados dos chamados países “emergentes” se tornaram este “porto” seguro para o pânico que acometeu os rentistas internacionais diante do crash em Wall Street.
Em especial o Brasil foi beneficiário direto da fuga de capitais dos centros imperialistas em direção as semicolônias. Não somente as altas taxas de juros pagas pelo nosso tesouro atraiu os rentistas para “aplicarem” no Brasil, criando uma enorme “bolha” de crédito, mas fundamentalmente o estoque de nossa poupança interna era um bom termômetro de nossa saúde econômica. Também a capacidade ociosa de nosso parque industrial diante de um mercado de consumo interno em franca expansão foi um dos motivos de investimentos internacionais diretos no setor produtivo e de serviços, mais além da ótima rentabilidade dos pregões da Bovespa.
A valorização de nossa moeda nacional longe de significar um “desastre” econômico, como afirmam os comentaristas da mídia “murdochiana” a serviço dos agroexportadores, deveria sinalizar a potencialidade de um país atrasado em uma etapa de largo crescimento, afinal não é isto que defendem os apologistas do “nacional-desenvolvimentismo”? Acontece que em um “modelo” capitalista dependente e associado como o nosso, a valorização do Real significa prejuízo certo para nossa balança comercial. Portanto, o governo da frente popular tem que se “equilibrar” na corda bamba da necessária entrada de dólares para fomentar a incipiente indústria nacional e na “valorosa” pauta das exportações que beneficia diretamente as grandes oligarquias.
A “grita” da presidente Dilma concentra- se no temor de que já estando com a “burra cheia”, nossas reservas cambiais quase ultrapassam quatrocentos bilhões de dólares, os barões do cassino global resolvam “puxar o tapete” e iniciar um ataque especulativo ao país. Como estamos diante de um governo submisso a Wall Street, apesar da retórica protecionista, o máximo que a equipe econômica palaciana ousa fazer é aumentar timidamente as já reduzidas alíquotas fiscais para capitais mais voláteis de curtíssimo prazo. Enquanto isso, a “turma” das commodities (ligada ao Tio Sam) exige um Real subvalorizado para ganhar a concorrência das exportações com outras economias “emergentes”, ou seja, a outra “guerra” silenciosa.
A verdadeira guerra a qual o proletariado deve se empenhar em combater não é a cambial ou comercial, mas sim a guerra de classes, anti-imperialista e anticapitalista, a qual passa bem longe das intenções deste governo bastardo da frente popular. É o imperialismo o principal inimigo dos povos, que fomentando guerras de rapina, como no Iraque, Líbia e mais recentemente na Síria, ou planejando ataques financeiros às nações, ameaça conduzir a humanidade a completa barbárie social. Somente a organização socialista da produção, eliminando definitivamente o “deus” mercado e seus parasitas financeiros (global players), poderá apontar uma nova direção para o planeta, ameaçado pelas guerras imperiais e a devastação econômica das nações.