Ocupação e renda do trabalhador batem recorde histórico em uma década: é o novo “milagre brasileiro” engessando as lutas
O IBGE acaba de divulgar nesta quinta feira (22/03) uma pesquisa sobre as taxas de desemprego e a renda média do trabalhador brasileiro. A taxa de desemprego de fevereiro alcançou a variação de 5,7%, segundo dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desemprego é a menor para o mês em 10 anos, segundo a série histórica, apurada desde março de 2002. Já o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados (descontada a inflação) atingiu o nível mais alto da série histórica, com remuneração de R$ 1.699,70, subiu 1,2% em comparação com janeiro. Frente a fevereiro do ano passado, o poder de compra dos ocupados cresceu 4,4%. Os dados oficiais do IBGE correspondem quase que inteiramente com outra pesquisa “encomendada” pela iniciativa privada acerca do comportamento da “mobilidade social” verificada no Brasil na última década. Segundo esta pesquisa divulgada pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas:”Embora em ritmo menos acelerado, a classe C continuou a crescer no Brasil em 2011. A participação desse estrato social no total da população brasileira foi de 54% no ano passado”. Estas estatísticas se referem ao emprego e renda formais, portanto, deixam de fora um enorme parcela de “micro empreendedores” (para usar um termo cunhado pela frente popular), que ainda se encontram na informalidade. A chamada classe C, ou de “ascendentes” do proletariado registram uma forte expansão social, embora com um salário médio bem abaixo do próprio salário mínimo calculado pelo DIEESE. Se levarmos em conta que a maior mobilidade social ocorrida nos últimos cinco anos concentra-se fora do universo da “carteira assinada”, entenderemos um pouco o chamado novo “milagre brasileiro” e a enorme base social granjeada pelos governos da frente popular.
As estatísticas (oficiais e oficiosas) revelam claramente um país em forte expansão econômica, embora os salários permaneçam comprimidos, principalmente no setor público, em função de uma política draconiana do governo Dilma. Enquanto a equipe econômica do governo afirma que no orçamento federal não há espaço sequer para um reajuste mínimo dos salários do funcionalismo, Dilma anuncia fartamente a liberação de linhas de crédito para os “pequenos empreendedores” rurais e urbanos. Captando dinheiro a juros muito baixos no mercado financeiro internacional, o governo do PT promove a “farra” do crédito, para alavancar a economia nacional, em forte contraste com a dura crise dos países imperialistas. Neste cenário de “céu de brigadeiro” o Brasil mascara a miséria estrutural de milhões de cidadãos que estão fora do mercado de trabalho e tampouco podem “sonhar” com uma linha de crédito, que jamais será oferecida para este segmento social dos “excluídos”.
A conjuntura aberta no Brasil com o “novo milagre econômico”, impulsionado por um pacto social implícito, desorientou completamente a esquerda revisionista que em seu catastrofismo vulgar prognosticou em 2008 que iríamos atravessar a maior recessão de toda nossa história. Em lugar da recessão veio a expansão econômica com o crash financeiro mundial de 2008, catapultando a base política de apoio do PT e sua candidatura “poste” vitoriosa. Parece inacreditável, mas alguns psicóticos revisionistas (PCO, NN e afins) ainda insistem que estamos em plena recessão econômica e que o governo Dilma em total “crise" pode “cair” a qualquer momento, estes idiotas de “esquerda” também acreditam que Papai Noel é comunista porque suas vestes são vermelhas...
Muito longe de chegar ao “primeiro mundo”, ou tornar-se uma potência imperialista (mesmo que regional), a verdade é que a semicolônia brasileira atravessa um ciclo virtuoso de crescimento econômico, paradoxalmente associado a própria crise capitalista estrutural. Não será “tapando o sol com a peneira” que os genuínos marxistas buscarão encontrar uma alternativa revolucionária para a classe operária romper a “trégua social” que engessa as lutas, “trégua” esta imposta pelas direções sindicais e políticas corrompidas pelo Estado burguês e a falsa sensação do “consumo sem limite”. As classes dominantes pretendem que o proletariado brasileiro “comemore” um salário médio de 1.700 reais como uma “grande conquista” e para isto contam com a valiosa ajuda, tanto da esquerda “chapa branca”, como dos delirantes revisionistas que apenas contribuem para a desmoralização do surgimento de uma nova vanguarda classista em nosso país.