Ganhou enorme destaque nos noticiários a vinda do “Príncipe Harry” ao Brasil. Sua visita cumpriu uma agenda estratégica para divulgar a chamada campanha “Great” (marketing internacional em torno dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres 2012). Isto, no entanto, é apenas uma cortina de fumaça. Trata-se de uma demonstração da força econômica e militar do Reino Unido na América Latina em plena crise diplomática entre Argentina e Inglaterra na disputa das Ilhas Malvinas. Não por acaso, Harry foi reverenciado como um bom moço pela mídia “murdochiana”, mas já foi fotografado usando emblemas nazistas, além de ter sido treinado na sanguinária guerra imperialista contra o Afeganistão.
Como parte deste operativo de guerra, no início de fevereiro deste ano, o Príncipe Willam (o irmão mais velho de Harry), que serve a RAF britânica e foi escalado para fazer os exercícios de guerra da marinha inglesa em águas argentinas, aportou de um porta-aviões nas Malvinas, em uma clara provocação à Argentina, o que foi alvo de protestos no centro de Buenos Aires e em frente a embaixada da Grã-Bretanha. Já no Brasil, Harry foi recebido de braços abertos pela frente popular e seus aliados, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o governador do estado, Sérgio Cabral, em total subserviência aos ditames do imperialismo europeu. A tão propalada “unidade” latino-americana em defesa da soberania do continente vem demonstrando ser uma grande farsa, na medida em que o governo da frente popular nem sequer questionou formalmente a política colonialista inglesa que ocupa as Malvinas quando da visita do príncipe ao nosso país.Obviamente a esquerda revisionista, hoje franca aliada do imperialismo nos bombardeios da OTAN à Líbia e agora nos ataques à Síria, não esboçou qualquer reação à presença do emissário britânico ao país. Também pudera! Os grupos pseudotrotskistas que antes chamaram a unidade de ação com a ditadura Galtieri contra a agressão inglesa em 1982, agora estão ao lado das potências imperialistas contra as supostas “ditaduras sanguinárias”, anteriormente na Líbia e hoje na Síria. No máximo a “oposição de esquerda” como o PSTU, declarou que o “Harry não era bem vindo”, recusando mobilizar o ativismo em repúdio a sua visita ao morro carioca do Alemão. O PSTU chegou a acusar o “Príncipe” por “sua postura machista e racista” (12/03), como esta não fosse a expressão ideológica da dominação cultural, econômica e militar das nações atrasadas por parte das grandes potência capitalistas, ou seja, a investida neocolonialista que os morenistas apelidam de “revolução” no Oriente Médio.
Os estrategistas políticos da Casa Branca e do “Downing Street” seguem sem pestanejar a “diplomacia das bombas” nas últimas décadas, levada a cabo desde a Guerra das Malvinas, quando Margaret Thatcher ameaçou com armas nucleares a capital argentina, chegando a invasão do Afeganistão, Iraque, Líbia e agora Síria e futuramente Irã. A postura covarde do governo brasileiro de silenciar sobre as Malvinas em plena visita do representante britânico sinaliza que por trás dos arroubos nas reuniões do Mercosul, da Unasul ou da Celac, Dilma e o Itamaraty não passam de servos bem comportados das potências capitalistas, o que não é nenhuma surpresa dado o caráter burguês e pró-imperialista da frente popular hegemonizada pelo PT.