Como não conseguiu aprovar no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma resolução criando as condições para uma intervenção militar na Síria devido ao veto da Rússia e da China, o imperialismo ianque e seus aliados europeus estão pressionando o governo de Bashar Al-Assad a permitir acesso livre de missões da ONU ao país para supostamente entregar “ajuda humanitária às vítimas dos confrontos”. Por trás dessa cortina-de-fumaça, EUA, França e Inglaterra pretendem ampliar seu apoio logístico aos contrarrevolucionários agrupados em torno do CNS e do mal chamado Exército Livre da Síria, que foram derrotados em Homs e buscam se reposicionar em uma área próxima a fronteira com o Líbano, mas estão encurralados, pois o Hezbollah já enviou uma forte coluna de guerrilheiros para a região a fim de impedir esse deslocamento dos “rebeldes” pró-imperialistas.
A “chefe humanitária” da ONU, Valerie Amos, afirmou que “O governo sírio pediu mais tempo para avaliar o acordo que eu apresentei a eles. É realmente muito importante, na minha visão, que tenhamos acesso livre”. Não por acaso, ela deu essa declaração em Ancara, na Turquia, país que apoia ostensivamente os “rebeldes” pró-imperialistas. Fazendo claramente o jogo da Casa Branca, Amos relatou que ficou “chocada” com a destruição da cidade de Homs, onde se encontravam agrupados os mercenários da oposição de direita armada pelo imperialismo, Israel, o Catar e a Arábia Saudita além de contarem com o apoio de diversas milícias vindas da Líbia, oriundas de um campo de treinamento montado pela OTAN. Obviamente essa víbora não falou uma palavra sequer dos atentados destes grupos ao exército nacional sírio e muito menos sobre a colaboração de oficiais franceses e britânicos na desestabilização do regime da oligarquia Al-Assad. Descaradamente a “chefe humanitária” da ONU, logo depois de pressionar a Síria a aceitar o “acesso livre” para que o imperialismo preste “socorro” ao “rebeldes” pró-OTAN em fuga, se encontrou com o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, que conduziu uma reunião de chanceleres do grupo “Amigos da Síria” para organizar uma nova ofensiva política contra o país.Pressionado pela China e a Rússia, que vetaram a agressão militar via OTAN, porém buscam um acordo com a Casa Branca para uma “solução política” do conflito, o governo Sírio já aceitou uma missão de avaliação humanitária preliminar da ONU. Na verdade essa missão é formada por espiões civis a serviço da CIA, Mossad e M-16 para mapear as debilidades internas do exército nacional sírio visando uma nova ofensiva militar ainda no mês de março ou mais tardar abril. Como se vê, Rússia e China, pelo caráter de classe burguês de seus governos, são incapazes de levar adiante uma oposição consequente aos planos do imperialismo, buscando simplesmente preservar defensivamente suas zonas de influência na região. Não esqueçamos o exemplo líbio, onde em nome do suposto combate a “ditadura Kadaffi,” o imperialismo, com o aval da China e da Rússia que se abstiveram no Conselho de Segurança da ONU, bombardeou o país e agora está dividindo seu território para melhor explorar as reservas de petróleo da Líbia, como se comprova com a declaração de “autonomia regional” da zona oriental do país, onde se localiza Benghazi e se concentra até 66% dos poços de óleo cru líbio. Ao lado das potências imperialistas, a esquerda revisionista do trotskismo, como a LIT e seus satélites, apoiou a farsesca “revolução árabe” na Líbia e agora faz o mesmo na Síria alegando combater a “sangrenta ditadura de Assad”.
Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária as atuais direções burguesas que via de regra tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.